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FENAGRO

Artesãos viajam mais de 300 km para expor pela 1ª vez na Fenagro

Produtores compartilham histórias e legados das famílias durante a feira

Por Carla Melo

02/12/2024 - 14:53 h
Artesãos de várias cidades viajam para expor na Fenagro
Artesãos de várias cidades viajam para expor na Fenagro -

Ansiosos para expor seus produtos pela primeira vez na Feira Nacional de Agropecuária da Bahia (Fenagro), agricultores e produtores familiares enxergam nesta edição, a oportunidade de posicionar os seus produtos pensando no próximo ano. Juntos, eles carregam histórias e uma baita responsabilidade de carregar o legado familiar.

Rosemary Farias de Miranda é uma dessas histórias. Aos 52 anos, ela saiu de Caldas do Jorro, a cerca de 3h30 de Salvador, só para expor pela primeira vez na Fenagro. Com suas variedades de chapéus, bolsas e sandálias de couro, que é tradição de família, ela conta que sua história com os produtos começou quando ainda era pequena, vendo o seu pai produzindo os materiais de couro.

“As sandálias de couro já vem de geração. Meu pai nos criou fazendo sandália de couro e ensinou a profissão pra todos nós. Quando eu nasci, meu pai já produzia. Como na Caldas do Jorro não tem indústria para gente que tá trabalhando, a gente se criou fazendo sandália de couro”, disse a produtora.

Já adulta e no ramo da produção de couro, Rosemary não parou e começou a inovar os seus produtos. Quando soube do retorno da Fenagro, a artesão não perdeu a oportunidade de participar.

“Eu estou com uma expectativa muito grande. Inclusive, já mandei buscar até mais coisas (risos). Comecei a expor no sábado, que foi ligh. O pessoal vinha, olhava, perguntava. Mas não foi lá muita coisa, porque geralmente o primeiro dia é assim, mas no domingo foi porreta. Pra mim foi maravilhoso aqui. Até dia 8 tem muita coisa pra acontecer”, completou a produtora.

Mel diferentão

No mesmo estande, é possível visualizar de longe uma banca com potes que chegam a brilhar no sol. O doce mais querido, que é disputado por humanos e abelhas. Uma coisa, porém, chama a atenção: a variedade dos sabores que Neide Alves de Moraes e João Carlos conseguem dar a esse produto. Juntos, eles são responsáveis pelo Néctar da Caatinga (néctar da caatinga) e viajaram cerca de 330 km para também expor na Fenagro.

As opções são muitas e diferentes. É impossível sair apenas com um pote. Os visitantes podem escolher desde mel com pimenta, para usar em carnes até mel com manga, mel com cúrcuma e mel com mostarda para usar em saladas. Tudo produzido pelo casal, desde a criação de abelhas à produção do alimento.

Para fortalecer diversas cadeias produtivas, Neide faz questão de se unir a outras comunidades. Do pote de vidro, usado pensando para evitar contaminações, da colherzinha de pau que acompanha o pote de mel até o cordão retirado cuidadosamente de uma planta.

“Então esse projeto o acompanha nas comunidades onde tem rota da arara tanto o artesanato, quanto o alimento da Caatinga quando usamos a nossa manga. Nosso objetivo é aproveitar o nosso alimento que a gente tem. O alecrim que é da caatinga. Valorizando o nosso bioma tirando de forma consciente como a cúrcuma, também podendo ser usada como xarope medicinal. Não temos nada industrializado, nada de conservante, nada de sabor artificial”, explica a apicultura.

Artesanato em madeira

Dona Agenilza Lopes exibe com orgulho as peças de artesanato em madeira que ela mesma buscou na mata e produziu. Há seis anos, essa é a sessão terapêutica da artesã, que constrói desde luminárias a chaveiros, com peças de madeira. O diferencial? A vida que ela dá em suas artes, que são dignas de um Museu do Louvre, em Paris.

“Vou na mata, busco e faço. Algumas coisas eu não consigo achar tão fácil, mas uns tipos de madeira, eu reciclo quando as pessoas jogam fora. Limpo, pinto e faço artes. Dizem que meu avô fazia. Às vezes, a arte já aparece feita da natureza, só faço pouca coisa”, exibe ela uma luminária com patinhas de gato que achou na mata.

Ela também pretende fazer valer a pena a viagem de 2h51 e até o dia 8 de dezembro, quer aumentar as vendas de suas artes. “Quero vender mais, estou adorando a feira, e sempre divulgo minhas artes”, continua a artesã.

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