FINANÇAS
Orçamento participativo em condomínio engaja morador
Modelo envolve condômino nas decisões financeiras do empreendimento e possibilita destinar recursos com mais transparência
Por Daniel Araújo*
Escolher para onde destinar recursos com transparência e envolver os moradores nas decisões financeiras, são alguns dos desafios da gestão condominial. Neste contexto, a ferramenta do orçamento participativo surge como uma forma de engajar os moradores neste processo. Ao promover o envolvimento dos condôminos na administração da verba, se diminui as suspeitas por parte dos moradores como também traz tranquilidade para a gestão trabalhar com estes recursos.
O modelo de orçamento participativo é muito comum em prefeituras e órgãos públicos, baseado em envolver a comunidade em decisões financeiras daquele ambiente. Adaptado para o contexto de condomínio trata-se de envolver os condôminos nessa administração. “A gestão participativa prioriza o que o condomínio precisa e o que os condôminos querem. Ela inclui mais os moradores nas decisões e prioridades, como onde o dinheiro vai ser aplicado, por exemplo”, explica o consultor financeiro Raphael Carneiro.
A transparência é um dos principais objetivos deste modelo de gestão, uma vez que os moradores participam das decisões e sabem para onde o dinheiro está indo. “É um estilo de gestão que gera mais segurança para ambas as partes. O maior benefício para o síndico é essa tranquilidade, de não estar movimentando o dinheiro do condomínio sozinho, sem que outras pessoas saibam, é muito importante essa transparência”, defende o síndico profissional Rildo Oliveira.
Para Raphael, a transparência é uma das principais formas de gerar engajamento e incentivar o engajamento dos moradores. “Uma boa forma de fazer com que os condôminos participem é mostrar aos condôminos que eles vão ter participação na forma como a renda do condomínio vai ser empregada. Um grande problema do condomínio são as suspeitas sobre aplicação do dinheiro do condomínio. Quando se busca um orçamento participativo, as pessoas tendem a se interessar mais por poder opinar”, aponta o consultor.
Construção coletiva
A estudante universitária Kamila Souza defende o modelo participativo e sua transparência como uma forma de construção coletiva. "As taxas de condomínios são despesas relativamente altas. No meu caso, é uma despesa equivalente a quase 50% do valor do aluguel e acho que nem sempre as contas são devidamente esclarecidas. Logo, no momento em que participamos e somos esclarecidos de todas as necessidades do condomínio, essa despesa pode ser vista como um investimento é uma ferramenta de construção coletiva".
Porém também há desafios na aplicação deste formato. “Nem sempre é possível aplicar uma gestão compartilhada. Então é preciso personalizar de acordo com o perfil do condomínio”, afirma Rildo. Em condomínios muito grandes há uma dificuldade pelo alto número de moradores, nestes contextos.
Raphael sugere a criação de grupos. “Em um condomínio muito grande fica difícil ver e ouvir todos os moradores. Então é indicado que se formem comissões, por blocos, por temas, por áreas. Para que as decisões inicialmente sejam inicialmente trabalhadas nessas comissões e depois levadas à administração”, indica.
Quando bem aplicado, o orçamento participativo é uma ferramenta que traz segurança e transparência para que os interesses do condomínio, do síndico e dos moradores sejam melhor atendidos pelo orçamento. “A gestão financeira compartilhada vai gerar uma segurança maior tanto para o morador quanto para o síndico, que está gerindo recursos de terceiros”, explica Rildo.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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