CADERNO IMOBILIÁRIO
Leilões têm imóveis até 60% abaixo do valor de mercado
Por Mariana Bamberg* e Priscila Dórea*
Seja para realizar o desejo da casa própria ou uma oportunidade de investimento, os leilões online de imóveis têm movimentado o mercado imobiliário mesmo durante esta nova realidade imposta pelo combate ao novo coronavírus. A modalidade promete preços que chegam a 60% abaixo do valor de mercado, além de comodidade nas buscas e negociações. E, em meio à pandemia, já tem empresa leiloeira que garante que as buscas em seu site aumentaram cerca de 30% desde o início do isolamento.
Uma situação interessante tem acontecido, afirma Henri Zylberstajn, CEO da Sold Leilões: enquanto o número de lances no site caiu 20% nos últimos 50 dias, as buscas cresceram 30%. “Isso porque as pessoas estão em casa, com mais tempo para procurar e pesquisar, porém uma parte delas está olhando esses imóveis sem apetite, coragem ou dinheiro para arrematar”.
Do ponto de vista dos negócios, a pandemia pode ser uma vantagem, explica Henri, isso porque a disputa por lances diminui. “Quem comprar agora vai comprar mais barato. As pessoas estão menos dispostas a arriscar, mas quem decidir arrematar esses imóveis provavelmente terá uma revenda mais ágil e lucrativa no futuro graças à valorização patrimonial”.
O leiloeiro Fernando Cerello, da Mega Leilões, acredita, no entanto, que os leilões devem ganhar destaque como uma alternativa aos atrasos ocasionados pelos efeitos da pandemia na construção civil, “já que a maioria dos imóveis leiloados são prontos”.
“Além disso, os bancos estão flexibilizando as taxas de juros e estão parcelando o lance. Alguns parcelam 80% do valor total do imóvel e ainda aceitam outros imóveis como parte do pagamento”, conta.
Cerello explica que existem dois tipos de leilão. O judicial, em que os imóveis de devedores são penhorados pelo Poder Judiciário. Nesses casos, a possibilidade de parcelamento do lance final só é possível, segundo o leiloeiro, se fizer parte da proposta.
E o extrajudicial, ofertado por pessoas físicas ou por instituições financeiras em virtude da inadimplência dos antigos compradores. O pagamento nessa modalidade é negociado entre o comprador e a leiloeira, com intermédio do banco, e pode incluir financiamento e entradas.
Momentos de crise
E a tendência, alerta o CEO da Sold, é que o número de imóveis inadimplentes ofertados em leilões pelos bancos aumente ainda mais nos próximos meses. “Em momentos de crise como a que estamos vivendo, a inadimplência infelizmente tende a crescer e as atividades dos leilões aumentam. Isso não é algo que conseguimos medir agora exatamente, mas daqui a três, seis meses, o número de imóveis indo a leilão por essa razão deve crescer bastante”.
A reportagem tentou entrar em contato com algumas instituições bancárias para falar sobre seus imóveis que estão sendo leiloados: a Caixa Econômica Federal não retornou nosso contato; o Bradesco, por meio da assessoria, informou que dez dos imóveis ofertados no seu leilão de maio são na Bahia (casas, apartamentos e terrenos), em cidades como Salvador, Feira de Santana e Camaçari, com lances a partir de R$ 20 mil e parcelas de até 48 meses; e o Itaú Unibanco informou, por meio de nota, que, nos dias 12 e 13 de maio, irá leiloar 70 galpões, prédios e terrenos que sediaram suas antigas agências e escritórios.
Os imóveis podem ser visualizados nos sites das leiloeiras parceiras do Itaú. Uma delas é a Zukerman, que ainda neste mês irá levar a leilão outros imóveis baianos. São nove opções, entre casas, apartamentos e um complexo industrial, com lances mínimos a partir de R$ 3 mil. Segundo Rafaela Yamashita, gerente de marketing da empresa, os valores podem chegar a ser 60% abaixo do mercado. Para ela, além dos preços e das “negociações mais simples e transparentes”, a possibilidade de analisar e comprar sem sair de casa é uma vantagem dos leilões.
Mas, para quem não abre mão de ver de perto o novo lar ou investimento, é possível fazer uma visita – com exceção dos imóveis que ainda não estão desocupados. Em tempos de pandemia, no entanto, Yamashita alerta para os cuidados que estão sendo tomados. “No cenário atual, estamos precisando analisar caso a caso as solicitações de visita, com cautela, portanto não estamos no mesmo fluxo de visitação do período antes da pandemia”, conta a gerente de marketing.
O ideal, aconselha o advogado especialista em direito imobiliário Estácio Nogueira Reis Junior, é escolher um imóvel desocupado e procurar ter ideia do seu estado, seja por fotos ou uma visita, caso seja possível. “A melhor opção é sempre não se aventurar em uma compra às escuras, mesmo durante a pandemia. Mas se optar por um imóvel ocupado, contrate um advogado para que este ingresse com ação de imissão de posse, o que não demora muito”.
Um fator crucial também tem sido o ambiente dos leilões, que já bem antes da pandemia aconteciam majoritariamente de forma virtual, então seu público já está bem acostumado ao ambiente online. E como os imóveis ainda estão com valores reduzidos por conta da crise, “obter outras reduções através do leilão, sem dúvida, torna essa modalidade uma ótima chance de aquisição de imóveis com ótimos preços”, ressalta o advogado.
*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló
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