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16/06/2024 às 0:00 - há XX semanas | Autor: Evanilton Gonçalves*

CRÔNICA

Amor Omnia Vincit

Confira a crônica do escritor Evanilton Gonçalves

Imagem ilustrativa da imagem Amor Omnia Vincit
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No caminhar por essa esfera flutuante a procura de nós mesmos, não nos damos conta de que somos povos das estrelas. Aqui estamos, carregando átomos dos astros brilhantes que parecem tão distantes de nós. Aqui estamos, muitas vezes aflitos por inúmeras coisas banais que transformamos em superlativas. Não nos querer. Querer alguém. Às vezes nos achamos grandes demais; às vezes, pequenos demais. Qual a medida certa? O universo se expande. A gente se expande. A vida é assim. Não linear. Cheia de idas e vindas, avanços e recuos estratégicos, curvas e surpresas. Talvez seja por isso que, apesar dos cansaços da vida, a gente persiste e sonha.

Ia pensando outro dia ao ler um livro sobre astronomia, as estrelas em seus movimentos quase imperceptíveis por milênios fazem com que o céu que eu enxergue hoje seja o mesmo céu estrelado de outros tempos e outros povos. Para onde olhava Virgílio quando cunhou a frase latina cuja variação uso como título desta crônica? O amor vence tudo? Em que amor se pensa quando se pensa no amor? Encaro o espelho em busca do amor-próprio. Temo a baixa autoestima ou a arrogância. O exercício do olhar é ser amigo do que vejo. Não quero abandonar meu amigo. Quero ser afetuoso. É ele quem me conduz com a gentileza possível pelo mundo. O mundo ainda não acabou. Venha, amigo, digo a mim mesmo. E ele então se movimenta para me ajudar a ultrapassar as coisas impossíveis. Aquelas, sabe, que a gente até hoje não sabe como faz, mas faz. Como é bom vencer o medo, virar a esquina e ser iluminado pela possibilidade de um sorriso, não é?

Não tenho tido notícias da melhora do mundo. As catástrofes climáticas e seus efeitos estão aí. Estamos vinculados a rotinas de sobrevivência que nos fazem olhar para o céu não em busca de estrelas, mas de algo divino e obscuro que acene que tudo ficará bem de uma forma ou de outra. Enquanto o mundo acaba, ainda quero ler, escrever, ouvir música, desfrutar de boas companhias. Sorrir. Quem sabe até aprender coisas enigmáticas com os números. Quero o espanto. Acordar para aprender. Todos os dias. O que acontece depois do amor? Anseio repetir as imagens evocadas pelo poeta Derek Walcott, da ilha de Santa Lúcia. Apesar do fim do mundo, quero, assim como ele, sentar diante do espelho e festejar minha vida.

A vida assusta e encanta. Sabemos disso. Escolhas: cruzar os braços e se isolar no emaranhado das redes; abrir os braços para receber o mistério do planeta. Enquanto escrevo, o tempo devora minha sombra. Persisto. A invenção se ergue capaz de evocar memórias que desencadeiam um sorriso entusiasmado por uma lembrança prazerosa – como um lençol de tecido agradável que cobre nossos corpos e nos protege do frio. O tempo segue devorando minha sombra, mas ainda estou aqui. Por isso o exercício de imaginação segue em alta: percorrer lentamente os sinais de seu corpo com o dedo, traçar linhas imaginárias que formam figuras singulares. Nomear essa constelação.

*Evanilton Gonçalves é autor de O coração em outra América (Paralelo13S)

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