CADERNO IMOBILIÁRIO
Busca por permuta de imóvel na web cresce mais de 300%

Por Fábio Bittencourt

Levantamento realizado pelo portal especializado em troca de imóveis pela internet Permutando – com mais de 32 mil casas, apartamentos, fazendas, sítios e salas comerciais cadastradas na plataforma, em 676 cidades, de 24 estados brasileiros – revela alta de mais de 300% na procura pela modalidade em um ano.
De acordo com o estudo, realizado entre setembro de 2018 até agosto de 2019, por meio do cruzamento de dados e questionário de pesquisa, a maioria (81%) revela que o principal motivo pela escolha é a demora na hora da venda. E mais: 72% dos que tomam a iniciativa são do sexo feminino; 64% pertencem à classe A (IBGE); 47% têm entre 25 e 44 anos; 52% são casados.
Intitulado Perfil da Permuta Imobiliária no Brasil, o trabalho foi apresentado esta semana pelo CEO da startup, Christian Bernard, durante o Conecta Imobi 2019. Segundo ele, o objetivo é municiar “o mercado com dados concretos” sobre o assunto.
“Todos os anos vamos divulgar o levantamento, depois de forma mais digital, com uma amostragem maior. A dor do mercado é o tempo de espera (na venda do imóvel), com a demora às vezes chegando a dois, três anos. Nossa ideia é pautar o mercado”.
Ainda segundo Bernard, as duas principais vantagens da permuta de imóveis é que ela “destrava” os negócios; a outra é a renúncia fiscal, quando da declaração do imposto de renda (em que não incidem 15% sobre ganho de capital).
“O céu é o limite, não há restrição quando o assunto é uma transação comercial envolvendo imóvel. No Permutando, o anunciante diz o que tem (para oferecer), o que está procurando, e o algoritmo (aplicativo) busca o casamento perfeito. Do contrário, ele também passa a buscar quem procura o que você tem”, diz.
“Agulha no palheiro”
“A permuta sempre existiu, era feita por corretoras, mas não existia um sistema de busca. Era como achar uma agulha no palheiro. Já vi caso de alguém em Florianópolis (SC), de mudança para Palmas, no Tocantins, encontrar um par perfeito para troca. Por isso o Permutando é considerado o Tinder (aplicativo de relacionamento amoroso) do mercado imobiliário”, afirma Bernard.
Caso parecido é do militar reformado Ricardo Alcântara, 43, natural do Rio de Janeiro, vivendo na capital baiana há dez anos, e há dois tentando se desfazer de um duplex com quatro quartos, cinco banheiros, 170 metros quadrados, com vista-mar e piscina, no bairro Jardim de Alah – e poder voltar para casa e família.
Alcântara faz tratamento oncológico e o plano de saúde que possui deixou de ter atendimento por aqui. Ela fala que já achou proposta para Aracaju, São Paulo, mas que seu interesse mesmo é a região dos lagos, no Rio, de preferência em Cabo Frio. A demora já o levou a baixar o valor de R$ 450 mil para R$ 380 mil.
“Inicialmente, anunciei de forma tradicional, mas não surtiu efeito por um ano inteiro. E há um estou na plataforma. Eu aceito até um outro apartamento de menor valor, aqui em Salvador, desde que com um troco (volta)”.
Segurança na transação
Sócio no Instituto de Cultura Imobiliária (ICI) e vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci), o advogado e professor Nilson Araújo destaca que, nesses casos, o mais importante, além da segurança da transação como um todo, o consumidor (proprietário do imóvel) precisa ficar atento para não perder dinheiro”. Para ele, a permuta é “saudável desde que haja equilíbrio”.
“Às vezes acontece um casamento perfeito, de elas por elas, como se diz. Mas geralmente quem quer comprar desdenha. É preciso fazer uma avaliação profissional do imóvel, aferir quanto vale ou não. Tem gente com apartamento de porte maior, querendo se desfazer dos altos encargos (condomínio, IPTU). É ficar atento às oportunidades”.
Quem também bate na tecla da segurança e do suporte de um corretor profissional para toda e qualquer relação comercial nessa área é o corretor de imóveis José Alberto, dono de imobiliária que leva o seu nome. Segundo ele, o que faz aumentar a procura pela permuta de imóvel é a necessidade das pessoas em querer “concretizar negócios”.
“Não só por conta da crise econômica, mas o avanço das ferramentas digitais fez aumentar a procura pela troca de imóvel. A pessoa põe à venda, mas, se aparecer proposta de troca, ela quer ficar sabendo. Eu sempre digo que o ideal é vender para depois você comprar outro, porque isso dá poder de barganha. Com permuta é mais difícil equacionar os valores. Na dúvida, contate sempre um corretor qualificado”.
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