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11/08/2018 às 16:15 - há XX semanas | Autor: Cartunista

CRÔNICA DO JAGUAR

O país do futuro já era

Jaguar, cartunista: “Se o capitão e o general forem eleitos, acredite se quiser, teremos muitas, mas muitas saudades do Temer”
Jaguar, cartunista: “Se o capitão e o general forem eleitos, acredite se quiser, teremos muitas, mas muitas saudades do Temer” -

Rio de Janeiro - Stefan Zweig, judeu austríaco, exilou-se em Petrópolis, no estado do Rio, enquanto Hitler barbarizava a Europa. Brasil, país do futuro foi lançado depois da sua primeira viagem ao país, em 1936, em vários idiomas, inclusive o nosso. Foi um tremendo sucesso de vendas mundo afora. Já a crítica foi reticente; afinal, o Brasil vivia a ditadura de Vargas e os elogios ufanistas do escritor às maravilhas do Patropi não batiam com a realidade, a repressão dos fascistas tupiniquins. O fato é que quando ele e sua mulher, Lotte, se mataram com veneno, o impacto foi enorme. Eu tinha 10 anos e uma das poucas lembranças que tenho da infância é de minha mãe chorando como se tivesse perdido um parente. Na estante do escritório do meu pai tinha uma prateleira só com livros dele. Inclusive um com dedicatória, do que ele muito se ufanava. Zweig fez uma palestra em Santos, onde meu pai era gerente do Banco do Brasil. Outro que se matou em Petrópolis foi Santos Dumont, o inventor do avião e do relógio de pulso. E fico imaginando: se fossem vivos, acho que se matariam de novo, depois do noticiário do Bom Dia, Brasil (risos). Se Petrópolis parece uma cidade boa para se matar, também é boa para se viver: passamos lá boa parte do nosso tempo. E apesar de ver o noticiário das oito, ainda não pensamos em veneno, corda ou pistola. Nem chegamos ao ponto do personagem da HQ do Adão Iturrusgaray, que todos os dias se atira do alto de um penhasco. Fiz uma charge na qual um eleitor se mostra indeciso: “Não sei se voto no ruim ou no pior”. E, é claro, um deles é o Bolsonaro, meu colega. Pasmem, mas é verdade: fiz meu serviço militar na Artilharia , como ele. E também descobri que conseguiu o que parecia impossível: um vice mais racista e reacionário que ele. Convenhamos: isso demanda alguma competência. Esse general Mourão seria parente do general Mourão, chefe da censura depois do golpe e que, a partir do AI-5, infernizou a vida do Pasquim? E o pior é que, se forem eleitos, já encontrarão muita coisa do jeito deles. Pasmem de novo: 400 mil bombas de fragmentação fabricadas no Brasil já foram jogadas no Iêmen. Cada uma mata e dilacera numa área de 400 metros de diâmetro. Sessenta países assinaram um tratado se comprometendo a não fabricar essas armas letais. O Brasil não assinou: faturar é preciso. Depois das eleições, teremos possivelmente o pior presidente da História do Brasil. Outro dia um repórter me ligou, querendo saber em quem eu vou votar. “Em ninguém, meu filho. Porque no dia seguinte à posse vou ter que fazer charges contra o eleito. Não existe charge a favor”. Aí ele perguntou por que não tenho feito charges contra o Temer. “Eu não sabia que ele ainda estava no Alvorada”, respondi. Para terminar: se o capitão e o general forem eleitos, acredite se quiser, teremos muitas, mas muitas saudades do Temer.

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