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07/01/2024 às 6:00 - há XX semanas | Autor: Gilson Jorge

ABRE ASPAS

Chicco Assis – Diretor de Patrimônio e Espaços Públicos da FGM

“A cultura está em um momento muito especial”

Chicco Assis – Diretor de Patrimônio e Espaços Públicos da FGM
Chicco Assis – Diretor de Patrimônio e Espaços Públicos da FGM -

Depois de coordenar o Espaço Cultural Pierre Verger, entre 2006 e 2007, e de liderar a Diretoria de Espaços Públicos da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, de 2007 a 2014, Chicco Assis entrou para a Fundação Gregório de Mattos (FGM), em 2015. Atualmente, é o diretor de Patrimônio e Espaços Públicos do órgão vinculado à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Mestre em Cultura e Sociedade pela Ufba, especialista em gestão de Patrimônio pela Universidade de Girona na Espanha, Chicco é responsável por equipamentos diversos, como o Relógio de São Pedro, que deve ser automatizado este ano, e os Espaços Boca de Brasa, que devem ganhar novas unidades. Nesta entrevista, o diretor explica o funcionamento dos equipamentos culturais e fala do relacionamento com a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e o Ministério da Cultura (MinC).

Recentemente, o Carnaval do Centro ganhou espaços alternativos para shows nos intervalos dos trios, como a área externa do Espaço Cultural da Barroquinha e o estacionamento no alto da Ladeira da Montanha. Que balanço o senhor faz dessa iniciativa e o que está sendo preparado para este ano?

Para falar do futuro, é sempre bom rever o passado. O próprio mito Sankofa já traz para a gente essa ideia de olhar para trás para mirar o futuro. No ano passado, a gente teve mais uma edição no Espaço Cultural da Barroquinha de um palco durante as apresentações de Carnaval. Dessa vez, foi o palco Brisas, que tinha sido o palco Origens, em 2020. Foram palcos bem importantes principalmente para a dita cena alternativa da música soteropolitana. Tivemos um leque de artistas que são potentes na cena, inclusive de comunidades periféricas. Também uma programação voltada para o público LGBTQIAPN +, para o público negro, uma diversidade muito grande. Para este ano, a gente está aguardando ainda um retorno do planejamento. O Centro vai voltar com muita força no Carnaval. E a gente espera também fazer o Carnaval no pátio do Espaço Cultural da Barroquinha, que desde o ano passado batizamos de Pátio Iá Nassô (uma das fundadoras do Terreiro da Barroquinha), trazendo a referência da memória dessa grande ancestral que contribuiu para que esse espaço fosse reconhecido como o primeiro candomblé de matriz Ketu do Brasil. Isso reforça a identidade desse Espaço Cultural da Barroquinha como local voltado para as culturas negras, para o fortalecimento de nossas raízes afro-diaspóricas.

Conte mais sobre as novidades para o Centro, por favor.

Temos aqui o Quarteirão das Artes, o Teatro Gregório de Mattos, o Espaço Cultural da Barroquinha, o Café Nilda Spencer, a Sala Nelson Maleiro, Casa do Benin, Boca de Brasa Centro e os Espaços Boca de Brasa espalhados pela cidade: Valéria. Subúrbio, Cajazeiras, uma parceria com o Sesi na Cidade Baixa. Temos a expectativa de cinco novos espaços Boca de Brasa para este ano. Há parcerias em andamento com o Terreiro do Gantois e o Malê Debalê, onde serão desenvolvidas ações dos polos criativos Boca de Brasa. Temos ainda uma parceria com a OAF (Organização do Auxílio Fraterno), que tem um auditório maravilhoso e deve receber ações do Boca de Brasa, e temos algumas escolas em fase de construção ou inauguração, que devem receber as ações também. A Escola Clériston Andrade, em São Marcos, que deve ser inaugurada agora no início do ano; a Nossa Senhora dos Anjos, em Brotas, que já foi reinaugurada. E estamos nesse processo de chegar a 10 espaços Boca de Brasa acontecendo na cidade. O Centro é onde se concentra a maior parte dos espaços da Fundação Gregório de Mattos. O Quarteirão das Artes é justamente essa proposta de juntar no entorno da Praça Castro Alves, da Barroquinha, da Ladeira do Couro, espaços com uma diversidade muito grande. O Teatro Gregório de Mattos tem a possibilidade de uma diversidade de programação graças à arquitetura de Lina Bo Bardi, que propiciou ao espaço ser versátil. Tem muito diálogo com o que há de inovador nas artes cênicas. A gente constrói a cada ano uma programação contemplando esses espaços do Quarteirão das Artes. Agora em janeiro, estamos prevendo fazer uma lavagem dessa região, trazer essa atmosfera com a energia da ancestralidade para esse espaço onde a fundação está sediada. O grande desafio da sede é não ser apenas um espaço administrativo, mas um espaço pulsante de arte, de cultura. A dinamização desses espaços é o grande mote que a gente batalha ao longo do tempo.

E o que está previsto para depois do Carnaval?

Ao longo do ano, a gente tem algumas ações potentes para acontecerem, como o Festival Boca de Brasa, que é uma grande vitrine para os artistas que passam pelas ações formativas do Boca de Brasa. Até agora, o festival era uma mostra do que foi produzido. Este ano passa a ser um grande encontro das culturas periféricas. O festival tem como mote trazer à tona a potência da periferia. A proposta é essa, como a gente consegue, a partir das ações do Boca de Brasa, garimpar esses talentos na periferia. Talentos artísticos, mas também na área do empreendedorismo cultural. Temos atuado nas periferias basicamente em três frentes: linguagens artísticas, técnicas de espetáculos e serviços criativos, fortalecendo com oficinas, mentorias, com uma bolsa-estímulo para que esses artistas possam desenvolver suas atividades, com mostras. A bolsa-estímulo Prêmio Eu Sou Boca de Brasa está atrelada ao edital Polos Criativos Boca de Brasa e às ações formativas da Escola Criativa Boca de Brasa. Em 2023, foram 40 iniciativas culturais e criativas beneficiadas com mentorias e R$ 10 mil para cada para investimento em projetos desenvolvidos ao longo da formação. A proposta é que a gente possa trazer para o Centro essa potência da periferia para que a cidade toda possa beber dessa fonte. O tempo todo a gente está consumindo essa produção cultural vinda da periferia, mas muitas vezes não reconhecemos ou não nominamos isso. Normalmente, o Festival acontece no fim do ano, mas dessa vez a gente empurrou para o início do ano, ainda não temos data definida, mas deve ser no primeiro trimestre. O festival vai dinamizar bastante o Quarteirão das Artes. A ideia é justamente essa. Às vezes, as pessoas falam que querem levar cultura à periferia. Aqui, muito pelo contrário, a gente vai lá na periferia buscar essa cultura e trazer para o Centro, para justamente dar mais peso, mais ênfase a essa produção cultural e criativa que a periferia tem nos proporcionado. Já o Festival Curto Circuito, que em 2023 trouxe monólogos para os espaços da fundação, este ano, com o apoio financeiro da Funarte, estamos trazendo de volta o Festival com um fôlego maior. São 16 artistas selecionados para ocupar os diversos espaços, da Casa do Benin aos Boca de Brasa. Vai haver apresentações artísticas, mas também residências e exposições.

Como está a interlocução com a diretora da Funarte, Maria Marighella?

Temos um diálogo bem interessante com o Governo Federal. A cultura está em um momento muito especial. Nos níveis Federal e municipal tem havido essa proximidade. Maria Marighella e a própria ministra Margareth Menezes têm sido grandes parceiras nas ações que a Fundação Gregório de Mattos tem desenvolvido. Maria Marighella esteve aqui recentemente com a gente, participando da Conferência Municipal de Cultura. A expectativa é que a gente fortaleça esse diálogo, a construção dessas políticas públicas. É importante destacar que, mesmo nos períodos sombrios da cultura, a Fundação teve o papel de manter o processo de construção e fortalecimento do Sistema Municipal de Cultura. Salvador se destacou muito na execução da Lei Paulo Gustavo, sendo uma das primeiras capitais a iniciar o pagamento dos recursos. A gente começa 2024 com muita potência porque todos esses recursos da Lei Paulo Gustavo começam a ser executados já pelos proponentes. Na Lei Aldir Blanc, já tivemos o plano de trabalho aprovado e em breve começamos a anunciar as ações que vão ser desenvolvidas.

Que avaliação o senhor faz dos resultados do Boca de Brasa ao longo desses anos?

Sempre que falo em Boca de Brasa eu gosto de historicizar. Muita gente das gerações atuais não sabe o que é, de fato, o Boca de Brasa. Mas volta e meia eu acho alguém que já dançou Michael Jackson, Paquitas, Madonna, no Boca de Brasa. As gerações antigas sabem do que se trata, mas eu sempre gosto de trazer. É um projeto da década de 80, idealizado na gestão de Mário Kértesz, quando também a Fundação Gregório de Mattos foi criada com essa concepção de um espaço para elaboração e execução de políticas culturais. Nessa época, o Boca de Brasa era um caminhão-palco que percorria as comunidades para a apresentação de seus moradores. Eu, particularmente, tenho uma memória muito forte com o Boca de Brasa porque na minha infância, no Engenho Velho de Brotas, ficava numa expectativa muito grande para qual seria o fim de semana em que o Boca de Brasa iria para o Solar Boa Vista. Artistas do bairro, como Marcia Short e Ninha, participavam de apresentações do Boca de Brasa. Em 2013, quando Fernando Guerreiro assume a Fundação ele traz de volta o Boca de Brasa, com ações formativas. Dez dias antes de o caminhão-palco passar na comunidade aconteciam ações para elaboração de projeto, de formação para iniciação artística, que culminavam com a apresentação de artistas da comunidade e um artista de renome. Em 2017, surge a proposta dos espaços Boca de Brasa. O primeiro, no complexo Subúrbio 360, foi inaugurado em 2018. Além das ações que a Secretaria Municipal de Educação desenvolve, o Espaço acaba agregando esse local de formação. Tem um teatro maravilhoso com 400 lugares e é uma referência para os artistas do Subúrbio. Este ano, a gente avança mais no conceito de Escolas Criativas Boca de Brasa e lança as propostas dos estudantes para o mercado. Há artistas se fortalecendo na cena soteropolitana como Di Cerqueira, que acabou de participar do Festival da Virada.

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