Empréstimo com garantia de imóvel cresce 50,3% em 2021 | A TARDE
Atarde > Caderno Imobiliário

Empréstimo com garantia de imóvel cresce 50,3% em 2021

Publicado sábado, 27 de novembro de 2021 às 06:04 h | Autor: Fábio Bittencourt
Imóvel oferecido como caução precisa estar quitado | Foto: Rafael Martins | Ag. A TARDE
Imóvel oferecido como caução precisa estar quitado | Foto: Rafael Martins | Ag. A TARDE -

Ainda pouco difundido no Brasil, o home equity, ou empréstimo com garantia de imóvel, cresceu 50,3% de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2020, em termos de volume de contratações. A modalidade soma 96,7 mil contratos, e o estoque (saldo em carteira) é de R$ 12,6 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Como o próprio nome diz, trata-se de um modelo de financiamento no qual o tomador oferece um imóvel como caução, em busca de condições mais vantajosas de pagamento. Para isso, o bem precisa estar quitado, ser no nome do proponente, e ter a documentação em dia. O crédito pode ser de até 60% do valor do ativo, e as taxas de juros variam de 0,79% a 1% ao mês – 10% a 15% ao ano, em média –, a depender da instituição.

Expert em linhas de crédito para financiamento da casa própria, e sócia na empresa de consultoria Akamines Negócios Imobiliários, a advogada especializada em economia da construção civil, Daniele Akamine, conta que este é um tipo de operação voltado a quem necessita de empréstimo acima de R$ 30 mil –, como alternativa aos “300% ao ano da taxa de cartão de crédito, ou 150% do cheque especial”.

Ela explica que consultores de finanças pessoais costumam sugerir o home equity como forma de substituição de uma dívida cara (com juros altos) por outra mais barata (quando as taxas são menores). Frisando, contudo, que o recurso adquirido no empréstimo pode ser usado para qualquer outra finalidade, como a “reforma do apartamento, ou realizar um novo investimento sem precisar vender o carro”.

“Porém, é fundamental conhecer o seu funcionamento, pois cada um tem uma necessidade financeira diferente. O home equity consiste no uso de um imóvel próprio como garantia. Deste modo, se o valor concedido não for pago, o banco pode pedir a casa do inadimplente. Por isso, qualquer empréstimo precisa ser feito com consciência e responsabilidade”, fala.

Daniele destaca que grandes investidores do mercado imobiliário usam o home equity para comprar novos imóveis e colocá-los para locação. “Com a renda gerada pelo aluguel, eles pagam as prestações do empréstimo. É claro que, para realizar a operação, esse investidor colocou uma casa ou apartamento como garantia do dinheiro emprestado”.

Apetite dos bancos

Presidente da Abecip, Cristiane Portella conta que alguns dos motivos para o crescimento expressivo das operações de home equity são a redução da burocracia, regulamentação mais clara, o surgimento de instituições de nicho, e o apetite de bancos tradicionais, dando mais publicidade à modalidade.

Cristiane ressalta, porém, a principal causa da falta de popularidade da solução. “Leva tempo as pessoas se acostumarem ao fato de ter de colocar o imóvel como garantidor da operação”.

“É uma questão cultural, mas a lógica é a mesma de um financiamento. O divisor de águas foi a lei de alienação fiduciária [9.514]. Que tornou o arcabouço jurídico mais claro, e deu mais segurança às partes. Contudo, mesmo na inadimplência, há uma série de etapas a serem cumpridas até o imóvel ser tomado, porque este não é o interesse da instituição. Mesmo indo à leilão, o proprietário tem a chance de participar da disputa, isso é detalhado no contato”.

Com taxas a partir de 0,89% ao mês, e valor pré-fixado, ou seja, sem atualização do saldo devedor por meio de indexadores, o Itaú Unibanco oferece a linha de crédito com valores a partir de R$ 40 mil, até R$ 3 milhões –, limitado a 60% do valor do imóvel. O prazo é de até 15 anos. Segundo o diretor Thales Ferreira Silva, o valor pré-fixado garante “proteção contra eventuais volatilidades de mercado”.

“O crédito com garantia de imóvel deve seguir ganhando força no próximo ano. Parcelas reduzidas, taxas acessíveis e o financiamento de até 15 anos explicam o sucesso do produto. Seguiremos firmes no objetivo de protagonizar a expansão da modalidade”, afirma Ferreira Silva.

Por meio da assessoria de imprensa, a Caixa Econômica Federal informou que disponibiliza o Crédito Real Fácil Caixa, com imóvel em garantia. Voltado para o cliente pessoa física, o financiamento tem prazo de até 180 meses e cota de até 60% do valor do imóvel. As taxas de juros variam de acordo com o relacionamento do cliente com o banco. São aceitos imóveis residenciais e/ou comerciais. A contratação pode ser realizada nas agências da instituição ou Correspondentes Caixa Aqui.

Publicações relacionadas