MUITO
Caminho do hexa: do vexame no Mineirão até a chegada à Rússia, mudou (quase) tudo na Seleção
Por Felipe Paranhos
Quatro anos se passaram desde que o Brasil levou a maior goleada de sua história. A lembrança do vexame, porém, ainda está presente na cabeça da torcida, tanto que o 7 a 1 diante da Alemanha entrou no panteão dos acontecimentos que merecem um ‘onde você estava quando tal coisa ocorreu?’. De lá para cá, muita coisa mudou: do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – José Maria Marín hoje está preso por fraude financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa – ao treinador, passando por 17 dos 23 jogadores convocados. E, se a mudança na cartolagem não é exatamente uma mudança, já que o atual dirigente máximo do futebol brasileiro, Rogério Caboclo, representa a continuidade, ao menos no gramado há uma alteração profunda de filosofia.
Tite, que assumiu o cargo em 2016, depois da oportuna demissão de Dunga, trouxe de volta a confiança do torcedor brasileiro na Seleção. A campanha do Brasil com o atual treinador foi tão boa que, se fossem excluídos todos os seis jogos de seu antecessor, ainda assim o time se classificaria para a Copa em primeiro.
Por outro lado, é fato que tudo isso já ficou para trás. De nada vai adiantar ter feito uma arrancada incrível para o Mundial se, na Rússia, a Seleção acabar fracassando novamente. E, embora o Brasil esteja, sim, entre os favoritos, há outros grandes concorrentes à taça, a exemplo das renovadas França e Espanha e da poderosa Alemanha. Até por causa da força de suas principais rivais, é fundamental começar a Copa muito bem: se o Brasil tropeçar nos jogos do Grupo E, corre o risco de enfrentar os germânicos já nas oitavas de final. E a tarefa não deve ser fácil: a Suíça, adversária da estreia, é a sexta colocada no ranking da Fifa, à frente de países bem mais tradicionais, como Inglaterra e as já citadas França e Espanha. Um tropeço no primeiro jogo da Copa pode dificultar a tarefa de passar às oitavas como primeiro do grupo E.
Receita diferente
A despeito de peças-chave do time de Tite – o zagueiro Thiago Silva, o lateral-esquerdo Marcelo, os volantes Fernandinho e Paulinho, e o atacante Neymar – serem remanescentes do elenco de 2014, o grupo se parece muito pouco com o do último Mundial. Fora do time que deve entrar em campo na estreia, contra a Suíça, apenas Willian jogou o torneio quatro anos atrás. Mas isso não quer dizer que se trata de um elenco jovem: ao contrário do que fizeram as campeãs Espanha, em 2010, e Alemanha, em 2014, o Brasil chega à Rússia com uma média de idade avançada: 28,1 anos. Os espanhóis e alemães, quando ganharam o torneio, tinham média de 25,9 e 25,7 anos, respectivamente. Aos supersticiosos, uma má notícia: as únicas três vezes em que a Seleção Brasileira teve idade média superior a 28 anos foram nas Copas de 2006, 2010 e 2014 – e, como certamente o leitor já percebeu, em nenhuma delas um brasileiro levantou a taça.
Apesar de ter remado contra a maré na opção pela experiência, Tite praticamente não foi contestado em sua convocação. As viagens pelo mundo do técnico e de seus auxiliares ajudaram a tirar a desconfiança que os recentes escândalos da CBF colocaram sobre a lisura das relações de convocados.
Um dos poucos questionamentos feitos pela imprensa especializada sobre a lista do treinador brasileiro é o fato de que algumas opções da reserva – a exemplo do volante Fred e do meia Taison – não permitiriam ao técnico buscar um ‘plano B’, caso o Brasil esteja com dificuldades em alguma partida decisiva. Por outro lado, num torneio de só sete partidas, não é melhor treinar ao máximo o ‘plano A’, a fim de não precisar de alterações improváveis? Veremos a partir do domingo que vem.
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