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CADERNO IMOBILIÁRIO

Natureza em destaque

A arquitetura biofílica usa elementos para produzir a ligação entre seres humanos e o meio ambiente

Por Dianderson Pereira*

26/08/2023 - 6:05 h
Arquitetura biofílica
Arquitetura biofílica -

A arquitetura biofílica está associada a projetos que buscam proporcionar uma conexão entre o ambiente e a essência da natureza. Para arquitetos e designers de interiores, um ambiente com design biofílico deve ser planejado de forma cuidadosa e intencional, sendo pensado na composição de cada elemento no local desejado.

Geovanna Barreto, designer de interiores que atua especificamente com a biofilia, comenta que um design pode ser considerado biofílico quando consegue harmonizar o ambiente construído com a natureza, criando um espaço saudável. “Essa harmonização irá resultar em espaços que inspirem e nutrem a ligação profunda entre seres humanos e o meio natural. É a celebração da natureza em todas as suas formas e representações”.

Em relação aos elementos que podem ser utilizados para decorar um espaço biofílico, a designer fala que além de plantas e vegetação, deve-se explorar os materiais naturais para dar um clima acolhedor e autêntico, de acordo com o contexto. Também são fundamentais as formas orgânicas e curvas, cores inspiradas na natureza e até mesmo objetos decorativos que conectam com os usuários daquele espaço, como pinturas e esculturas.

“Trabalhei no projeto social do ICI (Instituto do Câncer Infantil de Porto Alegre) com a comunidade biofílica que participo e atua em projetos sociais do Brasil inteiro, e no contexto da capital do Rio Grande do Sul, foram incorporados elementos regionais, como o porongo, material tradicional utilizado na confecção da cuia de chimarrão. Esse elemento foi incorporado às luminárias da área gourmet, proporcionando uma interação visual e servindo como suporte para a churrasqueira, um símbolo forte da tradição gaúcha. A estante, confeccionada em madeira pinus de custo acessível, foi desenhada com o formato dos armazéns do cais do embarcadero, um ponto turístico emblemático da região”, exemplifica a designer de interiores.

Marcela Neri, arquiteta e designer de interiores, também atende a quem busca projetos biofílicos e percebeu um aumento principalmente depois da pandemia. “Houve uma mudança na visão de muitas pessoas sobre o olhar para as casas e até mesmo para os espaços comerciais e corporativos. Não só as casas, mas as lojas e escritórios estão buscando deixar o ambiente cada vez mais saudável”, relata.

Para explicar o conceito decorativo de um design biofílico, a arquiteta diz que traz a sensação de ambiente mais humanizado e aconchegante. “O contato com a natureza sempre traz o ar de bem-estar e saúde. Ambientes biofílicos traz a comunicação de que são refúgios ".

Já Geovanna Barreto diz que vai além do estético. “Não é só fazer as coisas bonitinhas pelo apelo estético, pois nem tudo que vemos belo de fato nos faz bem. A ideia é criar uma ligação emocional e sensorial entre os ocupantes e o ambiente construído. Com essa pegada, a decoração biofílica vira uma história viva de como a gente se dá bem com a natureza ao redor, numa boa sintonia”.

Custo-benefício

Os projetos biofílicos podem ser de alto padrão e também ter um custo acessível, a depender da escolha dos materiais e estratégias utilizadas. Pelos seus benefícios, Marcela Neri afirma que são projetos que valem a pena serem executados para garantir maior harmonização e até inspirar em um aumento na produtividade.

“Ainda que os materiais normalmente utilizados sejam vistos como algo que tenha um valor agregado, como a madeira e plantas, ainda assim, o custo-benefício supera. Em ambientes residenciais, salas e varanda são os campeões nessa procura, mas cada vez mais está crescendo a procura em ambientes comerciais” fala Marcela.

Geovanna Barreto acrescenta alguns outros fatores benéficos e também afirma que é uma boa escolha por se tratar de projetos mais sustentáveis. “Eles proporcionam melhoria na qualidade de vida, redução do estresse, aumento da criatividade, melhoria da qualidade do ar e até limitação na recuperação de pacientes em ambientes de saúde, são pontos importantes para levar em consideração” finaliza.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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