CADERNO IMOBILIÁRIO
Casa própria é o sonho de quase 90% dos brasileiros, diz pesquisa
Levantamento do Datafolha em parceria com a plataforma QuintoAndar indagou sobre ‘metas para 2023’
Por Mariana Bamberg
A casa própria ainda é o sonho de grande parte das pessoas. Ou, de exatamente, 87% da população brasileira, como aponta uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha e a plataforma imobiliária Quinto Andar, sobre as “metas para 2023”.
Como se trata de uma tarefa não muito fácil, dada a ser uma transação de alto valor financeiro e emocional, muitas pessoas não sabem como se planejar e acabam esbarrando na falta de planejamento financeiro e de informação.
Para Nilson Araújo, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci), enquanto a casa própria simboliza a realização de um sonho relacionado à sensação de estabilidade, o aluguel é apenas a solução de uma carência, que não traz retorno para a pessoa.
No entanto, os desafios e dificuldades para a concretização desse sonho costumam ser muitos. O principal deles, Araújo diz que “não há dúvida”, é a parte financeira.
“As pessoas ainda não têm noção de que é preciso um planejamento muito consistente antes de qualquer coisa”, diz o corretor.
Economizar para a entrada no investimento é justamente o dilema que vive a atendente de telemarketing Ana Carolina Santana. Ela mora de aluguel em uma casa no bairro da Caixa d’Água e conta que o imóvel próprio é um sonho desde sempre.
“Tento me organizar financeiramente, mas nunca consigo me preparar efetivamente. A maior dificuldade é sempre a questão financeira. É muito difícil ter que se sustentar, pagar aluguel morando sozinha e ainda juntar uma parte para a casa própria. O que eu faço é tentar economizar cortando supérfluos”, conta.
Educador financeiro e assessor de investimentos, João Victor Moreira chama a atenção para a necessidade de não só acumular recursos aleatoriamente, mas estudar a própria saúde financeira. Para isso, a orientação dele é analisar todas as despesas fixas e extras, as rendas e a capacidade de guardar. Utilizar uma planilha, um caderno ou até um aplicativo pode ajudar, fala.
“Na maioria dos casos, as pessoas não vão ter recursos para a compra à vista e vão precisar recorrer a um crédito, que sempre assusta. E realmente deve assustar, porque geralmente não há planejamento financeiro. Ele pode ser uma oportunidade, mas pode também abrir espaço para algumas armadilhas”, diz.
De acordo com Moreira, um dos principais erros na hora da compra da casa própria é acabar agindo por impulso ou desconhecimento, e entrar em uma linha de crédito cara. “Estamos, inclusive, em um momento muito propício para isso, com os juros mais alto dos últimos sete anos”, destaca o especialista.
Para evitar cair nesta arapuca, a orientação de Moreira é, antes de tudo, estudar as opções de crédito existentes no mercado e as especificidades de cada uma delas. Para ele, um indicativo prático para saber se aquele crédito vale a pena é comparar o valor do imóvel com o total que vai ser pago ao final das prestações, e avaliar se é justo. Outra dica do especialista é se preparar para ter, pelo menos, 50% do preço do imóvel na hora da entrada.
A ideia, por exemplo, de que vale a pena recorrer a um crédito se as parcelas forem menores ou compatíveis com o valor do aluguel costuma ser outra armadilha. O educador financeiro e assessor de investimentos alerta para a necessidade de não levar em conta apenas as prestações mensais.
Para fazer esta análise, é preciso considerar também o valor total a ser pago, aconselha Moreira.
Cálculo no papel
“Coloque tudo na ponta do lápis, as taxas, os juros, parcelas. Não veja somente o valor parcelado, porque, muitas vezes, você pode acabar pagando o dobro ou o triplo do que vale aquele imóvel. Isso, mesmo com as parcelas menores do que o aluguel, vai acabar fazendo não compensar”, esclarece.
Carolina já pensou nisso e revela que chegou a fazer as contas para ver se as parcelas seriam compatíveis com o que paga de aluguel hoje. No caso dela, o grande problema seria também a soma das outras taxas que devem ser pagas na compra de um imóvel próprio.
“Se hoje eu pago, por exemplo, R$ 600 de aluguel, eu iria pagar R$ 1.300 somando parcela e taxas. E isso antes da obra terminar, então teria que pagar ainda um local para morar”, conta a operadora.
Passada a etapa do planejamento financeiro, Carolina já sabe qual será o seu próximo passo, buscar um corretor de sua confiança para encontrar o imóvel.
A ideia dela é continuar no bairro onde mora, em uma rua com segurança e em uma propriedade com tamanho que lhe traga conforto.
Para o presidente do Creci no estado, o corretor acaba atuando como um parceiro facilitador neste momento. “Diante de tantas opções, ele vai ver justamente o que se encaixa nas exigências e nas condições financeiras do cliente. Muitas vezes, a pessoa tem muitas exigências, mas não tem noção do que cabe nas condições dela. O corretor vai ajudar a equilibrar isso”, explica.
Mas, além de ajudar a encontrar o imóvel, Araújo destaca uma outra vantagem da participação do corretor na busca pela casa própria. De acordo com ele, hoje, cerca de 70% das propriedades são irregulares, o que inviabiliza o prosseguimento da transação de compra e venda, causando frustração, perda de tempo e até de dinheiro.
“Uma das primeiras coisas que o corretor faz é justamente balizar e verificar toda a documentação do imóvel. Uma parte burocrática que ele está preparado para fazer e que, muitas vezes, o comprador não se atenta. A compra direto com o proprietário traz esse risco”, alerta o presidente do Creci-BA.
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