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Concerto apresenta oito novas orquestras afro-baianas na Concha

Ingressos para o concerto podem ser retirados gratuitamente em plataforma

Por Gilson Jorge

10/11/2024 - 1:00 h
Concerto Ponte para a Comunidade será realizado na Concha Acústica do TCA
Concerto Ponte para a Comunidade será realizado na Concha Acústica do TCA -

No início da década de 80, quando a rede pública estadual de ensino abriu matrículas para o ano seguinte, o jovem Ubiratan Marques foi ao Colégio Estadual Severino Vieira à procura de um curso técnico que lhe garantisse depois um emprego no Polo Petroquímico de Camaçari. Mas não havia vagas. Foi a um telefone público da antiga Telebahia, o popular orelhão, avisar a sua mãe que só restava a alternativa do curso de Artes. Ouviu dela o conselho de que se matriculasse e de que tentasse mudar de turma no outro ano.

Mas o Severino, à época, fervilhava artisticamente e tinha professores de música como Moa do Katendê e Emília Biancardi, fundadora do grupo folclórico Viva Bahia.

O estudante, que nasceu em uma família ligada a um terreiro e cuja avó tocava violão, desistiu da petroquímica e mergulhou no curso que lhe deu régua e compasso para se tornar anos depois o Maestro Ubiratan Marques, líder da Orquestra Afrosinfônica e criador da Casa da Ponte, a ONG que impulsionou as novas orquestras e que realiza no próximo dia 14, às 19h, na Concha Acústica do TCA, o Concerto Ponte para a Comunidade.

Nesse dia, serão apresentadas à cidade as oito orquestras afro-baianas desenvolvidas em parceria com destacados grupos culturais soteropolitanos: o cinquentenário Ilê Aiyê, o Olodum, Filhos de Gandhy, Male Debalê, Pracatum, Cortejo Afro, Banda Didá e Grupo Étnico Cultural Bairro da Paz Olorum. Cada um com sua própria orquestra, composta por músicos da comunidade.

No total, são cerca de 1.400 pessoas de diversas faixas-etárias praticando música nas oito orquestras. Na quinta-feira, 200 delas subirão ao palco da Concha para o concerto que terá ainda a participação especial da Orquestra Afrosinfônica e de Russo Passapusso, da Baiana System.

Experiência

O projeto das orquestras afro-baianas começou em setembro do ano passado, com o patrocínio do Nubank, depois que o maestro se reuniu com os diretores de todos os grupos envolvidos. "Eu trabalhei em muitos projetos sociais e ficava pensando que Salvador precisava de um projeto que realmente cuidasse das pessoas", afirma o maestro, que usa a sua experiência de estudante que não via a arte como uma possibilidade para explicar porque considera importante abrir espaço para soteropolitanos de todas as idades que queiram tocar um instrumento.

"Eu queria um projeto que olhasse para as pessoas da comunidade e que pudesse atender alguém de 70 anos que não teve oportunidade na adolescência", declara Ubiratan. O maestro ressalta que ainda busca novos patrocinadores para que o projeto se sustente nos próximos anos.

Ele enaltece o aporte dado por cada comunidade envolvida na construção do projeto que ele define como um sonho coletivo. "Conversando na época com Paulo Alcoforado, meu parceiro na música há mais de 20 anos, que me ajudou a desenhar isso, surgiu esse nome, Ponte para a Comunidade, que é isso, aprender a ensinar", afirma. Alcoforado depois se tornaria diretor da Ancine, a convite da ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Uma dessas pessoas que sempre sonharam com a música e não tiveram a possibilidade de perseverar é a arte-educadora Nildes Sena, 56, que comprou um saxofone alto ainda na sua juventude em Cruz das Almas e o manteve consigo por mais de 30 anos sem conseguir se dedicar ao instrumento.

Nildes chegou a tocar clarinete na Filarmônica Euterpe Cruzalmense. Mas ao se mudar para a capital, devolveu o instrumento à entidade e descobriu um sax alto à venda, que adquiriu, mas nunca teve a oportunidade de estudar, até que através de parentes descobriu no Bairro da Paz, onde mora, um núcleo de estudo de saxofone da orquestra afro-baiana do Grupo Étnico Cultural Bairro da Paz Olorum, que reúne em média 10 pessoas por aula.

"É um lugar muito acolhedor e gratuito. Eu já tinha tentado em outros lugares, mas sempre havia algum empecilho e era tudo pago", explica Nildes, que também elogia a postura dos professores. "Eu me inscrevi e quando recebi o resultado fiquei tensa, porque estou sempre cheia de atividades e não pude ir ao primeiro encontro, mandei uma mensagem cheia de dedos, com medo de perder a oportunidade, mas depois vi que era possível continuar".

O medo de perder a oportunidade era grande porque depois que foi animada pelos sobrinhos a fazer a inscrição, Nildes sentiu reacender a chama que a acompanhou nos tempos da filarmônica.

E ela cita a ancestralidade para explicar porque ter um instrumento por perto é tão importante para a sua vida. "A música é o nosso modo de rezar, o nosso modo de brindar, de sorrir e de chorar", declara Nildes, que se considera uma aprendiz de saxofone, mas que estará no palco no dia 14.

Ajudando a aprender

Aos 19 anos, Mateus Barbosa, que aprendeu a tocar violão há dois anos, já ensina o uso do instrumento e é um dos nomes da Orquestra Afro-baiana do Filhos de Gandhy. Ex-aluno de uma oficina de música do Colégio Estadual Manoel Novaes, Mateus se envolveu com um projeto social no bairro de Tancredo Neves chamado Mobilização Musical, onde ensina o que sabe de violão a crianças.

"Eu comecei a me ver ajudando as pessoas da comunidade a aprender o pouco que eu sabia", conta o violonista, ao afirmar que esse engajamento prévio o incentivou a participar da Casa da Ponte.

"A expressão ‘algo lindo’ seria pouco para descrever o projeto. A própria produção de uma orquestra afrocentrada, saindo do padrão hegemônico da música europeia, já consegue revitalizar os centros culturais de cada um dos bairros", afirma o musicista, que destaca o papel das próprias associações culturais no processo e ressalta a importância de se pensar a linguagem e o uso dos instrumentos na música popular brasileira, mas voltada também para o público afro.

"É uma instrumentalização da própria música, é algo lindo de se ver. Um violino, um trompete, que eram bem elitistas, tocando por exemplo O Fururu Loorere", diz Mateus, referindo-se a uma música de santo gravada pelo Grupo Ofá.

Os ingressos para o concerto podem ser retirados gratuitamente na plataforma www.sympla.com.br.

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