Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > CRÔNICA DO JAGUAR
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

CRÔNICA DO JAGUAR

O mundo encantado da TV

Cartunista

Por Cartunista

16/12/2017 - 10:05 h
Jaguar: “Achei fácil abandonar a bebida, o difícil foi largar o copo. Sem ele, o que fazer das mãos?”
Jaguar: “Achei fácil abandonar a bebida, o difícil foi largar o copo. Sem ele, o que fazer das mãos?” -

Depois de sobreviver a um AVC, um câncer no fígado e uma cirrose, meus médicos vetaram o álcool. Achei fácil abandonar a bebida, o difícil foi largar o copo. Sem ele, o que fazer das mãos? Numa noite que já vai longe, não sei em que lugar e motivo, eu estava sentado ao lado de Leda Nagle na mesma mesa. E descobri que ela (ex-fumante) tinha o mesmo problema: o que fazer com as mãos? Ela gesticulando com um cigarro (sem filtro) elétrico na mão, e eu balançando um copo dágua com gelo e uma rodela de limão enfiada na borda (para lembrar gim tônica). Na mesma mesa uma mulher cintilava, parecia virtual. Equilibrava-se em saltos finos como estiletes. “Bruna-Bruno” - disse quando perguntei seu nome e para me certificar de que não estava tendo um visão. Ainda reuni forças para comentar: “necessariamente nessa ordem”. Aí ela sumiu para materializar-se no palco e receber o troféu de melhor rainha de bateria (da União da Ilha). Depois de onze anos de reinado, estava se aposentando, segundo me informaram. Respondendo à minha pergunta, Bruna-Bruno revelou que malha, caminha na areia, come pão de batata doce, omelete de clara e bebe um litro de chá de hibisco para se transformar num alumbramento que sobe ao palco para ser homenageada. E agora? O que fará Bruna-Bruno depois que deixar o trono? Irá para outra Galáxia? Certamente será mais complicada para ela essa mudança do que Leda parar de fumar, e eu de beber. Esqueci de perguntar o que ela fazia na via real, se era astrofísica, manicure, cartomante ou qualquer outra coisa. Outro problema que apareceu na minha vida foi a televisão. Antes da prisão domiciliar a que meus pés estropiados me condenaram, só ligava para ver futebol e isso quando era jogo de Copa ou final de campeonato. Stanislaw Ponte Preta, tremendo gozador, dizia que a televisão era máquina de fazer doido. Hoje, 49 anos (!) depois de ter passado desta para melhor (quem inventou esta expressão sabia das coisas) o Lalau veria que foi a televisão, depois de fazer milhões de doidos, que endoidou. Eu simplesmente não consigo entender nada das novelas que se revezem até a meia noite. E tampouco porque as autoridades não obrigam aqueles homens de pernas cruzadas a salvar o Brasil, já que eles têm soluções para todos os nossos problemas. Mas o melhor são mesmo os títulos dos filmes pornôs: Como você e ele também, Minha mãe está a fim da sua, Bundinha russas, Japas ardidinhas. Orgasmo garantido ou seu dinheiro de volta.

xxx

Tudo sobre Crônica do Jaguar em primeira mão!
Entre no canal do WhatsApp.

Outro que furou a fila: Luiz Carlos Maciel. Com 79 anos, seis a menos que eu. Com seu jeito macio de ser, mais parecia baiano que gaúcho. Sua coluna Underground, no Pasquim, era a Bíblia dos ripongos paz e amor do pier em Ipanema e dos tropicalistas. Foi preso com a patota do jornaleco logo depois do AI-5. E o único a ser torturado: um coronel mandou cortar à força sua cabeleira. Sua morte não deu na Globo, apesar de ter trabalhado lá durante 20 anos.

Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.

Participe também do nosso canal no WhatsApp.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas