PERFIL
Danilo Mesquita: a missão de emocionar
Danilo é um dos artistas mais promissores da nova geração de atores do país
Por Pedro Hijo
Quando criança, a brincadeira favorita do ator Danilo Mesquita era imitar cantores de trio elétrico. Aos 10 anos, subia em uma plataforma na frente da porta da casa dos pais, no bairro do Cabula, em Salvador, e fingia estar cantando para uma multidão no Carnaval. "Eu imitava a voz do vocalista e a do público também", conta.
Na época, era comum que ouvisse da família que seria artista quando crescesse. Só que o sonho dele era outro. Torcedor do Esporte Clube Bahia, Danilo depositou todas as expectativas e a energia da adolescência em ser um jogador de futebol profissional.
Passou pela peneira da categoria júnior de alguns times de Salvador, mas, aos 18 anos, abriu mão da vida de atleta para "descobrir quem já era". Mudou-se para o Rio de Janeiro para buscar o sonho de ser artista. "Essa era a minha missão, estava dentro de mim".
Filho de uma técnica de enfermagem e de um produtor de eventos, Danilo é um dos artistas mais promissores da nova geração de atores do país. Só este mês, ele está em duas produções de destaque. A série médica Sutura, da Prime Video, recebeu críticas positivas ao incluir o mundo do crime dentro de um hospital.
Já o romance juvenil Amor da Minha Vida, da Disney+, teve a maior estreia de uma série nacional no streaming em 2024 e ficou entre os cinco títulos mais assistidos da plataforma. Com 33 anos, Danilo não pensa em parar. Este ano, filmou dois longas-metragens – um deles com direção da atriz Gloria Pires – com previsão de estreia para 2025.
Largar o futebol e abraçar a porção artista foi fundamental para que Danilo chegasse onde está. A mudança para o Rio de Janeiro, em 2010, aconteceu depois que um olheiro interpelou o então atleta de futebol num hotel, em Salvador. Ele tinha ido buscar uns ingressos para um show no mesmo lugar onde estava acontecendo uma convenção de modelos.
"Foi muito por acaso, eu estava com a minha família, até olhei desconfiado, mas o papo dele era verdade", lembra. A agência de modelos da qual o olheiro fazia parte recomendou que Danilo estudasse teatro. "Foi um encontro comigo mesmo".
Entre os modelos da agência que buscavam seguir pela interpretação, estava outro Danilo, o Ferreira. O ator e cantor Dan Ferreira compartilha o nome, o ano de nascença e a cidade natal com Mesquita. As coincidências não param por aí. O agente, que abordou o então jogador de futebol e o chamou para ser modelo no Rio de Janeiro, convidou Dan para a empreitada algumas horas depois, no mesmo dia. "Danilo [Mesquita] é um irmão que a vida me deu", comenta Dan. Os dois moraram juntos por sete anos enquanto se estabeleciam no Rio de Janeiro.
Dan conta que eles não se tornaram amigos logo de primeira. O ambiente competitivo de uma agência de modelos foi um obstáculo inicial. "A gente ficava se medindo", admite. Mas logo a marra do primeiro encontro deu lugar à fraternidade. "Danilo é generoso demais, tem uma facilidade enorme para fazer amigos".
Os dois trabalharam juntos na novela das nove ambientada em Salvador Segundo Sol, da TV Globo, em 2018. Danilo interpretou Valetim, o filho de um cantor de Axé dado como morto e que tenta buscar a verdade sobre a família. Antes do folhetim, o ator já havia feito produções como a série 3% na Netflix e as novelas Dez Mandamentos, na Record, e Love Story, na TV Globo.
Esta última teve uma importância grande para Danilo. Na trama, o ator dava vida a um jovem músico que descobria um câncer agressivo no auge da carreira. A interpretação chamou a atenção do cantor (e noveleiro assumido) Milton Nascimento. “Bituca virou um grande amigo, uma pessoa que me guia, é quase um avô”, diz ele.
Música
Na mesma época, Danilo e o ator gaúcho Ravel Andrade formaram a dupla musical Beraderos, que encantou Milton. “A gente só tocava para os nossos amigos, em saraus, e, do nada, a gente virou profissional”, diz o baiano. O empurrãozinho de Milton os ajudou a alcançar pontos altos como a abertura do show do cantor Ney Matogrosso, em 2018, e o encerramento da turnê Clube da Esquina, em 2020.
Raízes
Seria compreensível que, diante de tantas vitórias, Danilo se deslumbrasse. Mas, ele mantém o foco. Parte desse valor vem de família. Ele conta que os pais sempre repetiram que mesmo estando em cima de um palco, o trabalho de um artista é igual ao de qualquer outro profissional. “Eu sou só uma peça da engrenagem”, afirma.
Outro fator que impede que a fama suba à cabeça é o contato constante com a realidade da periferia de Salvador. “Eu vim de um bairro pobre, e ter esses acessos facilitados é um processo natural do meu trabalho que exige muita responsabilidade”.
A conexão com o Cabula foi a inspiração para a criação do primeiro álbum solo de Danilo, que leva o nome do bairro onde nasceu. Muitas das músicas do disco foram compostas na casa da família do ator e trazem elementos de ritmos comuns a qualquer baiano, como arrocha, pagode e sofrência. “Quero ir para o mundo inteiro falando deste lugar”, diz Danilo, adiantando que o disco deve ser lançado em 2025.
O comprometimento do baiano com a arte foi algo que chamou a atenção da atriz Cláudia Abreu, colega na série Sutura. Essa foi a primeira vez que os dois participaram de um mesmo projeto. “Danilo é um ator seguro e talentoso”, diz Cláudia. “Ele é uma pessoa leve e muito divertida no set”.
Por trás da leveza apontada pela atriz, no entanto, há um artista com uma meta ambiciosa, que extrapola as câmeras. “Quando eu faço um trabalho, quero que milhões de pessoas assistam. Sou um artista com a missão de emocionar”, diz Danilo.
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