DESIGN
Fotografias levam história e cultura para a decoração
As imagens expõem cores e texturas e despertam sentimentos e memórias afetivas, imprimindo a personalidade do morador no espaço
Por Laura Pita*

A fotografia é uma ferramenta poderosa de expressão e comunicação. Quando inserida na decoração, além de agregar estética aos lares, o olhar do fotógrafo se conecta com a história dos moradores. “O cliente quer algo que tenha relação com sua história e, ao mesmo tempo, fique esteticamente agradável em seu lar”, constata o fotógrafo Melo Bastos. “Como obra de arte e objeto de decoração, a fotografia traz vida, movimento, cor, desperta sentimentos e muitas vezes memórias afetivas”, completa o fotógrafo Guto Barros.

Na decoração, os quadros fotográficos têm a função de trazer a identidade para o espaço, como destacam os sócios arquitetos Raiza Santana e Rodrigo Dantas. “Quando projetamos espaços, sejam eles corporativos ou residenciais, costumamos dizer que transformamos histórias em ambientes incríveis. Muito além das especificações de materiais, cores e texturas, os quadros nos ajudam a trazer a personalidade do cliente ao espaço”. “Através da conexão com os gostos culturais dos usuários do ambiente, a fotografia traz identidade ao projeto”, afirma o arquiteto Augusto Senna.
Para escolher quais fotografias irão compor a sua casa, a médica Aline Donato leva em conta a conexão que cria ao ver a imagem e uma boa qualidade de impressão. “Me encanto por obras onde o autor busca transmitir uma mensagem ou uma emoção. Em geral, são fotografias realistas, que trazem pessoas, imagens que emanam vida, alegria e que também possam ter um toque de fé e espiritualidade”, explica. Já Thiago Pimenta, empresário do ramo de fotografia e gráfica, nasceu em São Paulo, mas busca transmitir na fotografia a paixão pela cidade que escolheu para morar, Salvador. “Como eu sou paulistano, mas moro aqui em Salvador, cidade que amo, eu gosto de transmitir nas fotografias da minha casa a baianidade. Além disso, eu moro em uma casa com a natureza presente, então acho legal fotos com um verde de fundo”.
Thiago ainda revela que entre os quadros preferidos da sua casa está uma imagem feita pelo fotógrafo Reinaldo Giarola. “É a foto de uma baiana segurando um Santo Antônio. Eu sou de 13 de junho, dia de Santo Antônio, então eu quis colocar essa obra na minha casa, porque me remete à Bahia e a essa miscigenação de raças, credos e religiões. Ela fica na escada, subindo para os quartos, afinal é uma imagem mais íntima para mim. Não é uma foto que vai agradar a todos. Sou católico, meio espírita, e a baiana com o colar de contas ainda remete ao candomblé”. Guto Barros, aproveita para destacar que é importante evitar opiniões alheias na hora de escolher as fotografias. “Vejo clientes que abrem votação em grupos de famílias e amigos para, no final, escolher algo que não se relaciona com a pessoa que vai adquirir o quadro e muito menos se adequa à estética do ambiente”.
O local onde o quadro ficará disposto também é uma decisão importante. “Priorizo utilizar fotografias nas áreas comuns da casa, onde a circulação é maior. Quando o cliente gosta muito da imagem eu levo para os demais cômodos”, explica Augusto Senna. “As fotografias podem estar em locais contemplativos como por exemplo próximos a poltronas na sala, no quarto sobre a cabeceira, ou mesmo em ambientes de transição como nas circulações e halls, deixando esses ambientes mais aconchegantes”, sugerem Raiza e Rodrigo. Para Aline,os locais preferidos para as fotografias de seu lar são os que apresentam uma visualização mais direta, iluminação adequada, com boa exposição da imagem e que a obra entre em harmonia com o ambiente.

Imagem e espaço
Para harmonizar a fotografia com a decoração, Raiza e Rodrigo indicam adequar o tamanho das fotografias com o espaço. “Existem paredes imensas com quadros pequenos, desvalorizando a obra. Outro detalhe importante é a altura, é fundamental que os quadros estejam sempre na altura dos olhos, nunca mais altos que a porta por exemplo, essa é uma excelente dica”. Para a composição, os sócios arquitetos sugerem ousar. “Podemos abusar de mais formatos, como quadrados, retângulos, imagens em preto e branco ou coloridas. O importante é compor o espaço, seguir um raciocínio de tema e ousar”. Augusto Senna ainda recomenda composições de quadros da mesma fotografia ou tema. “Assim fazemos painéis, que em algumas situações chegam a ser confundidos com janelas, principalmente quando trabalhamos com uma boa iluminação”.
É importante salientar que os quadros fotográficos exigem cuidados especiais. “Na fotografia você pode escolher tipos de papéis, tamanho, cor, molduras, entre outros elementos. O essencial é adquirir um trabalho com qualidade na sua produção e com garantia de que aquilo deve ser durável. Existe muita coisa barata no mercado para ser pendurada na parede, mas que não resiste a alguns meses e logo mancha ou desbota”, evidencia Guto Barros. “Quadro não deve pegar sol ou chuva, é feito para ambientes internos e sem excesso de umidade. E, antes de tudo, já que a ideia é vigorar no tempo, deve-se saber qual tipo de tinta e suporte de impressão que a fotografia será impressa. Muita gente que ir a uma gráfica e imprimir uma foto para levar na molduraria, mal sabem que em dois anos aquela foto já estará bem desbotada. Existem tintas e papéis para que, em ambientes internos, a gente parta para a próxima vida e os quadros ainda estejam aqui”, reitera Melo Bastos. Assim, com cuidado, as fotografias que, de acordo com Melo Bastos, são a “cereja do bolo” na decoração, podem ser uma herança cultural e de memória do lar.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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