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07/01/2024 às 5:00 • Atualizada em 07/01/2024 às 12:08 - há XX semanas | Autor: Renato Alban

MUITO

As andanças do Pernatur: turistas da própria cidade

22 mulheres com mais de 60 anos de idade se reúne para um passeio turístico em Salvador

O coletivo foi criado há cinco anos pela bancária
O coletivo foi criado há cinco anos pela bancária -

Toda quarta-feira, um grupo de 22 mulheres com mais de 60 anos de idade, 20 delas aposentadas, se reúne para um passeio turístico na própria cidade onde vive. O grupo ganhou o nome de Pernatur, uma brincadeira que faz referência aos tours que fazem juntas em Salvador e a uma característica comum aos passeios, feitos principalmente a pé.

O coletivo foi criado há cinco anos pela bancária aposentada Vânia Rebelo, 64 anos. Acostumada a fazer passeios a museus, galerias e pontos turísticos com a mãe, Vânia comentou com algumas amigas que iria ao Forte de São Diogo, na Barra. “Quando cheguei lá, encontrei um grupinho me esperando, uma chamou a vizinha, outra a irmã, outra uma amiga”, lembra.

No mesmo dia, uma quarta-feira, o grupo decidiu que tornaria a prática um compromisso semanal. Com o boca a boca, o coletivo cresceu e, desde 2018, já fez mais de 80 atividades. A decisão dos passeios é de Vânia, com sugestões das participantes. “Nasci em Salvador e adoro a cidade, toda vez que eu sei que um ponto turístico foi inaugurado, eu amo”, conta a fundadora.

Para ela, o grupo se transformou em uma irmandade das “pernatetes”, como as integrantes se chamam. “Criamos um vínculo maravilhoso. Não há cobrança de taxas nem de comportamento. É só alegria mesmo”, diz Vânia.

Para a arquiteta aposentada Marina Alonso, 74 anos, participar do grupo abriu uma nova visão sobre a vida depois do afastamento do mercado de trabalho.

“Eu tinha muito medo de me aposentar e ter depressão, ficar sozinha, então, eu relutei muito para pedir a aposentadoria”, relata Marina. “Hoje, não tenho tempo disponível porque temos muitos eventos”.

Os compromissos do Pernatur ocuparam a agenda da arquiteta e também a ajudaram a formar laços com outras mulheres e também com a cidade.

Carioca, Marina se mudou para a Bahia há mais de 30 anos, mas passou grande parte do tempo trabalhando em Camaçari, Região Metropolitana da capital. “Não tinha tempo para conhecer Salvador”, diz. No Pernatur desde a fundação, a arquiteta acredita que a amizade e o respeito à individualidade são as características que mantêm o coletivo unido.

A bancária aposentada Tatiana Freitas, 67 anos, segue a mesma linha: “Já fiz parte de outros grupos que implodiram por si só”. A permanência do Pernatur, segundo Tatiana, tem relação com o elo de amizade que se criou entre as “pernatetes”, “onde se pode contar com a outra para rezar nas horas difíceis e gargalhar nas alegrias”. Outro fator importante, diz a bancária, é o respeito às limitações de cada uma.

Esse é um cuidado que Vânia mantém: “Se vamos a um local, é preciso ver onde vai fazer um lanche, tomar um café, se o banheiro é limpo, porque são senhoras”.

A mais idosa do grupo é a mãe da fundadora, Amenaide Rebelo, 96 anos. Como o grupo surgiu dos passeios entre Vânia e a mãe, Amenaide se tornou a “musa do Pernatur”. “Sempre que é possível, ela nos acompanha”.

Para Tatiana, o fato de todas as integrantes terem mais de 60 anos gera identificação e respeito entre as mulheres. Para que essa harmonia se mantenha, Vânia não abre o grupo para novas integrantes.

“Como a gente anda na rua, tomar conta de um grupo grande é difícil”, destaca Vânia, a fundadora, que incentiva a criação de novos coletivos semelhantes ao Pernatur.

A união do grupo se manteve até mesmo durante a pandemia de coronavírus, entre 2020 e 2022. “Criamos o ‘pernazoom’ e mantivemos nossos laços”, lembra Vânia. Com videochamadas, as pernatetes mantiveram os encontros às quartas. Até mesmo quando a chuva atrapalha o passeio, a reunião é mantida, mas como um evento intimista, em casa.

Entre os passeios favoritos de Marina estão as visitas ao Museu da Misericórdia, no Centro Histórico, e ao Instituto Feminino, no Politeama.

Para Vânia, os passeios mais divertidos são no Pelourinho e no Santo Antônio Além do Carmo. Tatiana também elogia os principais pontos turísticos nestes bairros: “Estão sempre arrumados, cheio de atrações”.

Ela compara os passeios nos locais mais famosos da cidade com outros destinos menos explorados: “Também são belíssimos, mas estão inseguros”.

Tatiana também se queixa da prestação de serviços em Salvador. Para a bancária, ainda há muito preconceito com pessoas mais idosas no atendimento.

Diferentemente da percepção de Tatiana, Vânia acredita que a cidade está preparada para os passeios turísticos de grupos como o Pernatur. “Tem um leque de opções, nunca nos sentimos ameaçadas”. Para isso, a fundadora mantém alguns cuidados: “Sempre saímos entre 14h e 17h e quem não pode ir ou não tem carro pega carona”.

Neste mês de janeiro, o grupo já se organiza para o Verão do Pernatur, que terá uma feijoada na véspera da Lavagem do Bonfim, que será na próxima quinta-feira, 11, seguida de uma ida à Ilha de Itaparica.

“O Pernatur mudou a minha vida. Com as ‘pernatetes’, aprendo a ver a vida de uma forma leve, descontraída, alegre”, relata Vânia. Na sequência, confira algumas sugestões do Pernatur para passeios.

Cinco passeios em Salvador indicados pelo Pernatur:

- Mosteiro do Salvador (Av. Afrânio Peixoto, s/n, Coutos)

Fundado em 1971 no bairro de Brotas, o Mosteiro do Salvador foi realocado para Coutos, no subúrbio ferroviário de Salvador. A criação se deu em função dos 150 anos da Congregação Beneditina do Brasil e a pedido do então cardeal primaz do Brasil, Dom Avelar Brandão Vilela. “Além de ser um ambiente onde se respira paz ao som de canto gregoriano, é possível, mediante agendamento, fazer um retiro espiritual no local”, conta a criadora do grupo Pernatur, Vânia Rebelo. Ela também indica os produtos vendidos na loja do mosteiro, como geleias e biscoitos do tipo “bricelets”. “De receita suíça e massa finíssima”, explica Vânia. O local ainda mantém programas sociais com ofertas de aulas de atividades como ballet e judô. O mosteiro fica aberto todos os dias das 7h às 17h. A visitação é gratuita. Mais informações: mosteirodosalvador.org.br.

- Casa do Carnaval (Praça Ramos de Queirós, s/n, Pelourinho)

Fundado há cinco anos, o museu tem fotos e documentos da festa e maquetes, roupas e instrumentos cedidos por artistas. A curadoria do acervo foi feita pelo arquiteto e artista Gringo Cardia, que também foi responsável pela Casa do Rio Vermelho. O grupo Pernatur indica o passeio tanto para baianos quanto para turistas. Além do acervo do museu, as integrantes do coletivo destacam as projeções de vídeos com coreografias para os visitantes aprenderem as danças mais icônicas ou em alta para o próximo Carnaval. A ida ao Pelourinho é outro destaque do passeio para o Pernatur. A visitação da Casa do Carnaval pode ser feita de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, com entrada até as 17h. A entrada é R$ 20, a inteira, e R$ 10, a meia. Às quartas-feiras, o ingresso é gratuito. Mais informações no perfil do Instagram @casadocarnavaldabahia.

- Centro Cultural Sesi Casa Branca (Av. Caminho de Areia, 1454 - Caminho de Areia)

O centro é um museu de tecnologia. Vânia Rebelo, do Pernatur, indica o espaço especialmente para quem vai fazer o passeio com crianças. “É interativo, colorido, muito bom”. O local comporta uma varanda para apresentações artísticas, uma sala de arte e um espaço dedicado a experimentos científicos. É também a sede da Orquestra Jovem Sesi. O ingresso é entre R$ 10 (meia), e R$ 20 (inteira). O Centro Cultural Sesi Casa Branca está aberto para visitação de quarta a domingo, das 10h às 17h. Mais informações: sesicasabranca.com.br/o-centro-cultural.

- Espaço Caixa Cultural Salvador (R. Carlos Gomes, 57, Centro)

“Bem no centro da cidade, sempre com boas exposições, guias competentes e um espaço muito acolhedor”. Assim a fundadora do Pernatur descreve o Espaço Caixa Cultural Salvador. Inaugurado em 1999, o equipamento se localiza na Antiga Casa de Oração dos Jesuítas, um imóvel do século XVII tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional. Tem teatro, pátio com apresentações musicais, galerias de arte e uma brinquedoteca cultural. Fica aberto de terça a domingo, das 9h às 17h30, com entrada gratuita. Mais informações pelo perfil do Instagram @caixaculturalsalvador ou pelo site caixacultural.gov.br.

- Espaços culturais nos fortes Santa Maria e São Diogo

O grupo Pernatur sugere que turistas e moradores de Salvador façam o passeio aos espaços culturais dos fortes Santa Maria e São Diogo, ambos no bairro da Barra, no mesmo dia. Em seguida, indica “uma esticada” até o Farol da Barra para ver o pôr do sol. “São museus modernos e interativos”, diz a fundadora do coletivo, Vânia Rebelo. No forte Santa Maria, está localizado o Espaço Pierre Verger da Fotografia da Bahia e, no São Diogo, o Espaço Carybé das Artes. No primeiro, os visitantes têm acesso a fotografias de mais de 100 artistas, incluindo o fotógrafo Pierre Verger, e, no segundo, mais de 500 obras de mídia digital e realidade virtual sobre a obra do artista plástico Carybé. Em ambos, a visitação é de quarta a segunda, até às 18h, com entrada até às 17h. No Santa Maria, a entrada começa às 11h e, no São Diogo, às 10h. O ingresso nos dois locais custa R$ 20, a inteira, e R$ 10, a meia. Mais informações dos perfis do Instagram @espacopierreverger e @espacocarybe.

- Outros passeios sugeridos pelo grupo:

Museu de Arte Sacra (R. do Sodré, 28 - Dois de Julho), Museu do Sorvete (R. Pôrto dos Tainheiros, 80 – Ribeira), Casa do Rio Vermelho (R. Alagoinhas, 33 - Rio Vermelho) e Museu do Mar (Largo de Santo Antônio Além do Carmo, 2 - Santo Antônio Além do Carmo).

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