TECNOLOGIA
IA já é usada em todas as etapas dos projetos arquitetônicos
Inteligência artificial permite imagens realistas em 3D que facilitam a identificação de falhas e defeitos
Por João Vítor Sena*
A inteligência artificial (IA) já é uma poderosa aliada de diversas áreas profissionais, como a medicina e a engenharia, utilizando algoritmos e dados para torná-las mais precisas e eficientes. Na arquitetura, este cenário não é diferente, já que a IA permite não somente a projeção de imagens realistas em 3D de projetos arquitetônicos, que facilitam a identificação de falhas e defeitos, mas também ajusta, automaticamente, documentos e plantas de acordo com as normas de diferentes órgãos governamentais.
“A inteligência artificial hoje, na arquitetura, é utilizada em todas as etapas do projeto. Desde o início, quando nós começamos a fazer estudos de referência de acabamentos. Você pode perguntar parâmetros legais para algumas IA’s algumas normas da ABNT também. Com isso, você consegue ter uma gama de informações para ser utilizada em todas as etapas do projeto”, afirma Tássio Barros, arquiteto.
Estas informações são obtidas através de prompts, comandos em forma de texto enviados diretamente ao software da inteligência artificial. O programa interpreta estes comandos e, por meio de uma série de algoritmos, os correlaciona com palavras-chaves e outras informações armazenadas num banco de dados, gerando uma resposta em forma de imagem ou texto. Rodrigo Sampaio, arquiteto, pontua que os softwares mais utilizados pelos profissionais da arquitetura são o ChatGPT, PromeAI, Midjourney e Redraw.
“A tecnologia tá avançando de maneira tão rápida que talvez a forma que estamos usando aqui já não é tão avançada como em outros lugares. Ela tá sendo usada hoje justamente na otimização de documentação, por exemplo, coloquei os parâmetros urbanos do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador (PDDU ) com todos os documentos disponíveis. A partir daí, pergunto para ele se posso construir edifício de x pavimentos na área tal de Salvador. Ele, baseado nos dados fornecidos por mim nessa documentação, me responde quantos pavimentos posso construir nessa área da cidade”, relata.
A inteligência artificial também permite que plantas projetadas por profissionais da arquitetura sejam transformadas em imagens em 3D extremamente realistas, facilitando a compreensão do projeto por pessoas comuns.
“Com poucos cliques, conseguimos transformar essa planta numa planta humanizada, fácil para o entendimento dos espaços, da disposição de mobiliário. Outra vantagem (do uso da IA na arquitetura) para os clientes e para os arquitetos é o menor tempo de projeto. Como a gente consegue acelerar alguns processos (com a inteligência artificial), a gente diminui (o tempo de entrega), o cliente recebe mais rápido o projeto”, explica Barros.
Estilos de decoração
Ele ainda compartilha que essa projeção de imagens pode ser útil para que as pessoas testem diferentes estilos de decoração em suas casas ou apartamentos, a partir de fotos reais. “Se a pessoa é apaixonada por um estilo mais clássico, ela pode pedir para a IA gerar (a imagem de) um espaço, a partir daquela foto, (decorado) no estilo clássico. Então, ela vai conseguir imaginar, ver, ter uma referência da casa dela no estilo clássico”, pontua o arquiteto.
Para além da estética da decoração, esses softwares autônomos conseguem identificar as melhores possibilidades de design para o uso eficiente do espaço disponível, além de apontar maneiras sustentáveis de gasto energético e estruturas de acessibilidade ideais para um determinado espaço.
Já Sampaio aponta que essa tecnologia pode ser implementada até mesmo na estrutura interna dos edifícios, facilitando o controle de prazos para a manutenção predial.
“Já existem softwares que trabalham com sensores espalhados por um edifício, esses sensores captam os desgastes das construções e mandam informações de possíveis reparos. Para empresas grandes que possuem muitos edifícios, por exemplo, isso seria essencial. A maioria dos edifícios, seja casa, prédios de apartamento ou empresariais,fazem manutenção corretiva, não preventiva. A tecnologia vem para nos ajudar nesse sentido.”, afirma.
Porém, é preciso compreender que, assim como qualquer outra máquina, estes softwares de inteligência artificial podem apresentar “defeitos”, recomendando intervenções ou projetos que podem danificar a estrutura do imóvel ou que combinem esteticamente com a decoração do espaço.
“O risco, assim como já existe hoje em dia, é de pessoas acharem que não precisam de profissionais qualificados para seus projetos e construções. Acho que todos, profissionais e clientes, devem levar em consideração o contexto geral da ferramenta em relação ao objeto de estudo. Trazer referências e possibilidades que sejam reais ao projeto”, comenta Rodrigo. Por isso, é necessário que profissionais especializados sejam contratados para conduzir adequadamente estes projetos.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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