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Custos ‘ocultos’ encarecem o preço final dos móveis

Taxas de instalação e de entrega acabam passando despercebidas e podem inflacionar o valor total da compra

Publicado sábado, 02 de março de 2024 às 07:00 h | Autor: João Vítor Sena*
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Muitas pessoas levam em consideração apenas o preço de um móvel ou eletrodoméstico antes de comprá-lo. Por causa disso, custos "escondidos" - como a taxa de instalação e de entrega - acabam passando despercebidos e podem inflacionar o preço final da compra em pelo menos R$ 50, R$ 70. Além disso, mobílias confeccionadas em madeira ou metal podem ter seu estado comprometido mais rapidamente por condições climáticas externas, como altos índices de umidade e altas concentrações de salitre, aumentando ainda mais o custo final por causa da necessidade da manutenção.

Maria Júlia Faria, designer de interiores e engenheira civil, afirma que as pessoas não costumam lembrar destes custos antes da compra porque geralmente são motivadas pelo desejo, sem refletir sobre a forma que o produto será utilizado. “A pessoa que está na vontade de comprar uma geladeira que produz gelo não lembra que precisa instalar uma saída de água para poder utilizar essa função”.

Ela ainda lembra que alguns fabricantes podem exigir a contratação de uma empresa terceirizada para a instalação do móvel para assegurar sua garantia, encarecendo seu custo original. “Então, (a pessoa) tem que entender que, além do custo do móvel, ela também vai ter que pagar pela instalação”, explica.

Entrega e montagem

As taxas adicionais, como entrega e montagem, aumentam o valor final da compra, que cresce de acordo com o preço do produto. Um balcão de cozinha que custa R$ 419, por exemplo, pode ter o seu preço aumentado para R$ 479 após a aplicação dessas taxas. Em outro caso, uma mesa que custa

R$ 1.599,00, tem valor de entrega R$ 289,30 e a taxa de instalação R$ 54,45., o que eleva o valor do produto para R$ 1.942,75.

Zélia Pinto, pedagoga, relata que já foi surpreendida pelos custos extras e teve que desembolsar uma quantia maior que a prevista para comprar um móvel. “Fomos comprar um colchão queen, que já custa caro, e a vendedora nos deu muitas informações sobre o produto durante um bom tempo. Porém, ela nos informou só no fim do atendimento que a entrega é paga pelo cliente, porque o serviço é feito por uma empresa terceirizada. Além disso, não pudemos escolher o dia da entrega, porque a empresa só entrega duas vezes na semana. Isso também custa tempo”, conta a pedagoga.

A manutenção

Para além dos custos na hora da compra, é preciso entender que, como qualquer outro item, as mobílias e eletrodomésticos sofrem um processo de depreciação assim que saem da loja, o que pode gerar um custo ainda maior para aqueles que desejam vender esses itens no futuro, já que a diferença entre o custo inicial e o preço de venda resultará em prejuízo.

Essa depreciação pode piorar de acordo com a integridade da peça, caso não sejam implementadas estratégias para conservar seu estado. Certas condições climáticas, como a alta concentração de salitre ou temperaturas muito quentes, podem agravar ainda mais esse processo, pois favorecem a oxidação dos móveis ou o surgimento de mofo. Já itens à base de couro e tecido também podem estragar mais rápido se posicionados num lugar com alta exposição à luz solar.

Justamente por isso, Maria Júlia aponta que as compras devem ser pensadas e não movidas por impulso. “Às vezes, as pessoas querem comprar um móvel mais barato para botar na sua casa, mas já pensando em vendê-lo para comprar um melhor quando estiverem com um pouco mais de dinheiro. Porém, assim que ele sair da loja, já vai perder um pouco de valor. Talvez seja melhor entender que é preciso esperar um pouco e comprar uma coisa melhor do que investir numa peça de mobiliário que não tenha uma madeira muito boa ou que não possa ser desmontado numa mudança”, explica a designer de interiores.

Segundo o marceneiro Jailson Araújo, “realizar a manutenção periódica das mobílias é extremamente importante para desacelerar sua desvalorização e preservar seu estado”.

No entanto, móveis em diferentes materiais precisam de estratégias específicas de manutenção. Em peças de metal, por exemplo, o objetivo é evitar que o material enferruje, então o ideal é aplicar bases e tintas especiais que retardem o processo de oxidação.

Por outro lado, Jailson explica que os móveis de madeira devem ser submetidos a dois métodos de manutenção a cada três meses. Para conservar o estado das ferragens, ele indica que sejam utilizados lubrificantes não-corrosivos. Na parte externa, devem ser utilizados produtos de limpeza comuns, que não manchem ou corroam a superfície da mobília.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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