COLUNA DO MANNO
Varal Tricolor
Por Músico l [email protected]
Preciso de uma mochila daquelas de Jequié. Aquelas que foram distribuídas para os garotos que medem menos que elas, sabe? Afinal, já são 30 camisas do Esquadrão para guardar após a última recebida no início desta semana, depois do Ba-Vi final do Baianão.
Não posso dizer que ela não deu sorte; afinal, ainda não a usei.
Dessa coleção, a mais valiosa e importante: aquela de 88, que já não cabe mais em mim, que me acompanhou durante a campanha do bicampeonato brasileiro do Esquadrão naquele ano.
Cada camisa guarda um pedaço da história do Bahia em mim. Muitos títulos, conquistas, alegrias, decepções. Na parede da memória, lembranças de amigos, de farras, de colégios e faculdades; de idas e vindas ao estádio, aeroportos, babas na praia; de shows (no palco e fora dele).
No último show de Paul McCartney que fui, em São Paulo, foi com uma delas que me vesti. Fiquei em frente ao palco, bem pertinho do meu ídolo maior no mundo da música. Em Outubro, quando ele virá pela primeira vez a Salvador para se apresentar, estarei novamente vestido de tricolor à sua frente. Vai que de repente ele manda um “Bora, Baêeeea” no meio do show?
Também foi com uma camisa do Bahia que assisti a outro dos maiores shows que já assisti na vida: Roger Waters, no Rio. E foi com outra que fui a um Rock in Rio e com outra a um ensaio da Timbalada.
História nas camisas
Arrumando o guarda-roupa, percebi o quanto de minha história passeia através dessas camisas. Muitas foram as vezes em que caminhei a pé contornando o Dique para chegar na antiga Fonte Nova vestindo uma delas.
Algumas, que não uso mais, ficaram marcadas como azarentas. Especialmente quando caímos para a Série C, naquele tempo em que o Bahia era maltratado e depenado pelos seus antigos administradores. Outras, porém, são chamadas de ‘camisas da sorte’: viram muito mais títulos e conquistas do que derrotas.
O Bahia irá estrear dia 14 deste mês na Série A, contra o Atlético Paranaense. Será o dia também da estreia da camisa nova. E será a volta do Bahia à competição mais importante do país. Que fiquem guardada nas minhas camisas, no final do ano, lembranças de um campeonato incrível para mim e para o Bahia. Que tenhamos competência para fazer um campeonato honroso, disputando a liderança, buscando vencer.
Um time vencedor se faz através da construção de sua história. E história o Bahia tem demais para contar. Ele e nossas camisas penduradas no nosso varal de sentimentos e saudade.
“De que são feitos os dias? / de pequenos desejos / vagarosas saudades / silenciosas lembranças / entre mágoas sombrias / momentâneos lampejos / vagas felicidades / inatuais esperanças”.
(Clarice Lispector)
#BBMP!!
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