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GASTRONOMIA

Caboclo não come dendê

Por Raul Lody | atarde.com.br/gastronomia

02/07/2021 - 6:10 h
O caboclo traz a imagem do indígena, nativo da terra, o dono da terra, o brasileiro mais brasileiro | Foto: Jorge Sabino | Divulgação
O caboclo traz a imagem do indígena, nativo da terra, o dono da terra, o brasileiro mais brasileiro | Foto: Jorge Sabino | Divulgação -

“Meu pai é brasileiro

minha mãe é brasileira

o que eu sou

eu sou brasileiro”.

(Poesia popular do samba de caboclo, Bahia)

Na Bahia, o dia 2 de julho, o tão estimado “Dia do Caboclo”, traz memórias e temas referentes ao imaginário de um Brasil “verde e amarelo”, que são as cores do caboclo.

Este grande ancestral que se identifica com um Brasil livre é o símbolo da Independência da Bahia; e tudo isso ainda se relaciona com um sentimento de nacionalidade.

O caboclo traz a imagem do indígena, nativo da terra, o dono da terra, o brasileiro mais brasileiro. Estes são alguns dos indicadores para se organizar a construção mítica da imagem do caboclo. Com isso, reafirmam-se os imaginários de um sentimento etnográfico sobre os nossos indígenas, e mais ainda, as idealizações sobre a sua imagem.

Nesta maneira de entender quem é o caboclo, destaca-se o que ele come numa leitura mítica. Visto que, na Bahia, festejam-se e se cultuam os caboclos nos Candomblés de Caboclo, especialmente no Recôncavo.

Assim, o caboclo marca nas suas comidas um sentido idealizado de ingredientes que chegam das matas. Por isso, há muitas frutas, as nativas da terra, e outras, como a melancia que vem do continente africano; o coco que vem da Índia, e a banana que vem na Ásia.

Jurema, bebida ritual

“Minha cabacinha

que veio da minha aldeia

se não trouxer meu mel

Eu não piso em terra alheia”.

(Poesia popular do samba de caboclo, Bahia)

Nesses contextos de bases históricas e sociais, a comida traz muitas representações simbólicas que se integram a compreensão do que é “nativo”, e dentro disso há uma forte representação identitária brasileira, especialmente na Bahia.

Assim, valorizam-se as frutas tropicais, mas também o milho; e outros ingredientes naturais como o mel de abelha. Além disso, há as bebidas artesanais e, em destaque, a “jurema”, que é servida ritualmente para se celebrar os caboclos.

A jurema é uma bebida artesanal feita a partir do vinho moscatel, no qual se adicionam mel de abelha, cravo, canela, e a entrecasca da jurema-branca (Mimosa hostilis Benth), espécie botânica nativa. Esta bebida é servida em cuia ou meia-cabaça, com toda a cerimônia necessária para marcar o sentido religioso do caboclo.

Beber a jurema tem um sentido de inclusão, também de se contatar com o sagrado, de viver a aldeia do caboclo, de experimentar um sentido telúrico, tropical.

No cardápio ritual do caboclo está, ainda, a abóbora-moranga, vários tipos de melão; e tudo mais que possa significar uma natureza farta e generosa, pois tudo isso determina esse verdadeiro “terroir” da Bahia, ora na afirmação de uma biodiversidade, ora na construção de um sentido de terra brasileira.

Esses momentos de comensalidade se unem aos valores dos mitos nacionais, e as muitas interpretações religiosas das culturas africanas na Bahia. O pensamento religioso da Bahia traz os modelos etnoculturais dos povos africanos para fundamentar a formação dos rituais do caboclo, onde há uma busca permanente pela identidade sagrada.

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