GUERRA EM ISRAEL
Combates intensos prosseguem em Gaza; Israel inunda túneis do Hamas
Países mediadores intensificam esforços para obter nova trégua
Por AFP
Khan Yunis, no sul de Gaza, é cenário nesta quarta-feira, 31, de combates violentos entre o Hamas e o Exército de Israel, que admitiu ter começado a inundar túneis do movimento islamista palestino, um dos grandes alvos táticos da guerra.
Os países mediadores intensificam os esforços para obter uma nova trégua, quase quatro meses após o início da guerra, em 7 de outubro.
Durante a noite, Khan Yunis, uma cidade praticamente destruída e que virou o epicentro da guerra, foi alvo de bombardeios e disparos de tanques.
O Ministério da Saúde do Hamas anunciou que 150 pessoas morreram nas últimas 24 horas em todo território.
Segundo o Exército israelense, 15 "terroristas" morreram na terça-feira em combates no norte da Faixa de Gaza e outros 10 no centro do território.
Israel admitiu na terça-feira que começou a inundar túneis cavados pelo Hamas em Gaza desde que o movimento tomou o poder, um labirinto de galerias que constituem uma armadilha para soldados israelenses e onde várias pessoas foram mantidas como reféns.
A extensa rede de túneis é uma obsessão para Israel, que justifica os bombardeios contra hospitais e outros edifícios civis por supostamente esconderem passagens subterrâneas.
Nesta quarta-feira, segundo testemunhas, tiros de artilharia atingiram o hospital Nasser de Khan Yunis, o maior do sul do território, que abriga milhares de refugiados.
"Abandonados à própria sorte"
"Abandonamos o hospital Nasser sem colchões, entre bombardeios e ataques aéreos. Não sabíamos para onde ir. Nós fomos abandonados à própria sorte", disse uma mulher que fugiu para Rafah, quase 20 quilômetros ao sul.
Na Faixa de Gaza, devastada e cercada por Israel, e que enfrenta uma grave crise humanitária, 1,7 milhão de palestinos fugiram de suas casas, segundo a ONU, de um total de 2,4 milhões de habitantes.
Com o avanço dos combates, muitas pessoas seguiram para o sul. Mais de 1,3 milhão de deslocados, segundo a ONU, estão aglomerados em Rafah, perto da fronteira fechada com o Egito.
As operações de ajuda aos civis da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) estão sob risco desde que Israel acusou vários funcionários do organismo de envolvimento no ataque de 7 de outubro.
Após as acusações, 13 países suspenderam o financiamento da UNRWA.
A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos do Hamas executaram um ataque sem precedentes em território israelense e mataram quase 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais divulgados pelas autoridades de Israel.
Como resposta, Israel prometeu "aniquilar" o grupo islamista e iniciou uma vasta operação militar que deixou 26.900 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007.
Reunião no Cairo
Ao mesmo tempo, representantes dos Estados Unidos, Egito e Catar tentam convencer Israel e Hamas a aceitarem uma nova trégua, após a pausa de uma semana do fim de novembro que permitiu a libertação de mais de 100 reféns em Gaza em troca de 240 detentos palestinos que estavam em penitenciárias israelenses.
No total, 250 pessoas foram sequestradas em 7 de outubro. As autoridades israelenses afirmam que 132 reféns permanecem retidos e acredita que 29 morreram.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que vive no Catar, viajará ao Cairo nesta quarta-feira, segundo uma fonte do movimento.
A delegação do Hamas deve ter uma reunião "com diretores do serviço inteligência egípcio", segundo a mesma fonte, para discutir a proposta de trégua apresentada em um encontro entre o diretor de inteligência dos Estados Unidos, William Burns, e autoridades do Egito, Israel e Catar.
O Hamas "insistirá no cessar total da agressão" israelense, "na retirada das forças de ocupação e no retorno dos deslocados ao norte da Faixa de Gaza", declarou a fonte, antes de destacar que o movimento descarta "qualquer proposta" de Israel sobre um "cessar-fogo parcial e temporário".
Israel não aceita um cessar-fogo antes da eliminação do Hamas, que considera uma organização terrorista.
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