Comida di Buteco celebra criatividade e convivência

Com número recorde de participantes, a edição 2022 do concurso Comida di Buteco em Salvador conta com 39 bares e se estende até o dia 8 de maio, resgatando, após o período mais grave da pandemia do covid-19, o prazer da convivência e outras coisas boas da vida, como aquele petisco que faz você sair de qualquer canto da cidade para prová-lo com sua cerveja de estimação.

O tema deste ano não poderia ser mais apropriado: “Buteco Vive!”. E o valor dos pratos (R$ 27) também tem atraído clientes, que podem desfrutar de delícias criadas com total liberdade e exclusivas para o concurso.

O Bar das Meninas, em Armação, por exemplo, convocou o astral para se inspirar. Fundado em 1994 por três irmãs que vieram de Xique-Xique para empreender, tem como aposta o prato Capricho dos Deuses. Se segure aí: é feito com costela suína servida com angu à baiana (usam farinha de milho), couve e cebola caramelizada.

O bar e restaurante de comida caseira participa do concurso desde 2012, sempre com um prato inédito. Mas alguns, digamos, viralizam, como a rabada, feita para o ano em que estrearam no Comida di Buteco. "Tenho clientes que vêm até da Ribeira comer a rabada" diz Claudia, a irmã mais nova. "A divulgação é muito boa, tem pessoas que vêm a primeira vez, gostam e viram clientes".

Mulheres

De acordo com a organização do evento, na 15ª edição em Salvador pelo menos 15 botecos são comandados somente por mulheres. E a história das Meninas começa quando as irmãs, ainda sem muita experiência, faziam tudo por lá – e traziam, por exemplo, bode e carne do sol de Xique-Xique. Valham-me os deuses, já caprichosos desde então.

Hoje, uma das irmãs mora em Barreiras, e o bar cresceu: o fogão de 4 bocas passou a ser de 12 já há algum tempo, e já são seis funcionários. No ano passado, inclusive, abriram junto ao bar e restaurante uma delicatessen.

Outro participante, o Malembe Food & Drinks, na Ladeira do Carmo, chega ao concurso, pela primeira vez, com o deslumbrante Vicieux. A casa tem quatro mulheres negras à frente do negócio e o prato é uma homenagem a uma das colaboradoras do bar, uma mulher haitiana, Regina, que costuma usar a expressão no ambiente de trabalho.

“A gente já teve um prato haitiano no cardápio, o fritay, que leva banana da terra verde frita com frango e outros produtos. A ideia foi fazer uma homenagem com a base de um prato haitiano, mas com carne de fumeiro, do Recôncavo, fazendo a junção de duas referências, mas com o nosso tempero”, diz Daiane Menezes, uma das quatro mulheres à frente do negócio.

Devagar e sempre

Ela diz que Malembe, em Angola, tem o sentido de “devagar, com calma”, ou também, quando usado na expressão “malembe-malembe”, quer dizer “devagar se vai longe”. O bar surgiu em 2019 com a ideia de ser um espaço que valorizasse as raízes das empreendedoras, oferecendo comida e bebida com qualidade, conforto e um cardápio vasto com temática de valorização da cultura, culinária, bem como os drinks. “É uma celebração da nossa ancestralidade”.

Criado em 2000, os critérios que elegem o melhor boteco de cada cidade continuam sendo a qualidade do petisco, o atendimento, a higiene e a temperatura da bebida. Os botecos são avaliados por uma comissão e pelos próprios clientes durante o concurso.

O vencedor da capital baiana, na segunda etapa do concurso, que ocorre em junho, recebe uma nova comissão de jurados nacionais para a reavaliação das quatro categorias, quando, assim, podem concorrer ao melhor boteco do país. Confira os participantes de vários bairros da capital no site comidadibuteco.com.br.