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CRÔNICA DO JAGUAR

Pensamentos do pensador

Por Jaguar | Cartunista | Foto: Ilustração

29/12/2018 - 14:40 h
O Pensador é obra de maturidade, datada de 1902, quando Rodin tinha 62 anos
O Pensador é obra de maturidade, datada de 1902, quando Rodin tinha 62 anos -

Rio de Janeiro – Acho que todo mundo, como você e eu, tem suas listas de melhores em cada setor. Os ícones. Por exemplo, no futebol: Pelé, Garrincha e Puskas não podem faltar em nenhuma lista, né? De vez em quando me aventuro num sebo escondido num beco em Copacabana, levando minha alergia à poeira e fungos para ser testada entre pilhas de livros que já passaram, como prostitutas em fim de carreira, por inumeráveis mãos. Comprei um álbum ensebado (daí o nome: sebo), com fotos de obras de Rodin, onde se destacam O Beijo, O Busto de Balzac e O Pensador. Este inicialmente fazia parte da Porta do Inferno, encomendada pela prefeitura de Paris para homenagear A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Representava, segundo Rodin, o poeta. Virou O Pensador depois que foi retirado do conjunto e ganhou vida própria. O Pensador é obra de maturidade, datada de 1902, quando Rodin tinha 62 anos. Nesse ano nasceram Carlos Drummond de Andrade e Lúcio Costa e foram fundados o Fluminense e o Real Madrid. O Pensador hoje está no Museu Rodin, na mansão onde o mestre viveu seus últimos dias. Os baianos foram privilegiados: durante três anos, até 2012, hospedaram no Palacete das Artes boa parte da obra de Rodin. A mostra teve um público de 480 mil visitantes. A vida de Rodin daria um filme. E deu dois. O mais recente foi exibido no Festival de Cannes de 2017, data do seu centenário. Ganhou prêmios polêmicos. Para parte da crítica tratava-se de um filme “velho”. Aquela manjada história do artista que nasceu na pobreza e conheceu a glória e a riqueza em vida. Dirigido por Jacques Dillon, o escultor foi interpretado por Vincent Lindon e sua amante, Claudine Claudel, por Hizia Higelin. Decerto não ficará na história do cinema. Já Michelangelo, inspirador da obra de Rodin, certamente aprovaria o discípulo. Mas vale a pena lembrar a entrada de Camille Claudel na vida de Rodin, como aprendiz no seu ateliê. O fato de ser casado não foi obstáculo para se tornarem amantes. Mas o talento da moça começou a incomodar o mestre, que passou a ver nela uma possível rival. Minimizava seu trabalho e, segundo ela, aproveitou projetos dela nas suas obras. Para piorar, ela era irmã de Paul Claudel, o grande poeta, glória da literatura francesa. Ele nada fez quando Rodin, acusando Camille de paranoica, internou-a num hospício, recusando-se a pagar suas diárias. Prova de que genialidade não tem nada a ver com caráter. Morreu completamente desamparada e foi enterrada na vala comum como mendiga sem ter recebido nenhuma visita de Rodin, de Paul ou da mãe. No entanto, neste finzinho do século 21, eu diria que a obra de Camille Claudel nada fica a dever à de Rodin. Fica a sugestão de uma exposição dela também no Palacete das Artes.

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