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24/02/2024 às 18:22 - há XX semanas | Autor: Pedro Hijo

MUITO

Casa das Histórias: novas perspectivas sobre o patrimônio de Salvador

O edifício centenário de três andares foi aberto em janeiro pela prefeitura

Nesse andar conectado à Casa das Histórias, há uma sala dedicada a itens do Arquivo Público Municipal e outra a uma exposição sobre o Acervo da Laje, que comemora 14 anos de criação
Nesse andar conectado à Casa das Histórias, há uma sala dedicada a itens do Arquivo Público Municipal e outra a uma exposição sobre o Acervo da Laje, que comemora 14 anos de criação -

Daqui a pouco mais de um mês, Salvador vai completar 475 anos de fundação. Nos preparativos para a comemoração, foi inaugurada na Cidade Baixa a Casa das Histórias de Salvador (CHS), um centro de valorização dos patrimônios da capital baiana, localizado na esquina entre o Mercado Modelo e a Cidade da Música da Bahia, próximo ao Elevador Lacerda.

Anexado ao prédio do Arquivo Público Municipal, o edifício centenário de três andares foi aberto em janeiro pela prefeitura e está com visitação gratuita até o fim de março. O centro foi projetado por um consórcio formado pela agência de publicidade Arandas Marketing e pela produtora Janela do Mundo, com financiamento de R$ 93 milhões do programa federal Prodetur.

Para a curadora da Casa das Histórias, a professora universitária Ana Helena Curti, o objetivo da instituição é mostrar ao soteropolitano que a história da cidade é escrita pelos próprios moradores. “A ideia é que as pessoas saiam de lá com um olhar transformado e que percebam que o capoeirista, a baiana de acarajé e o jornaleiro fazem parte dessa história”, diz Ana Helena, que leciona na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo.

Paulista com longa história de conexão com Salvador, a professora já tinha sido responsável por coordenar o Museu de Porto Seguro, no sul da Bahia, e o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Para a Casa das Histórias, montou uma equipe especializada. “O ponto de partida foi revelar camadas de Salvador, além das conhecidas do imaginário dos cidadãos”, conta.

Ao entrar no casarão, o visitante se depara com um mapa com os patrimônios culturais de Salvador e com uma escadaria que conecta os três andares. Os degraus possuem 600 azulejos com 50 imagens criadas pelo artista visual Prentice de Carvalho e pelo pedagogo José Eduardo Santos, fundador do Acervo da Laje, espaço de memória artística, cultural e de pesquisa localizado no bairro de São João do Cabrito, em Salvador.

“Os de Prentice falam do povo da Bahia, da capoeira, das marisqueiras”, explica José Eduardo. “Os meus falam de temas contemporâneos, o diálogo da Salvador mais conhecida com a Salvador não tão conhecida, a Salvador do Subúrbio”, afirma o pedagogo. De acordo com ele, a intenção foi celebrar as pessoas que não são valorizadas em museus da cidade.

“Esta é a primeira vez que o Subúrbio ocupa um espaço central num equipamento como esse. A gente faz o que pode para dizer para Salvador que ela precisa olhar para outros territórios, porque eles têm vida, têm produção e têm arte”, elabora José Eduardo.

Para ele, a Casa das Histórias ajuda soteropolitanos e turistas a conhecer a diversidade de narrativas sobre a cidade que não são comumente apresentadas.

Segundo Ana Helena, a instalação destaca, inclusive, os patrimônios que os soteropolitanos têm contato diariamente, mas não reconhecem como elementos de valor. Para remeter a essa vivência, a visita é acompanhada por uma trilha sonora com sons da cidade. “Não é possível falar de Salvador sem falar de sonoridade”, pontua a curadora.

Territórios

Ao subir as escadas de azulejos, o visitante chega a uma instalação imersiva dedicada à natureza da cidade, ouvindo cantos indígenas. O primeiro andar é uma interpretação artística dos cenários da capital. Aproveitando a localização do casarão, há uma exposição sobre os aterros que foram feitos na Baía de Todos-os-Santos.

“É para as pessoas entenderem a relação do território com o mar”, diz Ana Helena. Com esse objetivo, as janelas desse andar ficam abertas, com vista para a baía e para o Elevador Lacerda.

No segundo andar, o tema é a ocupação dos territórios de Salvador. Uma maquete toma o local, com destaque para 24 patrimônios do Comércio tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pela Organização das Nações Unidas para e Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em cima da miniatura, duas grandes telas mostram a dimensão da cidade e indicam os outros patrimônios tombados de Salvador.

Ao subir as escadas para o último andar do casarão, o visitante encontra 24 retratos de pessoas que moram em Salvador. Cada foto acompanha fones de ouvidos por onde é possível escutar as histórias destes moradores e a relação deles com a cidade. Segundo a curadora Ana Helena, a escolha de incluir esses depoimentos foi um modo de exaltar os soteropolitanos. “Não poderíamos deixar de falar das pessoas que fazem essa cidade ser esse turbilhão”, afirma.

A advogada Mila D'Oliveira é uma mulher com deficiência e é uma das pessoas fotografadas no projeto. Para ela, a Casa das Histórias é uma demonstração de que é possível incluir um olhar mais diverso na paisagem da cidade.

“A gente precisa começar a pegar os patrimônios de Salvador e usá-los para as pessoas, e não utilizar a preservação como uma desculpa para não mexer nas coisas, e isso é o que eu mais vejo acontecer em relação à acessibilidade”, diz Mila.

Além das escadas, na Casa também foi instalado um elevador, oferecendo acessibilidade aos visitantes. Nesse âmbito, a organização do equipamento destaca que também há textos em braile, audioguia descritivo e videolibras, viabilizando a compreensão do acervo por pessoas com deficiências visual e auditiva.

Em frente aos retratos de moradores da cidade, o terceiro andar tem a reprodução de uma praça, valorizando os encontros urbanos que ocorrem na capital baiana.

“É ali onde as manifestações culturais acontecem”, diz Ana Helena. No local, o visitante pode assistir a um filme de 20 minutos que narra a importância das festas de Salvador, intitulado Trançando Festas.

Arquivo Público

Deste terceiro andar, é possível atravessar para o quarto andar do novo prédio do Arquivo Público Municipal. O local possui quatro milhões de documentos sobre a história de Salvador, da Bahia e do Brasil.

O arquivo tem ainda 193 mil itens documentais como fotografias e matérias históricas, que estavam em processo de degradação e passaram por recuperação e digitalização.

Nesse andar conectado à Casa das Histórias, há uma sala dedicada a itens do Arquivo Público Municipal e outra a uma exposição sobre o Acervo da Laje, que comemora 14 anos de criação. Fundador desse acervo, José Eduardo destaca que o novo equipamento cultural no Comercio ajuda as novas gerações a crescerem com outra perspectiva sobre a própria cidade.

Para o pedagogo, é preciso compartilhar as histórias das pessoas negras e indígenas que construíram Salvador. Ele ressalta que a Casa traz obras táteis: “É preciso tocar na história, por isso, tem maquetes que as crianças possam tocar”.

José Eduardo também elogia o convite a jovens negros de periferias para trabalharem no equipamento: “Os nossos têm que estar aqui numa posição altiva, de diálogo, para explicar que cidade é essa”.

Diversidade cultural

Mestrando em Educação e Ensino de História na Universidade Estadual da Bahia (Uneb), o professor de História Igor Ernesto Cruz afirma que o novo centro desempenha um papel crucial na preservação e promoção da diversidade cultural.

“Essa perspectiva mais inclusiva contribui para a valorização, manutenção e disseminação das culturas negras e indígenas, enriquece a compreensão coletiva da história local e promove a preservação do patrimônio cultural”, explica o professor.

Igor Ernesto acrescenta ainda que iniciativas como a Casa das Histórias auxiliam no combate a preconceitos e estereótipos e para o fortalecimento da identidade cultural dos jovens.

Além do novo equipamento, o professor sugere a visitas ao Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (Mafro) e ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM).

A prefeitura de Salvador ressalta também que no quarteirão onde está a Casa das Histórias, a gestão municipal está construindo a Casa de Espetáculos e a Escola de Arte, ambos ligados à Cidade da Música da Bahia.

Serviço:

Casa das Histórias de Salvador

Onde: Rua da Bélgica, 2, Comércio, Salvador

Quando: aberta de terça a domingo, das 10h às 18h, com última entrada às 17h

Quanto: entrada gratuita até 31 de março

Como: ingressos devem ser retirados pela plataforma Sympla

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