Benefícios da hipnoterapia durante a gravidez e pós-parto

Emoções. Aquelas que podem ser guias de muitas das nossas ações e parecem incontroláveis. Todos sentem, a diferença é que alguns lidam melhor com elas do que outros, e isso depende de uma série de fatores. Em situações novas e, principalmente, quando não estamos no controle, é comum nos sentirmos perdidos e com medo.

As mães de primeira viagem e até as que já passaram por uma gestação, por exemplo, vivem momentos delicados durante todo o processo da gravidez. É preciso não apenas cuidar do corpo, mas também da mente e das emoções. Uma das formas de fazer isso é através da hipnoterapia, uma combinação de técnicas da hipnose com técnicas terapêuticas.

Isabelly Batista é uma dessas mulheres. Mãe de Ravi, que nasceu em abril, em meio a uma pandemia, em um momento duplamente novo e desconhecido de sua vida, as emoções vieram ainda mais à tona. “Foi bastante preocupante, principalmente porque eu estava trabalhando, mas durante todo momento mantive a calma e me conectei muito com o meu bebê”, conta. Isabelly diz que a hipnoterapia a ajudou durante todo o processo da gestação, no parto e no pós-parto.

Ela fez apenas uma sessão de hipnoterapia durante a gravidez e aprendeu a técnica de auto-hipnose porque pesquisou muito sobre o assunto. “Eu sentia o meu bebê por completo durante o processo de hipnose e fiquei encantada com aquilo”.

No puerpério e amamentação, a hipnose também a ajudou, ao passo que conseguia acessar pontos profundos da mente. “O autoconhecimento é muito importante, porque, além de ter um bebê sendo gerado, tem a minha vida também. Além de ser mãe, eu continuo sendo mulher”, diz.

Daniela Toneti é enfermeira obstetra e hipnoterapeuta. Ela explica que a hipnoterapia é muito eficaz e rápida: “Em uma ou duas sessões as coisas começam a mudar, porque a pessoa começa a ver o mundo de outra forma, com outro olhar”.

No caso da gestante, a mulher começa a focar mais em si e assumir o controle. A hipnoterapia tem como objetivo trabalhar emoções que podem atrapalhar momentos importantes, como o medo. “A forma de lidar com os possíveis problemas é outra. A mulher fica segura e tem uma nova visão sobre o parto e a maternidade”, diz.

De acordo com ela, as mulheres são ensinadas desde pequenas que o parto é um momento doloroso, sofrido, mas, pelo contrário, pode ser prazeroso e uma ótima experiência. “Tudo depende de como fomos preparadas para o momento. Se estamos confiantes, paramos de ter sensações negativas que podem atrapalhar o parto. Naturalmente, os hormônios entram em equilíbrio para um trabalho de parto tranquilo”, analisa.

Poder da mente

Mãe de dois filhos, ela também lembra que a experiência no primeiro parto foi como costuma ser para a maioria das mulheres. Já na segunda gravidez, Daniela se informou mais e foi mergulhando nesse universo.

“Além de todos os cuidados físicos que tomei durante a primeira gestação, fui procurar tratar a mente”, diz ela, que não conhecia a hipnose ainda, mas buscou informação. “Me empoderei através do conhecimento e da espiritualidade também”. Ela conta que o trabalho de parto do primeiro filho levou cerca de 23 horas, já no parto da Nina foram quatro horas: “Tive em casa, só com a ajuda de uma doula, e foi muito prazeroso”.

A experiência de Polyá Terra foi parecida. Com 20 anos ela descobriu a gravidez. Os primeiros cinco meses foram difíceis porque tinha anemia há muito tempo, o que fazia com que suas energias se esgotassem mais rápido.

O tratamento que tem como base o uso de técnicas da hipnose a ajudou a ter uma gestação mais tranquila e feliz. “O restante da gravidez foi muito lindo. Eu adquiri consciência das minhas emoções e não me deixei levar pelos sentimentos ruins”, conta. “Durante as sessões são dadas instruções para chegar a um estado de relaxamento total do corpo, da mente. É como se eu estivesse em um sonho, mas com consciência de tudo.

No parto em casa, desejo de Polyá, que estava muito segura da sua decisão de ter total autonomia no nascimento do seu bebê, manteve o contato com sua hipnoterapeuta pelo telefone. “Foi o que aliviou as dores. Pari de cócoras, na presença do meu companheiro, da minha mãe e de um amigo e quando nasceu parecia que o mundo tinha parado ali”, relata.

Outras questões

A hipnoterapia não é indicada para tratar apenas mulheres na gestação ou no pós-parto, ela pode trabalhar problemas de diferentes origens. De acordo com Diego Wildberger, a hipnoterapia não substitui um tratamento médico e é indicada para pessoas saudáveis. “Aquela pessoa que tem uma questão, mas não precisa de um atendimento psiquiátrico. Quem sabe das suas limitações e tem capacidade de compreensão e autonomia da própria vida”, explica.