CRÔNICA DO JAGUAR
Outros carnavais
Por Cartunista
Eu, com 6 anos, na varanda da casa na rua Alexandre Herculano, em Santos. Carnaval de 1938. A família ia para o baile de Carnaval infantil na AABB (Associação Atlética do Banco do Brasil). Meu pai, “seu” Jaguaribe, era gerente da agência do BB e presidente do clube. Olhando a foto desse mimado filhinho de papai, com sua ridícula fantasia de seda, não sei como não virei gay. Sou carioca, mas fiz o primário e o secundário em Santos. Com 6 anos, já era torcedor do Santos (Pelé só nasceria dois anos depois, em 1940). Em 1938 as tropas nazistas já tinham invadido a Áustria e a República Tcheca. Mas Freud conseguiu escapar graças a um nazista chamado Anton Sauerwald, comissário encarregado pelo exército de Hitler de fazer o levantamento e o confisco dos bens do pai da psiquiatria. Conseguiu o visto e o embarque do ilustre judeu para a Inglaterra pelo Expresso do Oriente, parece até história de Agatha Christie. Isso não tem nada a ver com a crônica, mas achei interessante contar. Alheio a tudo isso, nós, em Santos, jogávamos tênis e tomávamos sorvete no Hotel Parque Balneário, o mais chique da cidade. Naquela época, submarinos nazistas começavam a torpedear navios brasileiros. Ainda não tinham inventado a palavra alienação e todos éramos muito felizes.
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Parabéns para Zeca Pagodinho, que comemorou impávido seus bem vividos 59 anos, prova (muito) viva de que o samba verga mas não quebra, na frase imortal do grande Candonga. Por falar nele, foi poupado de assistir ao pior Carnaval carioca de todos os tempos, durante o governo (risos) do Crivela. O bispo não vai poder ficar para a festa desta cidade, para ele, uma Sodoma e Gomorra tropical. Vai pegar alguma grana na África. Bem feito para os que votaram nele.
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Ziraldo é pertinaz. Primeiro cismou de lançar Bundas. Eu disse : “Ziraldo, alguma tia sua vai pedir Bundas ao jornaleiro?”. Teve vida breve. Fracasso retumbante (João Ubaldo declarou que não comprava Bundas por ter papel higiênico em casa). Mas Ziraldo parte agora para outra empreitada, mais grandiosa: reeditar o mítico Jornal do Brasil. Quando lançou Bundas aproveitou para criticar “os meninos do Casseta e Planeta”. E acrescentou: “Somos os únicos a fazer crítica social e política. O Casseta começou bem, mas se rendeu ao consumismo”. Tomara que também não dê chabu. Mesmo assim, torço por ele: sou dos que ainda acreditam que jornal não serve apenas para embrulhar peixe.
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