TRABALHO
Setor da construção é o que mais emprega na Bahia
Toda a cadeia, incluindo o mercado imobiliário, responde por 31% de todos os postos de carteira assinada gerados no estado
Por Joana Lopes

Em 2024, a soteropolitana Jéssica Salles decidiu largar o emprego de cinco anos em um escritório de advocacia para se tornar corretora de imóveis. Ao pesquisar melhores opções no mercado de trabalho, considerou que esse setor é mais lucrativo. “É um mercado muito dinâmico, que oferece muitas oportunidades, mas que exige muita disciplina e determinação”, conta Jéssica, que hoje já tem uma carteira sólida de clientes. Atualmente, ela trabalha no stand de um empreendimento na capital.
Os dados comprovam a percepção da corretora: o relatório mais recente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que, em janeiro deste ano, o mercado imobiliário e de construção gerou 6.932 novas vagas na Bahia, representando 31% dos empregos gerados no estado. O número supera a média nacional de 27,9%. As áreas que mais impulsionaram essas oportunidades de emprego foram as de construção de edifícios, serviços especializados e obras de infraestrutura.
“Os projetos imobiliários também promovem melhorias na qualidade de vida e desenvolvimento urbano sustentável. Cada nova construção cria uma cadeia produtiva que mobiliza profissionais como pedreiros, engenheiros e corretores, impulsionando o crescimento econômico do estado e do país”, celebra Cláudio Cunha, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA).
No ano passado, o mercado imobiliário de Salvador alcançou o que especialistas no setor consideraram “um marco histórico”, movimentando cerca de R$ 4 bilhões em vendas de imóveis na planta, segundo dados da Ademi-BA. Só na capital baiana, foram lançadas 10 mil unidades, consolidando um momento de alta demanda que se reflete também nas contratações. “A automatização ainda não é realidade nos canteiros, que continuam a exigir muita mão-de-obra, desde pedreiros e operários até engenheiros e arquitetos”, comenta Noel Silva, diretor-conselheiro do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci).
Os dados do Caged apontam que o perfil dos contratados é majoritariamente masculino e com formação até o ensino médio (71,9%), mas Silva destaca que no mercado de venda, que é a ponta da incorporação imobiliária, há uma demanda cada vez maior por profissionais qualificados, tanto na corretagem quanto nas áreas fiscal e de contabilidade. E é nesses lugares que a participação feminina têm crescido. “As mulheres já representam quase 50% dos corretores inscritos no Conselho, que criou uma comissão voltada para oferecer cursos e capacitações exclusivamente para elas”, afirma.

No pouco tempo em que atua como corretora, Jéssica Salles já percebeu que são as mulheres que recebem os melhores feedbacks dos clientes. “Acredito que a abordagem mais colaborativa e a atenção aos detalhes são diferenciais, principalmente ao lidar com pessoas que estão prestes a fazer o maior investimento de suas vidas”, diz ela.
Elas nas obras
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a presença feminina na indústria da construção civil cresceu 120% em uma década (de 2007 a 2018). E, nos últimos anos, empresas do setor têm apostado em programas para capacitar e incentivar a contratação de engenheiras, arquitetas, pedreiras, auxiliares de construção, técnicas em segurança do trabalho e carpinteiras, entre outras atribuições.
Uma dessas iniciativas é o programa Elas Transformam a Construção, parceria da MRV&CO com a start-up Ela Faz, responsável por capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade social para atuar na construção civil. Em Salvador, mais de 45 profissionais já foram formadas como pedreiras, azulejistas ou pintoras. Uma delas é Franciele Almeida, que trabalhou como ajudante de pedreiro para o ex-marido por 17 anos, até que decidiu trabalhar por conta própria. “O projeto me mostrou que posso construir um futuro promissor nessa área”, diz.
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