CADERNO IMOBILIÁRIO
90% dos nordestinos veem vantagem em antecipar parcelas do imóvel
Percentual de pessoas que compartilham desta crença na região é maior que a média nacional, de 85%, segundo pesquisa da OLX
Por Joana Oliveira
A dentista Rosângela Resende contratou um financiamento de 16 anos para comprar o apartamento onde mora, em Salvador. Ela quitou o imóvel, no entanto, em apenas sete anos. “Antes eu era imediatista, tinha dinheiro e gastava logo. Depois, fui me reeducando financeiramente e passei a guardar dinheiro”, conta. Foi assim que ela conseguiu, por três vezes, juntar montantes consideráveis para pagar o apartamento e se livrar da dívida. “Comprei em 2014 e quitei em 2021. Depois que adquiri meu próprio teto, consegui direcionar meus recursos para ter outras coisas que desejava”, celebra Rosângela.
Ela está entre os 85% dos brasileiros que acreditam que é vantajoso antecipar as parcelas do financiamento imobiliário, de acordo com a pesquisa Mitos e Verdades sobre o Setor Imobiliário, do Grupo OLX. No Nordeste, nove em cada 10 pessoas compartilham dessa crença. “Isso sugere uma cultura de planejamento financeiro mais conservadora e previdente na região”, comenta Rafael Nader, vice-presidente de Imóveis do OLX.
Nader destaca que, antes de optar pela amortização do financiamento, é essencial avaliar a própria capacidade de pagamento, bem como as condições que a ins tituição financeira oferece para o adiantamento das prestações. Aproveitar eventos como uma promoção no trabalho ou o recebimento de uma herança para antecipar as parcelas pode ser uma estratégia inteligente, mas Nader recomenda avaliar cuidadosamente outros aspectos antes de decidir. “Comece entendendo as condições do contrato para verificar a possibilidade de pagamentos antecipados sem penalidades, além de calcular os benefícios financeiros ao reduzir o saldo devedor e os juros pagos ao longo do tempo. Considere também outras prioridades financeiras”, orienta.
Descontos disponíveis
De acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, equilibrar esses fatores é fundamental para garantir que antecipar as parcelas seja não apenas viável no curto prazo, mas também sustentável e alinhado com os objetivos financeiros de longo prazo de cada comprador. A primeira dica é entrar em contato com o banco credor para informar a intenção de quitar o financiamento antecipadamente, conforme previsto pelo Código de Defesa do Consumidor. É importante solicitar detalhes sobre os descontos disponíveis para pagamento antecipado e analisar detalhadamente o contrato de financiamento, verificando o saldo devedor atualizado, as taxas de juros aplicáveis e o prazo restante. “Utilize ferramentas de simulação para explorar diferentes estratégias de pagamento, como pagamentos extraordinários ou amortizações, garantindo que sua escolha esteja alinhada com seu planejamento financeiro. Além disso, considere consultar um consultor financeiro para orientação personalizada. Verifique o Custo Efetivo Total (CET) do financiamento para compreender todos os custos envolvidos, incluindo taxas adicionais e seguros”, recomenda Nader.
Clarrisa Vitória, corretora que trabalha há 14 anos no mercado imobiliário lembra que, a cada dois anos, é possível retirar dinheiro do FGTS para pagar parcelas do financiamento. Para quem tem a possibilidade, essa também é uma alternativa para amortizar a dívida mais rápido. “Recomendo que os clientes façam uma projeção de cinco a oito anos para quitar a compra do imóvel. Um deles, recentemente, comprou um apartamento de R$ 150 mil, deu R$ 50 mil de entrada e pagou o restante em cinco anos”, conta.
A corretora ressalta que quem financia pela Caixa Econômica Federal pode usar o próprio aplicativo digital no banco para organizar os pagamentos e fazer uma projeção dos valores. “Se você deve R$ 100 mil e paga, num determinado mês, um montante de R$ 10 mil, por exemplo, esse valor será abatido tanto do total quanto das prestações, que ficarão menores”, explica.
Valores culturais
A pesquisa do OLX indica que a maioria dos brasileiros acredita que comprar um imóvel é mais benéfico do que alugar – 70% dos entrevistados compartilham essa visão –, o que reflete um forte desejo cultural de possuir uma casa própria como símbolo de estabilidade financeira e segurança. Um dos dados mais relevantes é o da Geração Z, que aponta que 74% dos jovens entre 18 e 24 anos preferem adquirir imóveis em vez de alugá-los, um índice superior aos 63% observados na Geração X.
“O número revela uma nova dinâmica nas preferências de posse de propriedades, indicando que a Geração Z está buscando mais estabilidade e investimento a longo prazo do que se pensava anteriormente. Além disso, sugere um potencial impacto no mercado imobiliário, afetando desde o tipo de imóveis demandados até as estratégias de desenvolvimento urbano e financeiro necessárias para atender a essa nova demanda”, avalia Rafael Nader. Ao que tudo indica, certos valores culturais, como o sonho da casa própria, não mudam no Brasil.
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