PARA ESCOLHER
Cozinheiros apostam em sabores não convencionais de ovos de Páscoa
Uma das épocas mais doces do ano está chegando e a confeitaria soteropolitana está se inovando a cada dia
Para muitos, a Páscoa representa o amor e a união. Como em outras festividades que acontecem durante o ano, normalmente, as famílias se reúnem para o almoço da sexta-feira santa e no domingo degustam o ovo de chocolate, um dos principais símbolos da data comemorativa.
Mas por quê o ovo é considerado um dos principais símbolos da Páscoa? Não se sabe com precisão, mas especula-se que o ovo está associado à fertilidade e com o ciclo de renovação da vida. Por isso, por exemplo, os ovos de galinha se tornaram um item para presentear. Essa associação esteve presente entre os mais variados povos da antiguidade.
Na Pérsia, era comum as pessoas decorarem a mesa de jantar com ovos coloridos durante o Noruz - festival que celebrava a passagem de ano na cultura persa e ligada com o zoroastrismo, religião popular na Pérsia. Ainda não há nada concreto sobre a origem de presentear uns aos outros com ovo de páscoa na data comemorativa. No entanto, essa cultura se mantém viva.
Com o passar dos anos, essa iguaria tão famosa foi sendo reconfigurada. Hoje, é possível encontrar ovos de páscoa de todo tipo no mercado e nos últimos anos, os ovos artesanais fora do convencional ganharam a vez. Ovos de colher veganos, salgados, sem açúcar, de pudim, entre outras invenções foram criadas.
Por isso, o Portal A TARDE conversou com alguns cozinheiros responsáveis por várias receitas criativas que vão dominar o mercado de produção de ovo de páscoa caseiro esse ano. Confira a lista abaixo.
Ovo de Pudim (@falkaconfeitaria)
No catálogo de Páscoa da Falka Confeitaria tem uma variedade de sobremesas, principalmente de ovos. A proprietária Rebeca Falcão diz que o ovo de páscoa de pudim é “o mais procurado e o que chama mais atenção esse ano [2023]”.
No entanto, ela pondera que as vendas se equiparam com o sabor de caramelo salgado. Ela diz que até este domingo, 2, já foram vendidos 220 ovos de páscoa de pudim, que custam R$80, o de 250g e R$90, o de 350g.
Rebeca conta como surgiu a criação do ovo de Páscoa. “Um dos itens que mais vendemos é o copo da felicidade. Há mais de um ano lançamos o copo da felicidade no sabor pudim. Por causa do grande sucesso, recebemos muitos pedidos para que nesta Páscoa fizéssemos uma versão do copo em forma de ovo de páscoa”, diz a confeiteira.
O pudim leva uma calda de caramelo com textura fluída, que para ser usada no ovo de páscoa, é preciso ter muito mais cuidado em sua produção. Rebeca diz que o segredo é a técnica adotada.
“No início quando começamos a fazer o copo de pudim, algumas queimaram, mas é só ter atenção e utilizar as quantidades e temperatura térmica certa. Só colocamos a calda no ovo após esfriar. Desta forma o chocolate não derrete e também usamos o chocolate nobre, fazendo o processo de temperagem”, completou.
Ovo com Macarons (@jessicaazevedo_oficial)
Outro ovo de páscoa que tem chamado atenção no mercado da confeitaria é o sabor de macarons - biscoitos com um processo de produção delicado. Quem faz essa sobremesa com explosão de cores é Jéssica Azevedo, campeã do programa “Que Seja Doce”, do canal fechado GNT. O ovo tem camadas de recheio com macarons coloridos para decorar e custa R$ 138.
Antes mesmo de inovar com a criação do ovo, Jéssica diz que já produzia os macarons com venda na loja física, por encomenda e por delivery. Além disso, afirma que a produção dos ovos de Páscoa de macarons surgiu da necessidade de ter sempre um produto diferente para oferecer a seus clientes.
“O macaron é um produto atrativo por suas cores, diferente pela sua técnica e possibilidade de sabores. Usamos a criatividade para aliar uma mini-degustação de alguns sabores de macarons em um ovo de palha italiana no qual substituímos o biscoito maizena por bolachinhas de macaron”, diz a confeiteira. “O ovo de macaron tem sido um dos mais vendidos esse ano [2023], visto que a experiência se torna mais diferenciada e diversa”, acrescenta.
Os macarons são conhecidos como biscoitos franceses, mas foram criados na Itália. Sua origem é associada ao século XVI, em Veneza. É pronunciado como “macarrôn” e teve origem da palavra maccherone, que significa “massa fina”.
Os macarons são biscoitos conhecidos por ter uma textura úmida por dentro e crocante por fora. A iguaria tem como ingredientes base, o leite de amêndoas, a farinha, o açúcar de confeiteiro e a clara de ovos. No entanto, seu preparo não é tão simples como parece. Para não queimar e ter a textura perfeita, é necessário cuidado na hora de assar e manter a ventilação dentro do forno.
Ovo de Brownie (@ledolcedoceria)
O brownie é outro doce que tem feito sucesso nas confeitarias de Salvador e gerado várias encomendas para a Páscoa, principalmente na Le Dolce Confeitaria, criada pela estudante de Jornalismo Isis Cedraz.
A confeitaria aceita somente pedidos por encomenda. Com valor de R$ 60, o ovo de brownie de colher tem 420g e foi acrescentado no cardápio a partir de referências que a estudante diz sempre buscar ao inovar no menu para os clientes. Isis diz que esse doce foi feito para outra data comemorativa, mas que decidiu adaptar para a Páscoa.
“Eu tinha feito para a data dos namorados um coração de brownie, que basicamente usa a mesma casca do ovo. Então eu já tinha uma demanda de clientes que gostava do brownie, vi que era uma tendência da confeitaria na época e incluí no cardápio”. Ela diz ainda que há uma técnica mais habilidosa para produção do doce, que tem o chocolate derretido e manteiga como base.
“É preciso ter a temperatura baixa para derreter o chocolate, misturar inicialmente com a manteiga. É usado pouca farinha, pouco cacau em pó e o sabor e a cremosidade vem do chocolate e da manteiga”. O doce também tem o tempo determinado de validade de 5 dias.
Isis aponta que foi agregado outro produto ao ovo de páscoa de casca de brownie, sabor campeão de vendas. “O ovo de páscoa de brownie normalmente sai com mousse de ninho, um sabor novo que introduzi para o cardápio no ano passado [2022] e permaneceu, fazendo bastante o gosto dos clientes”, completou.
Ovos Pintados (@tchabidoces)
Na Tchabi Doces, comandada por Tamiris Chabi, os mini ovos coloridos são os mais vendidos para essa Páscoa. Segundo a confeiteira, esse ano já foram vendidos 160 ovinhos.
Com uma camada de casca de chocolate trufado, os ovinhos tem aproximadamente 75g e custam R$ 12 cada unidade. Eles são pintados a mão e tem um processo de produção cuidadoso.
“Todos os ovos são produzidos com chocolate nobre e pintados com corantes específicos para chocolate, o corante lipossolúvel. Utilizamos também brilho dourado para dar elegância aos ovos, também específico para alimentos”, completou.
Tamiris diz que a inspiração para criação da iguaria veio através de uma memória afetiva de “criança do interior”. “Trazendo essa referência, pensei em criar ovos coloridos de chocolate sob a mesma medida dos ovos de galinha”. Além disso, Tamiris diz que a ideia é mesclada também com a origem incerta dos ovos de páscoa. “Antes de se pensar na ideia de trocar os ovos de chocolate na Páscoa, a tradição girava em torno de ovos de galinha pintados a mão. Existia um costume de presentear os ovos coloridos entre os egípcios e persas”.
Ovos Veganos (@raveganaconfeitaria)
Para quem não consome nada de origem animal, como o leite, o ovo de Páscoa vegano é uma ótima opção. Na Ravegana é possível encontrar diversas opções no cardápio, desde ovos trufados até os de colher. O ovo trufado de maracujá, por exemplo, tem 350g e custa R$89.
Quanto ao preparo das guloseimas, Rachel, sócia criadora da marca, diz que a maior diferença dos ovos de páscoa veganos para os não-veganos são os produtos utilizados. “O processo de fabricação dos ovos veganos não é muito diferente dos convencionais, a diferença maior está nos ingredientes, muitos deles temos que fazer com o leite de castanha de caju, por isso leva mais tempo”.
Como forma de substituir os produtos de origem animal, são utilizados produtos vegetais. “Para substituição do leite, ovos e manteiga, que são as bases da confeitaria tradicional, usamos os leites vegetais, e gorduras vegetais, como óleo de coco e gordura de palma. Para os recheios usamos leite de castanha que é nossa principal base para fazer os brigadeiros”, afirma Rachel.
Ela diz que o maior desafio é trazer equilíbrio entre sabor e textura aos produtos veganos para pessoas que têm um paladar acostumado com produtos de origem animal. “O brigadeiro vegano nunca será igual ao de leite condensado e aí está o desafio. Fazer com que a opção vegetal seja agradável para quem consome”, pondera.
A Ravegana é uma confeitaria que tem em seu cardápio produtos 100% veganos, localizada na Rua Aurelino Silva, em Amaralina, funciona há 5 anos e nasceu da necessidade própria de conseguir encontrar opções de alimentos veganos que fossem bons como os convencionais.
“Queria ser vegana e percebi que não havia em Salvador opções que fossem além do estereótipo de vegano saudável. Quanto mais eu fazia os produtos, mais percebia que as pessoas eram carentes de fato dessas opções”, diz Rachel.
Ovo de Empada (@empadadobreno)
Para quem não é chocólatra e nem fã de doces, ainda é possível optar pela versão salgada do ovo de páscoa. No cardápio da Empada do Breno tem o “Empadovo”: uma empada em formato de ovo de páscoa ou um ovo de páscoa de empada? O que importa é que derrete na boca.
O salgado custa R$ 90 e tem aproximadamente 750g. Pode ser encontrado antes da Páscoa, durante e depois da data, mas esse ano, já está com as encomendas esgotadas.
Depois de insistência dos clientes, Breno da Empada, como é conhecido em Salvador, adaptou a receita da empada que derrete na boca para a versão de ovo. “Eu tentei ver uma maneira, mas não consegui encontrar uma forma de assar o produto. As pessoas encontraram uma forma de bolo, usada para fazer ovos de chocolate recheados de bolo. Eu comprei duas e comecei a produzir”.
Breno diz que não tem nada de muito diferente no processo de produção da massa do ovo de Páscoa, que é a mesma usada nas empadas menores. No entanto, o toque especial está no tipo de massa. Ele utiliza a “massa podre” para produção do salgado, receita criada especialmente por ele.
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