VERÃO
Aluguel de imóvel por temporada tem reajuste de até 60%
Localidades do Litoral Norte e do sul do estado estão entre as mais valorizadas por turistas e baianos
Por Mariana Bamberg
Já é histórico no mercado imobiliário. Muito antes do início oficial do verão, já aquecem as buscas por casas de praia para o período entre festas de final de ano, férias de janeiro e Carnaval. Turistas e baianos começam uma espécie de corrida por imóveis nos circuitos carnavalescos de Salvador, em regiões como Barra do Jacuípe, Guarajuba e Praia do Forte, no Litoral Norte da Bahia, e até mesmo no sul do estado, como as praias de Caraíva e Trancoso. Neste ano, os interessados começaram a se mobilizar com cinco meses de antecedência e dobraram a demanda nas imobiliárias quando comparado ao mesmo período do ano passado. Mas os preços também esquentaram, com reajustes de até 60%. Para quem ainda não garantiu sua estadia neste período, vai ser preciso pressa e um orçamento mais generoso.
A família da enfermeira Márcia do Vale já encontrou a casa onde passará quatro dias, incluindo o Reveillon. O grupo sairá do Norte do estado para festejar o ano novo na praia de Barra do Jacuípe, em Camaçari. Esse movimento já faz parte do calendário oficial da família, mas neste ano os preços assustaram.
“Estão bem mais caras. O valor que pagamos neste ano por quatro dias foi o equivalente ao que pagávamos anteriormente para ficar pelo menos 20 dias em casas semelhantes”, conta Márcia.
Entre as prioridades do grupo, estavam a proximidade com o mar, piscina, garagem e, ao menos, quatro quartos, que é a quantidade de casais que estará presente. Mas, além da preocupação com o preço e com o atendimento às preferências da família, Márcia lembra que foi preciso também cuidado para não cair em um golpe. Eles chegaram a fazer buscas em imobiliárias e plataformas especializadas em aluguel por temporada, mas acabaram fechando o negócio diretamente com o proprietário.
“Para prevenir, fechamos com uma casa que um conhecido já havia ficado lá e conhecia a proprietária, visitamos o imóvel e fizemos um contrato com firma reconhecida e tudo”, afirma.
Especialista em locação por temporada, Luciano Braz não tem dúvidas de que esse é o tipo de locação mais arriscada tanto para o proprietário quanto para quem está alugando. O profissional, segundo ele, ajuda a diminuir esses riscos e a dor de cabeça. “Não é só o risco de não ter a estadia, mas imagine a família chegar e encontrar a casa sem água ou energia elétrica. O contrário também, imagine o proprietário receber o imóvel com algum prejuízo ou precisar ficar resolvendo essas demandas de água, energia”, cita o corretor.
Para Braz, este período entre festas de final de ano e Carnaval é sempre o de maior movimento em sua imobiliária. Comparado a outras épocas do ano, as buscas aumentam mais de cinco vezes, revela o corretor. No ano passado, ele chegou a fechar negócio com 37 imóveis neste intervalo. A demanda, no entanto, é diferente. Enquanto em dezembro, a preferência é por pacotes de cinco a sete dias incluindo Reveillon, em janeiro a demanda é pelo mês inteiro, já fevereiro o foco costuma ser os dias de Carnaval.
“Para o Ano Novo, já locamos 43 casas neste ano. Temos apenas mais duas disponíveis. Mas sempre vão surgindo. Muitos proprietários decidem ofertar agora porque estamos também em um período que costuma ser de reforma”, afirma.
Entre os locais mais buscados, o corretor cita as praias de Arembepe e Jauá como aquelas com o melhor custo benefício. É possível encontrar pacotes de três a cinco dias incluindo o Reveillon por R$ 4 mil. O corretor, no entanto, confirma a percepção de Márcia e sua família: antes da pandemia, os valores eram mais em conta. Existiam, segundo ele, opções deste mesmo pacote com preços a partir de R$ 2,5 mil.
O corretor Bruno Ramos também relata aumento nos preços e nas buscas, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Na imobiliária dele, a Cardoso Ramos, dobrou a demanda por imóveis na faixa do litoral que vai de Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas, até Praia do Forte, em Mata do São João. Para Bruno, a explicação para esse crescimento está relacionada tanto à ocupação dos hotéis da região quanto ao custo de viagens para fora. “Locar uma casa na praia acabou sendo mais vantajoso”, afirma.
E se Arembepe e Jauá são os favoritos entre os destinos mais em conta, para aqueles que querem imóveis de alto padrão e estrutura, as opções costumam ficar entre Praia do Forte, Guarajuba, Itacimirim e Imbassaí. Nessas regiões, é possível encontrar, segundo Bruno, diárias a partir de R$ 4 mil até R$ 10 mil.
“Gurajuba já tem um histórico antigo de infraestrutura, como restaurantes e condomínios, por isso a grande busca. Já Jacuípe, Itacimirim e Imbassaí têm um custo um pouco mais acessível porque a estrutura é mais recente”, pontua.
Apartamentos
Mas não são só casas que entram nesse movimento de busca de imóveis para uma temporada de verão. Bruno tem ainda opções de apartamentos em condomínios clubes, a 10 minutos das praias de Lauro de Freitas, com diárias de R$ 300 em média. Essas escolhas, segundo o corretor, costumam agradar famílias de um casal com filho.
“Aumentou muito a rentabilidade de locação por temporada. Antes da pandemia, alguns imóveis chegaram a ficar encalhados, mas agora temos empresas e plataformas específicas para isso, temos investimentos mais profissionais nessa área. Por isso que tem sido um segmento que se fortaleceu muito”, afirma Bruno.
Se para o período de festa de final de ano e janeiro os apartamentos não são os mais buscados, durante o Carnaval a corrida é por ele, principalmente os que estão localizados nos bairros do circuito da festa momesca, como Barra e Ondina. Faltando ainda três meses para a festa, na imobiliária Alugue Temporada Salvador 12 imóveis já foram negociados para o período e restam apenas outros cinco.
O corretor André Motta, dono da imobiliária, conta que para este período, a busca pelos imóveis já começa logo depois do Carnaval anterior e, neste ano, elas duplicaram quando comparadas ao ano passado. Mas os valores também aumentaram. O pacote de sete dias em um apartamento na Barra custava em 2022 cerca de R$ 15 mil, agora, passou para R$ 18 mil.
E é o valor, junto com a localização, o fator determinante na hora da escolha. Por isso, Motta, que usa as redes sociais e a plataforma Airbnb para ofertar seus imóveis, desenvolveu uma forma de pagamento parcelada. No aluguel por temporada, o locador costuma pagar 50% do valor na assinatura do contrato e o restante na entrega da chave. “Já no Airbnb, o locador paga antes e o proprietário recebe 24h após o check-in. Oferecemos a opção de parcelar mensalmente o valor até o mês da estadia. E temos também um atendimento com serviço de lavanderia, staff e até kit com cerveja, chinelo e camisa para o locador chegar no imóvel e aproveitar sem dor de cabeça”, explica.
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