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CADERNO IMOBILIÁRIO

Moradia acessível é sinônimo de conforto e dignidade

Adaptações são essenciais, principalmente para idosos e pessoas com deficiência

Por João Vítor Sena*

20/07/2024 - 7:00 h
Gizélia
Gizélia -

A aproximação do Dia dos Avós, celebrado na próxima quinta-feira (26) é mais um motivo para lembrar a importância de adaptar as residências para os idosos com mobilidade limitada, por meio da instalação de pisos antiderrapantes e barras de apoio, além de outras soluções que garantam segurança e conforto. Projetar estas adaptações é fundamental não apenas para aqueles com idade avançada, mas também para as pessoas com deficiência (PCDs), que também precisam de um ambiente seguro e acessível para viver com dignidade.

“Acessibilidade é para todas as pessoas, não só para aquelas com mobilidade reduzida. Temos a tendência de pensar a acessibilidade apenas para as pessoas com cadeira de rodas, mas também se aplica às pessoas com deficiência visual, aos idosos, que com o processo de envelhecimento vão perdendo um pouco da estabilidade, da coordenação motora e da visão”, explica Larissa Scarano, arquiteta especialista em acessibilidade.

Ela explica que implementar a acessibilidade dentro de casa é um investimento útil a todas as pessoas, já que até mesmo aquelas sem histórico de deficiência podem precisar de adaptações no futuro, para evitar acidentes que comprometam a locomoção ou equilíbrio. “Todo mundo pode perder a mobilidade em algum momento. Se uma pessoa torceu ou quebrou o pé, ou passou por um procedimento cirúrgico e está com a mobilidade reduzida, (vai precisar de um espaço acessível)”, aponta Scarano.

Este é o caso de Gizélia Sousa (60), que precisou instalar barras de apoio nos banheiros de sua casa depois de passar por uma cirurgia de prótese no joelho. “Eu nunca pensei em implementar estruturas de acessibilidade na minha casa. Minha mãe faleceu com 86 anos subindo e descendo escadas, então não passava pelo meu imaginário. Porém, após cerca de uma década enfrentando uma artrose no joelho, esgotados todos os recursos médicos, eu fui submetida recentemente a uma cirurgia de prótese no joelho. Daí precisei colocar barras no banheiro. Elas foram fundamentais, principalmente no pós-cirúrgico imediato, pois eu tomava banho sentada na cadeira, tinha enorme dificuldade de me locomover e sustentar meu corpo”, relata.

Projeto personalizado

É necessário entender que o projeto de uma moradia acessível deve ser pensado com base nas dificuldades das pessoas que irão ocupá-las. Generalizar as adaptações que devem ser feitas pode não atender as particularidades de cada indivíduo – uma pessoa com nanismo, por exemplo, tem necessidades diferentes de alguém que usa cadeira de rodas. Portanto, é crucial consultar engenheiros e arquitetos.

Porém, Thamyres Azevedo, arquiteta, afirma que os projetos podem usar como parâmetro a Norma Brasileira 9050 (NBR 9050/2000), que estipula normas e métodos para a implementação de sustentabilidade em edifícios e espaços públicos. “Mas a gente tem que pensar além da norma, temos que pensar na personalização do projeto, porque a depender da deficiência do morador, ele pode precisar de uma adaptação diferente daquela que é estabelecida pela norma”, complementa.

Em termos gerais, moradias acessíveis devem apresentar portas mais largas para dar acesso aos cômodos, com 90 cm a 100 cm de largura e fechaduras de fácil manuseio. Da mesma maneira, os corredores devem ser mais espaçosos, com 90 cm a 150 cm de largura, para permitir que pessoas com cadeiras de rodas e andadores possam se locomover sem esbarrar nas paredes. É essencial que objetos de decoração e outros móveis não sejam posicionados nestas áreas, facilitando a livre circulação.

Pisos antiderrapantes devem ser instalados em áreas molhadas, como banheiros, áreas de serviço e cozinhas, já que são essenciais na prevenção de acidentes. Além disso, é importante instalar barras de apoio dentro dos boxes dos banheiros para facilitar a sustentação de equilíbrio durante o banho e evitar quedas.

Já pessoas com deficiências visuais também precisam de sinalizações em braile nos eletrodomésticos e nas portas, além de texturas em pisos e em quinas de móveis para evitar acidentes. “(Isso é útil) para que a pessoa identifique que tipo de objeto está em um armário, porque a porta daquele armário tem uma textura diferente”, explica

Por outro lado, indivíduos com deficiências sonoras necessitam de estímulos visuais para compensar a falta de audição. Isso inclui luzes piscantes para sinalizar campainhas e alarmes de fumaça.

Para as pessoas com nanismo, os móveis devem ser instalados a uma altura em que consigam alcançar com facilidade. Isso também se aplica a outros indivíduos que tenham mobilidade limitada dos membros superiores, por exemplo. Bancadas, pias e interruptores devem ser posicionados de maneira acessível, e é útil ter móveis ajustáveis ou feitos sob medida.

‘Ambientes amigáveis’

IIndivíduos com transtorno do espectro autista (TEA) podem não necessitar de algumas destas adaptações, mas, devido à sua sensibilidade a certas texturas, estímulos visuais e sonoros, se beneficiam de uma decoração cuidadosamente planejada para atender às suas necessidades. Ambientes sensorialmente amigáveis, com iluminação suave, cores calmantes e materiais confortáveis podem proporcionar um espaço mais tranquilo e acolhedor. “Quando projetamos para uma pessoa com TEA, temos que ter esse cuidado de ter um layout mais organizado, porque ela tem que ter uma rotina muito programada e conhecida, as coisas precisam ter seus devidos lugares”, explica Letícia.

A automação ainda pode ser uma poderosa aliada das PCDs. Assistentes virtuais, como a Alexa, acionam e desligam interruptores apenas com comandos de voz, assim como são capazes de regular a temperatura do ambiente, fornecendo mais autonomia para pessoas com mobilidade limitada.

Thamyres ainda afirma que é possível projetar uma moradia acessível que seja esteticamente agradável e reflita o estilo de seus moradores. “Hoje em dia a gente tem um mercado tão vasto que é muito difícil deixar a acessibilidade ser um ato falho na hora da estética. Com tantas ofertas de materiais, a acessibilidade não deixa o ambiente feio. Dá pra ser acessível e ser cool, legal, descolado, desde que você consiga fazer algo que seja funcional. As pessoas têm muito essa ideia de que acessibilidade vai deixar o ambiente feio e poluído. Sendo que esse não é o caso, a gente pode pensar em como atender ao princípio da acessibilidade e ter uma estética funcional”, comenta.

* Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló

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Tags:

Conforto dignidade Moradia acessível

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