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16/12/2017 às 10:05 - há XX semanas | Autor: Cartunista

CRÔNICA DO JAGUAR

O mundo encantado da TV

Jaguar: “Achei fácil abandonar a bebida, o difícil foi largar o copo. Sem ele, o que fazer das mãos?”
Jaguar: “Achei fácil abandonar a bebida, o difícil foi largar o copo. Sem ele, o que fazer das mãos?” -

Depois de sobreviver a um AVC, um câncer no fígado e uma cirrose, meus médicos vetaram o álcool. Achei fácil abandonar a bebida, o difícil foi largar o copo. Sem ele, o que fazer das mãos? Numa noite que já vai longe, não sei em que lugar e motivo, eu estava sentado ao lado de Leda Nagle na mesma mesa. E descobri que ela (ex-fumante) tinha o mesmo problema: o que fazer com as mãos? Ela gesticulando com um cigarro (sem filtro) elétrico na mão, e eu balançando um copo dágua com gelo e uma rodela de limão enfiada na borda (para lembrar gim tônica). Na mesma mesa uma mulher cintilava, parecia virtual. Equilibrava-se em saltos finos como estiletes. “Bruna-Bruno” - disse quando perguntei seu nome e para me certificar de que não estava tendo um visão. Ainda reuni forças para comentar: “necessariamente nessa ordem”. Aí ela sumiu para materializar-se no palco e receber o troféu de melhor rainha de bateria (da União da Ilha). Depois de onze anos de reinado, estava se aposentando, segundo me informaram. Respondendo à minha pergunta, Bruna-Bruno revelou que malha, caminha na areia, come pão de batata doce, omelete de clara e bebe um litro de chá de hibisco para se transformar num alumbramento que sobe ao palco para ser homenageada. E agora? O que fará Bruna-Bruno depois que deixar o trono? Irá para outra Galáxia? Certamente será mais complicada para ela essa mudança do que Leda parar de fumar, e eu de beber. Esqueci de perguntar o que ela fazia na via real, se era astrofísica, manicure, cartomante ou qualquer outra coisa. Outro problema que apareceu na minha vida foi a televisão. Antes da prisão domiciliar a que meus pés estropiados me condenaram, só ligava para ver futebol e isso quando era jogo de Copa ou final de campeonato. Stanislaw Ponte Preta, tremendo gozador, dizia que a televisão era máquina de fazer doido. Hoje, 49 anos (!) depois de ter passado desta para melhor (quem inventou esta expressão sabia das coisas) o Lalau veria que foi a televisão, depois de fazer milhões de doidos, que endoidou. Eu simplesmente não consigo entender nada das novelas que se revezem até a meia noite. E tampouco porque as autoridades não obrigam aqueles homens de pernas cruzadas a salvar o Brasil, já que eles têm soluções para todos os nossos problemas. Mas o melhor são mesmo os títulos dos filmes pornôs: Como você e ele também, Minha mãe está a fim da sua, Bundinha russas, Japas ardidinhas. Orgasmo garantido ou seu dinheiro de volta.

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Outro que furou a fila: Luiz Carlos Maciel. Com 79 anos, seis a menos que eu. Com seu jeito macio de ser, mais parecia baiano que gaúcho. Sua coluna Underground, no Pasquim, era a Bíblia dos ripongos paz e amor do pier em Ipanema e dos tropicalistas. Foi preso com a patota do jornaleco logo depois do AI-5. E o único a ser torturado: um coronel mandou cortar à força sua cabeleira. Sua morte não deu na Globo, apesar de ter trabalhado lá durante 20 anos.

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