EMPREENDIMENTOS
Mercado imobiliário de Salvador e RMS tem expansão acima da média
Lançamentos na região avançaram 12,5%, enquanto no País recuaram 16%
Por Mariana Bamberg
Com os três primeiros trimestres do ano marcados pelo relançamento do programa habitacional Minha Casa Minha Vida e quedas na taxa Selic, o ano de 2023, até aqui, foi de crescimento para o mercado imobiliário baiano. Uma pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica, a pedido da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-BA), apontou que, de janeiro a setembro, o número de empreendimentos em Salvador e Região Metropolitana (RMS) avançou 12,5% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
O valor geral de vendas (VGV) neste período também teve um crescimento de R$ 2,96 bilhões ou 42,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Esses indicadores colocam Salvador e RMS à frente da média nacional, que fechou o período com uma queda de 16% no número de lançamentos e uma redução de 3% nas vendas.
Esse crescimento já era esperado pelo mercado. Quem afirma isso é a sócia e coordenadora de projetos especiais na Brain, Tiziana Weber. Mas ela também defende que a Bahia respondeu mais rapidamente a essa expectativa. “O mercado de Salvador e região se mostrou mais resiliente em termos de lançamentos no início deste ano, apresentando uma recuperação em relação ao ano passado [...] Com a estabilização do novo governo e diminuição das taxas de juros, é esperado o aquecimento do mercado imobiliário como um todo e podemos afirmar que a Bahia apresentou essa resposta de maneira mais rápida do que as demais regiões”, avalia.
O presidente da Ademi, Cláudio Cunha, destaca nesta recuperação a participação das cidades da Região Metropolitana. “Percebemos, neste terceiro trimestre, o aumento de lançamentos nessa região, que vinha há quase cinco trimestres com lançamentos bastante reduzidos, e agora, na recuperação, foi responsável por 37,6% de todas as unidades lançadas em Salvador e RMS”, afirma.
De acordo com ele, 60% dessas unidades lançadas na região foram no padrão econômico, que podem se encaixar no Minha Casa Minha Vida (MCMV). O programa habitacional foi relançado neste ano e, no início do segundo semestre, passou por algumas mudanças, como a diminuição da taxa de juros aplicada, o aumento do subsídio e o maior prazo dado aos empréstimos. Cunha concorda que essas novas regras, assim como as quedas da taxa Selic, impactaram o mercado, mas, de acordo com ele, o maior reflexo foi visto durante o terceiro trimestre, principalmente nos lançamentos da Região Metropolitana.
A expectativa, tanto do presidente da Ademi quanto da coordenadora da Brain, é que essas mudanças façam ainda mais efeito neste último trimestre do ano. Este período, segundo estudos da própria empresa de inteligência e estratégia, historicamente apresenta aquecimento no mercado imobiliário.
Segmento de luxo
O mercado de luxo, com imóveis de R$ 1,5 milhão até R$ 3 milhões, também movimentou o mercado. Mesmo representando, junto com superluxo, apenas 2,8% do estoque de oferta, ele foi responsável por 17% do valor total de vendas registrado no ano. Já o padrão standard, com opções entre R$ 350 mil e R$ 700 mil, representou 22,9% do valor de vendas.
Os compactos, segundo o estudo da Ademi e da Brain, foram os destaques nos três primeiros trimestres do ano, tanto em Salvador quanto na Região Metropolitana. Eles representaram 22,35% do valor geral de vendas no período.
Na Alia Empreendimentos eles também foram destaques. A construtora teve neste ano dois lançamentos, totalizando quase 400 unidades. Um deles é o Spot Barra, com 69 apartamentos no modelo studio. De acordo com o sócio Zenilton Mira, 90% deles já estão vendidos. O outro empreendimento da construtora é o Biosphere Essence, com 46% das unidades já comercializadas. Na região da Avenida Paralela, ele também conta com estúdios, além de plantas de quarto-sala e dois quartos.
Mira enxerga uma mudança no perfil do consumidor. Para ele, as pessoas têm buscado, cada vez mais, morar perto de locais com facilidades na mobilidade urbana.
“Vejo isso como um caminho sem volta. As pessoas querem uma localização, por exemplo, perto do metrô ou do BRT, para economizar tempo e dinheiro. Com isso, elas abrem mão de espaços excessivos dentro da unidade, para ter espaços mais generosos nas áreas comuns e foco na mobilidade”, avalia.
Na Sertenge Engenharia, o ano contou com o lançamento da segunda fase do Seletto Salvador Norte, um empreendimento no bairro do Jardim das Margaridas. As 160 novas unidades foram lançadas no início de novembro e já têm cerca de 30% de vendas. Enquanto isso, a primeira fase já foi completamente comercializada.
Diretor da construtora, Eduardo Villa Nova acredita que os consumidores estão dispostos a fazer negócio. “Percebemos que a intenção de compra está voltando a patamares semelhantes ao de 2021, que apesar da pandemia, teve um ótimo desempenho para o mercado imobiliário. Estamos vendo essa recuperação na intenção de compra”, afirma.
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