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06/10/2018 às 16:21 - há XX semanas | Autor: Cartunista

CRÔNICA DO JAGUAR

Febeapá eleitoral

“Estou desconfiado de que a irreverência de Stanislaw hoje bateria de frente com a intolerância das redes sociais e as patrulhas dos politicamente corretos”
“Estou desconfiado de que a irreverência de Stanislaw hoje bateria de frente com a intolerância das redes sociais e as patrulhas dos politicamente corretos” -

Rio de Janeiro - Há 50 anos, em 18 de setembro de 1968 – três meses antes do AI-5 –, morreu Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta. De enfarte, com apenas 45 anos. E se não fosse Álvaro Costa e Silva ter lembrado isso numa crônica, teria passado em brancas nuvens. Eu mesmo confesso que esqueci completamente. O Marechal, como é conhecido , por razões óbvias, em redações e botecos, só nasceria oito anos depois que ele nos deixou. Mas o leitor tem a impressão de que os dois dividiam a mesma mesa nas madrugadas boêmias da Lapa e de Copacabana. Sabe tudo sobre o Lalau: escritor, jornalista, radialista, teatrólogo, televisista (termo que inventou), Sérgio se desdobrava. De preferência trabalhava em casa, só de cuecas, um mínimo de 15 horas por dia. ”Só levanto o olho da máquina de escrever para botar colírio”. Frase que ouvi quando fui ao seu apartamento buscar os originais de um livro. Posso me gabar de ter sido, até que se foi, seu único ilustrador. Poucos sabem é que esse incrível showman, humorista e apresentador, teve que vencer uma enorme timidez; nos seus primeiros shows na tevê e nos palcos ele se apresentava de costas para a plateia. Máximas inéditas de Tia Zulmira foi seu último trabalho. São quase 399 máximas, verdadeira suma da filosofia da sábia macróbia. Sérgio nos deixo antes da sua publicação. O criador do Festival de Besteira que Assola o País (Febeapá) ao morrer não poderia imaginar o quanto foi profético. Como sempre acontece, a realidade, ao copiar a caricatura, consegue no máximo chegar ao grotesco. Leitores mais jovens talvez não saibam o que é máquina de escrever, no caso dele uma Olivetti semiportátil – objeto hoje só encontrável em antiquários e museus na qual batucava pelo menos 15 horas por dia. Impossível não lembrar do Stanislaw na hora em que começa a propaganda eleitoral. O que os candidatos dizem de besteira daria para acrescentar um monte de volumes aos dois Febeapás que publicou. Outra coisa preocupante me ocorreu: estou desconfiado de que a irreverência de Stanislaw hoje bateria de frente com a intolerância das redes sociais e as patrulhas dos politicamente corretos. O samba do crioulo doido? Racismo que já começa no título. Mas quero lembrar que foi Sérgio Porto quem descobriu Cartola, um lavador de carros, que se transformou num dos gigantes do samba. E no livro Máximas inéditas da Tia Zulmira, ele diz que “todo racista devia ser amarrado pelas costas a outro racista até aprender a ser gente” – escolhi uma das frases da Tia Zulmira para vocês terem uma ideia.

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