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Corretores de imóveis são os profissionais mais satisfeitos

Publicado sábado, 05 de outubro de 2019 às 13:23 h | Atualizado em 05/10/2019, 13:26 | Autor: Mariana Bamberg* | Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE
Joelma acredita que a satisfação está atrelada à sua dedicação
Joelma acredita que a satisfação está atrelada à sua dedicação -

Para quem pensa que o mercado imobiliário está em crise e corretor de imóveis é uma carreira com os dias contados, os resultados de uma pesquisa realizada pela empresa Sodexo podem mudar essa percepção. De acordo com os dados levantados no segundo trimestre deste ano, os corretores são os profissionais mais satisfeitos com o trabalho.

O monitoramento mede o índice de qualidade de vida no trabalho (IQVT), que vai de 0 a 10 e reflete  a percepção dos brasileiros com relação às  experiências de trabalho. 

A média de satisfação dos trabalhadores brasileiros foi de 6,31 pontos. Já quando avaliado por profissão, das categorias participantes, os corretores de imóveis foram os que tiveram o maior índice, com 7,70 pontos, seguidos por estagiários (7,17 pontos), profissionais da presidência, diretoria ou gerência (7,09 pontos) e os da área de coordenação ou supervisão (6,40 pontos).

Há um ano, no entanto, a percepção dos corretores de imóveis era outra. De acordo com  mesma pesquisa realizada em  2018, eles eram os profissionais mais insatisfeitos do mercados, com apenas 3 pontos de IQVT. 

Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis  (Creci-BA), Samuel Prado, essa virada está relacionada a dois fatores: a melhoria do mercado e no reconhecimento do profissional perante a sociedade.

“O mercado tem reagido e o profissional tem ganhado mais credibilidade. Sentimos isso quando percebemos que, a cada dois meses, chegam de 130 a 140 novos profissionais e cerca de 20 corretores reativam sua carteira junto ao Creci”, revela Prado. 

Fatores que influenciam 

Para o vice-presidente de marketing da Sodexo, Fernando Cosenza, esses são os fatores que mais influenciam na percepção do profissional brasileiro. Mas, além da perspectiva de crescimento e do reconhecimento, na pesquisa também são avaliados, pelos entrevistados, o acesso a recursos que  facilitam o ofício, o impacto do trabalho na saúde e bem-estar dele, o ambiente físico onde acontece a atividade e a  interação social.

Corretora há nove anos, Joelma Fróes é uma dessas profissionais satisfeitas com o  trabalho. Apesar de acreditar que nem sempre o mercado colabora com as vendas, ela acredita que a satisfação está atrelada à sua dedicação.   

“É um trabalho árduo. É preciso estar disposto e abdicar de muita coisa. Caso contrário, não vende. Mas, no final, é muito gratificante”, conta.

Cosenza, no entanto, explica que as percepções são individuais. “Profissionais que trabalham no mesmo lugar, com a mesma função, podem ter percepções diferentes”. Isso justifica a visão diferente que tem o também corretor Vergílio Araújo. No ofício há quase dois anos, a insatisfação dele é tamanha que  recorreu a outro trabalho. Hoje ele concilia a função de consultor de vendas com a de corretor autônomo. 

Para Virgílio, as maiores dificuldades são o elevado investimento mensal necessário e a incerteza das vendas. Aliado a isso tudo, o corretor ainda sente a falta de reconhecimento por parte dos clientes. 

“Já foi uma profissão muito marginalizada. Muitos trabalhavam sem carteira, davam golpes. Isso acabou ficando na cabeça dos clientes e eles estão sempre desconfiando”, afirma o corretor. 

Nisso, Joelma e Virgílio concordam. A corretora, que trabalha em uma  imobiliária, até sente-se valorizada pela empresa. Ela conta que os bons desempenhos são sempre comemorados e recompensados com almoços, viagens e outros brindes. Sobre a comissão, Joelma também não tem do que reclamar. “Quem  trabalha muito pode ganhar até o que alguns médicos ganham”. Mas, com relação aos clientes, a percepção não é tão boa. 

“Eles não enxergam o trabalho que tem por trás daquilo tudo. São cinco a seis clientes por dia e três ou quatro visitas para a venda.  Mas o normal é vender um ou dois imóveis por mês. Há  um investimento nisso tudo. E o cliente ainda quer barganhar a comissão que ganhamos”, revela Joelma.

Apesar das diferentes percepções, Cosenza defende que o índice deve ser visto, pelos empregadores do setor, como uma oportunidade. “Esse índice mostra que é um bom momento para se conectar com os profissionais e recombinar metas e objetivos, pois eles estão dispostos”. 

*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló

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