Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > MUITO
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

MUITO

Cabelo e autoestima: tendências para cortes masculinos

Profissionais baianos atestam o surgimento de novas tendências de cortes

Por Pedro Hijo

19/01/2025 - 6:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Cabelo e autoestima: tendências para cortes masculinos
-

"Antigamente, os homens cortavam o cabelo uma vez por mês. Hoje, eles vêm toda semana", diz o cabeleireiro Léo Santos enquanto acerta os últimos detalhes do corte do jovem Maicon Jordan. Dono de uma barbearia no bairro de Brotas, em Salvador, o profissional testemunha uma mudança no autocuidado do público masculino. Há um movimento crescente de homens que partem em busca do próprio reconhecimento a partir de cortes menos tradicionais. "A gente sempre teve vontade de ter a liberdade de cuidar de nós mesmos, mas não sabia como pedir e nem onde encontrar", afirma o cabeleireiro.

Assim como Léo, outros profissionais baianos atestam o surgimento de novas tendências de cortes e penteados que sofrem influência da internet e das culturas das periferias. Faz 25 anos desde que Léo se formou num curso técnico para cabeleireiros. Filho de mãe solo e com seis irmãos, precisou trabalhar desde muito jovem para conseguir realizar o sonho de empreender na área da beleza. "Me especializei em cabelos afro e me apaixonei", conta Léo, que levou para o salão o estilo que via na vizinhança da casa onde cresceu, na rua Alto da Bola, no bairro da Federação.

Quando pequeno, Léo não fugia de um estilo que parecia regra para os meninos negros nascidos há mais de 30 anos. "Se você tinha cabelo crespo, tinha que raspar", lembra. Atualmente com dreads na cabeça, o profissional trabalha para que outros homens possam ter liberdade de escolha. O processo de busca da autoestima do cabeleireiro foi bem parecido com o do apresentador e influenciador digital Raoni Oliveira. "Só quando eu comecei a ter mais independência financeira e autonomia do meu corpo que eu passei a experimentar mais no estilo", diz.

Barbeiro Léo Santos
Barbeiro Léo Santos | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

O "corte militar curtinho" da infância deu lugar a tranças, dreads e ao "nevou", despigmentação total do cabelo feita com água oxigenada e descolorante que ficou muito famosa no verão de 2021. Nascida nas comunidades e nos subúrbios do Rio de Janeiro, a tendência foi abraçada por Raoni, que apresentou um telejornal local com os cabelos platinados naquele ano. "Era um sonho de criança que eu não podia usar por medo da repressão", afirma. "Foi muito significativo para mim".

Influenciador digital Raoni Oliveira
Influenciador digital Raoni Oliveira | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Segundo Léo, as tendências de moda para cabelo masculino surgem na periferia e só depois são reproduzidas em filmes e novelas. "A inspiração começa aqui". O DJ baiano Ober, nome artístico de Paulo Ricardo Leite, bebe dessa influência. Ele leva fotos de artistas cheios de estilo para mostrar para o barbeiro antes do corte. Atualmente, ele ostenta o estilo "mullet", mais curto na frente e nos lados, e mais comprido na parte de trás. "Me inspirei no cantor porto-riquenho Bad Bunny".

O corte de cabelo do DJ também fez a cabeça do ator João Guilherme e dos cantores Dilsinho e João Lucas. Ober conta que passou a adotar o "mullet" depois de uma viagem para a Argentina no ano passado. O estilo foi uma ousadia para o ex-estudante do Colégio Militar, em Salvador. "Eu ia ao barbeiro a cada duas semanas e manter o cabelo no padrão militar era um hábito tão forte que eu continuei com o corte mesmo depois de sair do colégio".

A escolha do cabelo é uma tarefa complexa para Ober. À noite ele trabalha como DJ e, durante o dia, numa agência bancária. O estilo deve acompanhar a ousadia típica das pick-ups e a polidez exigida pelo banco. "Tento unir as duas coisas, a norma é ousar, mas não tanto", comenta. No entanto, ele adianta que o verão deste ano deve comprometer a regra. "Estou tentado a descolorir o cabelo, o meu lado DJ quer mudar um pouco".

Retrô

Barbeiro há oito anos, Lucas da Luz viu o comportamento dos clientes mudar quando o assunto é o cuidado com a beleza. "Antes, os homens só seguiam o padrão, agora, já chegam dizendo qual é o nome do corte que eles querem porque pesquisaram antes", diz o profissional da empresa Meu Barbeiro [Instagram: @meubarbeiro_], localizada na Pituba. Ele conta que a tendência do degradê, ou "fade", quando o comprimento dos fios diminui progressivamente de baixo para cima, ainda é forte, mas convive com cortes mais elaborados com tesoura.

A volta do chamado "corte social" é uma tendência apontada por profissionais da área. O estilo clássico e mais formal é geralmente adotado por pessoas que preferem um visual mais elegante e discreto. Entre os clientes adolescentes, Lucas afirma que o estilo "low fade" é o mais comum. A variação do corte se dá quando o degradê começa próximo à linha do cabelo, nas laterais e na nuca, com a transição mais suave.

Barbeiro Lucas
Barbeiro Lucas | Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

Já o cabeleireiro Léo Santos [Instagram: @leo_santos_cabeleireiro] diz que cortes antigos estão voltando: "É o retorno do retrô". O imbatível degradê dá lugar a variações com técnicas e penteados diferentes com muito estilo e ousadia. "Eu faço hoje cortes que estavam na moda há dez anos", diz. O pente de garfo utilizado para modelar e desembaraçar cabelos crespos, cacheados ou afro, voltou com tudo, de acordo com o soteropolitano.

Léo aponta alguns cortes que retornaram com força desde o ano passado. O "flat top", por exemplo, é um estilo de cabelo masculino que ficou muito popular nos anos 1980 e é conhecido pela forma reta e plana no topo da cabeça, com os lados mais curtos e alinhados. "É o que o pessoal conhecia como 'laje'", explica o baiano.

Outro corte comum no salão de Léo é o "taper fade", que apresenta uma transição gradual e suave entre o comprimento do cabelo nas laterais e na parte superior da cabeça. Ao contrário do "fade" tradicional, que pode ter uma transição mais acentuada e visível, o "taper fade" é mais sutil, e o cabelo nas laterais e na nuca é cortado de forma a diminuir de tamanho de maneira progressiva, sem criar um contraste muito forte. "O corte 'na régua' ainda é muito forte em qualquer classe social", diz Léo.

O degradê está na cabeça do apresentador Raoni Oliveira. Atualmente, ele usa um "flat undercut", quando as laterais são raspadas e o topo do cabelo é deixado mais longo. O profissional diz que o estilo é uma forma de mostrar para o mundo que existe beleza na cultura negra. "Muitos da minha geração buscaram se aproximar do estilo branco, era uma forma de sobrevivência, mas hoje percebem que há lugar para ser quem são".

Na adolescência, o gestor de projetos Davi Santiago cortava o cabelo com máquina para diminuir a rebeldia dos fios cacheados. Quando decidiu assumir o volume, deixou crescer, mas logo percebeu que não atendia ao padrão "liso" da época. O jeito foi controlar o cabelo com um elástico e boné. Davi, que tem 38 anos, só passou a assumir os fios cacheados na vida adulta. "Cuidar do meu cabelo me faz bem", diz.

Davi Santiago
Davi Santiago | Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

Davi passou a dar uma atenção maior para os cachos e a manter uma frequência de idas ao salão a cada quatro meses. Ele conta que ao pesquisar na internet por cortes masculinos para cabelos cacheados e crespos encontrou poucas opções. Então, adotou cortes femininos. "Quando eu falo para a cabeleireira que quero um corte feminino, ela entende melhor o meu desejo, que é algo longe do padrão da máquina que os homens estão acostumados", opina. Atualmente, ele mantém o cabelo volumoso e cacheado.

"Antes, eu nem chegava a cogitar a ter o cabelo como tenho hoje", diz Davi. "Ter um cabelo com frizz [fios arrepiados ou desalinhados] não significa descuido". Para ele, o cuidado com o cabelo passa por uma atenção aos produtos usados. Na prateleira, tem apenas cremes e xampus com ingredientes naturais e sem derivados de petróleo. O baiano lava o cabelo a cada dois dias e finaliza os cachos com um pente largo. Uma referência para Davi é o black power da cantora Nina Simone. "Gosto também de como o cientista Einstein e o compositor Beethoven são despojados quando o assunto é cabelo".

Serviço:

Especialistas apontam quais são os cortes de cabelo que vão dominar as cabeças dos homens em 2025.

Mullet moderno: A versão mais estilizada e atual do "mullet" — com as laterais mais curtas e o cabelo na parte de trás mais longo — segue em voga.

Fade e suas variações: O "fade" promove um degradê nas laterais do cabelo e ainda é uma das tendências dominantes, com variações como o "high fade" e o "low fade".

Social: Estilo clássico e mais formal que é caracterizado por ser bem aparado e com linhas definidas. As laterais e a nuca curtas ou com textura minimalista são alguns exemplos.

Flat top: Popular nos anos 1980, o corte que é caracterizado por um topo reto e plano voltou às barbearias. O estilo cria um visual geométrico e bem definido, com o cabelo no topo da cabeça sendo cortado de maneira uniforme e reto.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Cidadão Repórter

Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro

ACESSAR

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Play

Filme sobre o artista visual e cineasta Chico Liberato estreia

Play

A vitrine dos festivais de música para artistas baianos

Play

Estreia do A TARDE Talks dinamiza produções do A TARDE Play

Play

Rir ou não rir: como a pandemia afeta artistas que trabalham com o humor

x

Assine nossa newsletter e receba conteúdos especiais sobre a Bahia

Selecione abaixo temas de sua preferência e receba notificações personalizadas

BAHIA BBB 2024 CULTURA ECONOMIA ENTRETENIMENTO ESPORTES MUNICÍPIOS MÚSICA O CARRASCO POLÍTICA