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MUITO

Com ritmo mais acelerado e a sofrência associada a diversão, o arrocha se renova

Por Adriano Motta

28/08/2019 - 10:18 h | Atualizada em 21/01/2021 - 0:00
Nascida em Andaraí, Anna Catarina, 16, faz sucesso com o refrão “Te amo e você nem tchum”
Nascida em Andaraí, Anna Catarina, 16, faz sucesso com o refrão “Te amo e você nem tchum” -

Quem acha que o arrocha trata somente sobre tristeza ou “dor de corno”, achou errado. O arrocha está diferente daquele tocado há mais de 20 anos. Agora, mais “pra frente”, como diz Roque Delson, líder do Brasilian Boys, ou seja, com batidas mais rápidas e dançantes, o ritmo recupera seu espaço como um dos mais relevantes do estado. Nomes como Unha Pintada, Luanzinho e Anna Catarina – a adolescente que arrebatou os ouvidos soteropolitanos com o refrão “Te amo e você nem tchum” – destacam-se em meio a uma renovação do gênero, tanto em nomes quanto em seu ritmo. O som candeense mostra fôlego para ganhar o Brasil mais uma vez.

De acordo com Rony Maltz, CEO do Sua Música, plataforma de streaming mais popular do Nordeste, o ritmo é o segundo mais ouvido na região, perdendo apenas para o forró. Dez milhões de pessoas ouvem arrocha dentro do Sua Música. Foi em Sergipe, onde o arrocha é tão febre quanto em Salvador, que surgiram algumas revelações do gênero.

É o caso de Luanzinho Moraes, que faz sucesso com Desculpa e Fui brincar com fogo, cantada em coro durante o festival 10 Horas de Arrocha, ocorrido no último dia 10, no Wet’n Wild. Só no Sua Música, o artista conta com mais de um milhão de downloads e 40 milhões de reproduções. Com apenas um ano de carreira, o sucesso lhe rendeu diversos shows país afora. “Só tenho a agradecer por este momento na carreira, fazendo show no país inteiro”, comemora.

Imagem ilustrativa da imagem Com ritmo mais acelerado e a sofrência associada a diversão, o arrocha se renova
Público no festival 10 Horas de Arrocha, que aconteceu no Wet’n Wild. Foto: Felipe Iruatã / Ag. A TARDE

Para ele, o ritmo ganha corpo fora do Nordeste e vê nomes como Unha Pintada e Devinho Novaes, Anna Catarina, além do seu próprio, em crescimento fora dos seus estados. Até mesmo no Sudeste. São Paulo é a segunda cidade com mais ouvintes de arrocha no Sua Música, à frente mesmo de Aracaju.

Anna Catarina, 16 anos, de Aratuípe (BA), vive o melhor momento da vida: ela é o maior sucesso recente do arrocha. São mais de 25 shows por mês, agenda lotada até o fim do ano e mais de 10 milhões de visualizações no YouTube. “Eu vejo como uma conquista, é algo que sempre sonhei desde pequena”, diz ela. Suas músicas, sucesso nas redes sociais e nas ruas, contribuem para uma renovação do público. “Nos shows, vejo muita gente que nunca tinha escutado arrocha e passou a ouvir depois de me ouvir”.

De fato, dos mais jovens aos mais velhos, todos estavam afoitos esperando ela chegar ao festival de arrocha. O casal Luciene Santos e Vicente Souza foi ao Wet como um presente à filha, Manuela. “Ela é fã da Anna Catarina e Unha Pintada. Faz 17 anos hoje e viemos comemorar o aniversário dela aqui nas 10 horas”, diz Souza.

O arrocha também faz sucesso entre os casais, exemplo de Rosa Maria, 51, e Roque Souza, 49, casados há 22 anos. “Vinte e dois não, 24. Alguém vai acabar a noite solteiro aqui”, lembrou Maria, depois de perceber que o marido tinha esquecido quantos anos tinham juntos. “Tenho 51 anos, mas vitalidade para dançar a noite toda”, disse ela.

Imagem ilustrativa da imagem Com ritmo mais acelerado e a sofrência associada a diversão, o arrocha se renova
Marcele Gomes, na sofrência, com alegria. Foto: Felipe Iruatã / Ag. A TARDE

O arrocha pode até estar mais rápido do que em seu início, mas dançar agarradinho ainda é parte da magia do ritmo. Heranças do romantismo exagerado do brega nordestino e a sensualidade da seresta trazida dos países caribenhos. Foram os teclados do Asas Livres, a primeira banda de arrocha do mundo, que tornou essa mistura possível em 1996. Após dois anos de hiato, a banda retornou ontem com a gravação do seu segundo DVD, em Recife.

A volta aos palcos traz uma banda renovada. “Voltamos com um arrocha ‘romântico alegre’, de batidas mais rápidas. É diferente do que sempre fizemos durante a carreira”, afirma o vocalista Rafinha. Embora seja difícil se reinventar, para o cantor é a vontade do público que conta. “Nós tivemos um pouco de medo da mudança, pois era algo bem diferente para nós. Demorou para nos acostumar. Mas mudamos”.

O arrocha “romântico alegre” renova e anima o público. Uma verdade para as estudantes Ana Patrícia, 23, Graciele Santos, 20, e a esteticista Liziane Salomão, 27. Elas foram ao 10 Horas de Arrocha para beber, já que “amar tá difícil e chorar vale de nada”, como diz a letra daquela música. De copo na mão e gingado no corpo, o negócio era dançar até “sofrer pelo que não existe”, como bem disse Patrícia. Arrochar não para esquecer ou chorar por alguém, mas para se divertir é o lema de Roque Delson, o cantor do Brasilian Boys, banda famosa nos anos 2000. “O arrocha é sobre ser feliz. É sobre encontrar e conectar pessoas. Por isso que canto”.

Pablo, o arrocheiro que levou o ritmo ao Brasil e que tem média de um show a cada dois dias, é capaz de unir pessoas em torno das suas músicas. “Ele canta tudo aquilo que a gente passa. Já me fez chorar demais”, diz Elisete Cardoso, 42. Fã “desde quando ele era preto”, brinca. Há cinco anos ela montou um fã-clube para seguir o cantor onde quer que ele fosse. Elas estavam esperando desde cedo para vê-lo no evento. Ganharam a recompensa quando o carro do artista passou e ele acenou para elas. “Aqui, ó, na foto, sou eu e ele”, mostra Elisete, orgulhosa. Ela verá seu ídolo gravar o quarto DVD da carreira, o segundo em dois anos, no dia 26 de outubro, num show que irá relembrar os tempos de Asas Livres.

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