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MODA

Brechós diminuem impacto ambiental do fast fashion

Na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, Muito+ debate moda sustentável

Por Renato Alban

04/06/2023 - 15:00 h
Lavínia Mello, dona do Dorothy Brechó
Lavínia Mello, dona do Dorothy Brechó -

Produzir, consumir e descartar é o ciclo básico do mercado das roupas. Se, por um lado, essa é a indústria que mais emprega no Brasil, por outro, é a segunda maior poluente do mundo. O equilíbrio entre manter a rentabilidade deste mercado e diminuir os impactos ambientais é um desafio para todos os países que se repete por aqui. Na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, Muito+ propõe uma revisão sobre esse ciclo das roupas que gera renda para mais de um milhão de brasileiros, mas também mais de quatro milhões de resíduos descartados no país. Os dados são das associações brasileiras da indústria têxtil e das empresas de limpeza e resíduos.

Além dos efeitos no meio ambiente, grandes marcas do fast fashion como Zara, Pernambucanas, Riachuelo e Le Lis Blanc têm enfrentado condenações por exploração de trabalho análogo à escravidão na fabricação das peças.

Não existe ainda um consenso sobre a solução para a diminuição desses impactos sociais e ambientais, mas empresários e especialistas do setor têm apontado caminhos. O mercado das roupas usadas, conhecido como “moda circular”, é uma dessas apostas. Esse segmento deve crescer entre 15% e 30% até o final da década e pode ultrapassar o fast fashion no Brasil, segundo pesquisa da consultoria BCG.

Produtora de moda e criadora de conteúdo nas redes sociais sobre o tema, Maria Clara Lauton é uma adepta da moda circular. “Percebi que a indústria tem um descarte muito grande de peças e daqui para a frente vai fazer mais sentido a gente repensar a forma de consumir e o que fazer com tantas roupas”, afirma Maria Clara.

Esse foi o motivador da dona do Compritchas Brechó, Gláucia Baruch, ao abrir a empresa. “A moda circular é a possibilidade de a indústria reduzir emissões de carbono, economizar água e energia e reduzir consumo do solo”, comenta Gláucia, que abriu o brechó em 2011 com vendas online e, em 2013, numa loja física.

Para o produtor de moda e sócio do brechó Brechó da Betty, Helenildo Amaral, as lojas de roupa de segunda mão dão visibilidade aos efeitos do fast fashion e tornaram-se fonte de renda para muitos baianos. Em março deste ano, ele e a sócia, a apresentadora e jornalista Paula Magalhães, reuniram 16 brechós da cidade em uma feira na estação da Lapa, em Salvador.

Preconceito

O evento evidenciou uma mudança na visão dos baianos sobre os brechós na última década. “Antes, as pessoas confundiam brechó com bazar de igreja, diziam que era roupa de morto, que tinha energia ruim e que tinham vergonha comprar nessas lojas”, conta Helenildo. “Queria desmistificar a ideia de que brechó é um depósito de roupas velhas e descuidadas”.

Inaugurado há 13 anos, o Lavínia Brechó foi um dos pioneiros em Salvador. A dona da loja, Lavínia Mello, confirma que houve uma transformação na percepção dos baianos sobre a compra de roupas de segunda mão. Segundo ela, o “garimpo” de peças em brechós virou um motivo de orgulho para os clientes.

Outros dois fatores têm ajudado a popularização dos brechós. As vendas online é o primeiro deles. “Com a internet, a gente alcança um público maior do que com o espaço físico”, comenta o sócio do Brechó da Betty, que funciona exclusivamente online. O outro fator é a entrada de empresárias famosas no ramo, como as atrizes Glória Pires, Deborah Secco e Fiorella Mattheis.

Para a produtora de moda Maria Clara, a roupa de brechó traz mais autenticidade ao usuário do que o fast fashion. “São peças que não estão em lojas ou coleções”. Ela também destaca a seleção das roupas feitas pelas lojas. “A gente vê brechós que têm uma curadoria espetacular de peças tanto em qualidade quanto em peças de grife”.

Para dona do Compritchas Brechó, o mercado de roupas de segunda mão deixa a moda de luxo mais acessível. “Uma pessoa pode comprar uma bolsa de grife, que sempre sonhou, mas que não poderia pagar o valor de uma nova”, diz Gláucia. Por conta desse diferencial, a empresária não considera que o brechó não compete diretamente com as lojas de fast fashion.

Diferente das grifes e das lojas de departamento, os brechós têm o desafio de garimpar as peças para venda. E cada brechó tem a própria estratégia. O Lavínia Brechó trabalha exclusivamente com peças compradas ou doadas. “Antes, as pessoas doavam mais, hoje, querem vender”, comenta a dona da loja. Já o Compritchas Brechó comercializa peças por consignação.

O Brechó da Betty utiliza as duas modalidades. Faz consignação, principalmente com clientes da própria loja, e também compra peças. Segundo Helenildo, o garimpo é feito pelos próprios sócios em outros brechós, bazares beneficentes e em viagens.

Como fazer um bom garimpo

A produtora de moda Maria Clara Lauton ajuda “marinheiros de primeira viagem” em brechós a desvendar o mercado de segunda mão.

1) Vá com tempo: procurar, experimentar, analisar os tecidos; tudo isso faz parte da experiência de frequentar brechós.

2) Use uma roupa de malha fina: alguns brechós não têm provador, por isso, ir com uma roupa de academia, por exemplo, pode ajudar o cliente a testar as peças por cima da vestimenta.

3) Busque também brechós online: além dos brechós com lojas físicas, as vendas online também têm possibilidades de boas curadorias.

SERVIÇO

7 brechós para visitar em Salvador

Compritchas Brechó

@compritchas

Rua Clara Nunes, 387, Loja 11, Pituba

Brechó da Betty

@brechodabetty

venda online

Dorothy Brechó

@dorothybrecho

Rua Timbó, 24 8, 1º andar, Caminho das Árvores

Sarastro Brechó

@sarastronrechooficial

Rua Caetité, 295, Rio Vermelho

Suricatta Brechó

@suricattabrecho)

venda online

Second Hand Outside

@brecho_outside)

venda online

Brechó Madame Berge

@brechomadameberger

Rua Fonte do Boi, 3, Rio Vermelho

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