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Parcerias entre empresas de construção civil e startups crescem 46%

Associações movimentaram cerca de R$ 145 milhões em 2022; contra R$ 92 milhões no ano anterior

Publicado sábado, 12 de novembro de 2022 às 00:30 h | Autor: Fábio Bittencourt
Parcerias levam soluções até para os canteiros de obras
Parcerias levam soluções até para os canteiros de obras -

Somente este ano,  empresas do mercado imobiliário e da construção civil estabeleceram 947 relacionamentos de negócios com 421 startups, crescimento de 46% em relação a 2021. O tipo de contratação mais comum foi de serviços ou produtos, seguido de interação online e conexão com as desenvolvedoras de base tecnológica. As interações movimentaram diretamente cerca de R$ 145 milhões, contra R$ 92 milhões no ano anterior.

O levantamento faz parte do “Ranking TOP Open Corps 2022”, elaborado pela plataforma de open innovation 100 Open Startups, que reconhece as corporações que mais praticam inovação aberta com startups no País. Entre construtoras, incorporadoras, imobiliárias, fabricantes de insumos, entre outras, as companhias “TOP 10” do setor foram Cyrela, MRV Engenharia, Saint-Gobain, Andrade Gutierrez, Dexco, Engeform, Saphyr Shopping Centers, KPE Engenharia, Syn Prop & Tech e Cataguá Construtora.

Elas foram responsáveis por 53% dos relacionamentos com construcTechs (26%), indTechs (22%), e productivityTechs (19%). Ao menos 73 empresas realizaram experiência de inovação aberta com startups pela primeira vez este ano.

Publicado desde 2016, o “Ranking 100 Open Startups”, segundo o CEO Bruno Rondani, consolidou-se como a maior classificação corporativa da América Latina e uma referência para o mercado. Ainda segundo Rondani, a colaboração aberta visa solucionar os problemas mais comuns nas cadeias produtivas, “com soluções para além do desafio tecnológico, mas também com o objetivo de geração de negócios”.

A publicação chega à sétima edição com números recordes do ecossistema de inovação. Foram registrados 42.588 relacionamentos de open innovation entre corporações e startups, aumento de mais de 61% em relação à edição 2021. Das 6.438 empresas que buscaram startups no País, 4.449 conseguiram estabelecer algum nível de parceria.

“O ranking dá destaque para todo o ecossistema, não só os top 100, mas sobre toda a atratividade existente no setor, para que a corporação possa saber  se os outros (players) estão procurando o mesmo (caminho), pois ninguém individualmente detém essa informação. O impacto direto em benefícios entre os envolvidos no setor como um todo, certamente, é muitas vezes superior aos números apurados”, diz.

Head de Inovação na Cyrela, primeira colocada na relação, Daniele Rodrigues de Oliveira conta que o setor foi estruturado no final de 2019 com o objetivo de ajudar na evolução do core business (negócio principal) por meio de tecnologia, dados, conexão com startups e visão de futuro. “Além de agregar ao ecossistema Cyrela novas ventures que maximizem a captura e a entrega de valor”, explica.

Os principais serviços contratados, segundo Daniele, relacionam-se com gestão e automação de processos, serviços relacionados a governança ambiental, social e corporativa (ESG), como gestão de resíduos e utilização de recursos, e otimização da experiência do cliente na jornada de compra do imóvel.

Quatro pilares

“Nossa atuação é direcionada por quatro pilares: melhorar eficiência operacional, expandir o envolvimento da Cyrela com a sociedade, melhorar a experiência do cliente e desenvolver novas fontes de receita. Uma de nossas parceiras é a CUBi Energia, energyTech que mensura em tempo real o consumo de energia e água, e entrega dados que nos ajudam a melhorar a nossa gestão desses recursos”, diz.

“Nos últimos 18 meses, nos conectamos com mais de 350 startups, realizamos 42 POCs (prova de conceito) e temos 9 rollouts (lançamentos) em andamento. Nota-se que temos um alto volume de POCs e  temos 21% de conversão de POC para rollout, o que é um número bem significativo quando comparamos com o mercado. O levantamento de resultados é importante, pois é onde conseguimos provar os benefícios dos projetos e mostra que estamos no caminho certo, nos dando mais credibilidade para continuarmos investindo em mais programas e projetos de inovação”, explica.

Ainda de acordo com Daniele, a diretoria de inovação  na Cyrela é estruturada nas áreas de  transformação digital,  data&analytics,  cultura e  corporate venture capital. “Isso possibilita um trabalho integrado e estruturado com muitas áreas da empresa, em diversas frentes, potencializando a disseminação da cultura de inovação na empresa”.

Gestor de Inovação na MRV, Felipe Reis destaca que o relacionamento com startups no grupo perpassa todas as áreas da empresa, do canteiro de obras ao departamento jurídico, e que os setores “trazem oportunidade com as startups”. Segundo ele, a MRV possui 90 contratos ativos com empresas de tecnologia, e plano de ação baseado na inovação, em “linhas verticais”, como gestão de portfólio, cultura do empreendedorismo, e geração de novos negócios.

“Esse relacionamento acontece já há muito tempo, de forma orgânica. Participamos de hubs, chamadas públicas de desafios, somos mantenedores de um hub de inovação com construTechs e propTechs (Órbi), são mais de mil integrantes. A estrutura da MRV não é para não correr riscos. Com startups é diferente. São a versão de empresa grande que ainda não cresceu, o que a torna mais ágil, trazendo soluções, contaminando o nosso modo de pensar. O levantamento é positivo, e enxergamos que estamos no caminho certo”, diz.

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