COLUNA DO MANNO
Não Somos Hooligans
Por Músico l [email protected]
A decisão de impor torcida única nos próximos confrontos entre Bahia e Vitória – tradicionais rivais e responsáveis por grandes manifestações de alegria da cidade – não só mancha a qualidade do espetáculo como redimensiona o significado do esporte para um patamar contraditório e menor.
O esporte, como grande fomentador de cultura e lazer de um estado soberano, tem como princípio básico justamente promover a coletividade, o convívio e o respeito à adversidade.
Os confrontos entre rivais possibilitam verdadeiras catarses de emoções e sentimentos, transformando as partidas em embates criativos, repletos de cantos e alegorias – fazendo dos encontros verdadeiras festas e celebração. Daí serem chamados de clássicos. A competitividade sempre fez parte do futebol e não há nada mais enriquecedor que o aprendizado com as derrotas e com as explosões de felicidade das vitórias.
O triste episódio ocorrido no Ba-Vi passado, ocasionando a morte do jovem Carlos Henrique – lamentável absurdo que comentei aqui há duas semanas – deve servir justamente como instrumento de pacificação e reposicionamento de posturas pessoais. Ambas as torcidas compartilham do sentimento de repúdio a fatos assim. E se uniram para protestar contra tais acontecimentos, tirando lições e promovendo discursos de paz e harmonia.
Ao impedir que as torcidas do Bahia e do Vitória compareçam juntas ao maior clássico do Nordeste, não só nos personifica como animais irracionais – nos fazendo parecer que somos incapazes de conviver com o contraditório – como também fere imensamente o princípio de civilidade e tradições que nos acompanham.
As torcidas do Bahia e do Vitória estão longe de ser exemplos de torcidas violentas e agressivas. Ao contrário. Somos mesmo exemplo de torcidas alegres e combativas. Gozadoras. Provocativas. Mas tendo muito mais características de sermos boas referências do que o contrário.
Não puniram os clubes com essa decisão constrangedora: puniram a nós, torcedores, que através de demonstrações de amor e paixão fazemos do nosso futebol fio condutor da nossa cidadania e amadurecimento pessoal.
Pena. Nem a torcida do Bahia nem a do Vitória mereciam ser tratadas como hooligans. Não somos hooligans.
Somos Baêa. Somos Vitória. Somos melhores que isso.
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