COMÉRCIO
Doca1 realiza Caminhada Salvador Cidade Baixa no dia 4 de fevereiro
No passeio, a equipe apresenta o porto da cidade, praças, arte urbana, igrejas, elevadores e muito mais

Por Vinícius Marques

Já faz alguns anos que o bairro do Comércio, na Cidade Baixa, tem recebido uma atenção especial com o intuito de tornar o local mais atraente para turistas e soteropolitanos. Reformas, construções e realização de atividades culturais têm feito parte do cotidiano do bairro que, por bastante tempo, havia se tornado um ambiente para resolver questões burocráticas do dia a dia.
Uma das grandes novidades do Comércio é a chegada do Doca1 – Polo de Economia Criativa, uma parceria público-privada entre a Prefeitura de Salvador e um consórcio de cinco empresas que fazem a gestão do empreendimento.
Ainda em preparação para poder oferecer 100% da estrutura para o público, o Doca1 já está apresentando algumas atividades com o projeto O Povo em Festa.
Entre as atividades, está o tour Caminhada Salvador Cidade Baixa, promovido em parceria com a plataforma de afroturismo Guia Negro, que realiza experiências turísticas em diversas cidades e faz produção independente de conteúdo sobre viagens, cultura negra, afroturismo e black business.
No passeio, a equipe do Guia Negro apresenta o porto da cidade, praças, arte urbana, igrejas, elevadores, planos inclinados e ladeiras que ligam a Cidade Alta à Cidade Baixa, além do Mercado Modelo.
O jornalista e fundador do Guia Negro, Guilherme Dias, conta que o convite do Doca1 para desenvolver esse roteiro destaca o caráter dessa nova ocupação que vem sendo desenvolvida. Para ele, isso contribui para mostrar que aquele local é uma região potente, bonita e especial.
“Acredito que pode ser um tour muito importante para o próprio soteropolitano, para reconhecer a sua cidade, revisitar um lugar que passou rapidamente mas não deu a devida atenção. Acho que todo mundo também tem um receio em relação à segurança, de alguma coisa nesse sentido, mas a gente como um grupo dizima um pouco esse anseio ao fazer essa estratégia de tentar ocupar esse lugar”, afirma Guilherme.
Narrativas
O empreendimento foi fundado em 2018 na cidade de São Paulo e chegou no ano seguinte a Salvador. O fundador do Guia Negro lembra que sempre que chegava no Pelourinho encontrava diversos guias levando as pessoas para conhecer o local. E mesmo o bairro tendo uma “história preta” que não dá para ser ignorada, presente em todos os lugares, Guilherme afirma que não era essa história a protagonista das narrativas feita pelas outras empresas. Foi, então, que eles criaram o roteiro deles para o bairro.
Mas esse não é o único pacote de turismo do Guia Negro em Salvador. Eles desenvolveram outros tours, com visitas a bairros como Curuzu, Subúrbio Ferroviário, Nordeste de Amaralina e Itapuã.
Guilherme acredita que o turista se sente desafiado a entender que lugar é esse que estão querendo mostrar para ele que ninguém tinha falado. “Eles se perguntam ‘Por que eu vou para o Curuzu? O que tem de especial?’. E quando chega lá ele vê uma sede de um bloco afro importante, uma estátua de um ex-presidente sul-africano, que é o Nelson Mandela, os sambas, as feijoadas. Ele vai reconhecendo esse bairro. A gente fala que o nosso público é crescente por conta desse boca a boca, então, em geral as pessoas que fazem o tour se tornam porta-vozes desses tours, se tornam propagadores”, pontua.
O tour já aconteceu em duas outras datas e a próxima edição será realizada no dia 4 de fevereiro, das 9h30 às 12h30, com saída na própria sede do Doca1, localizada na Av. da França, no Comércio.
Guilherme promete um convidado surpresa para a edição e que o roteiro será o mesmo realizado anteriormente. Ele revela que, talvez, o trajeto seja incorporado no catálogo oferecido pelo Guia Negro na cidade.
Membro do comitê gestor do Doca1, Will Brandão conta que essa é apenas uma de outras atividades que realizaram e ainda vão realizar no equipamento que tem como missão trabalhar pelo impulsionamento da economia criativa da capital. O equipamento foi inaugurado no dia 12 de fevereiro com o projeto O Povo em Festa, que recebeu o nome a partir de um dos capítulos do livro Bahia de Todos-os-Santos (1945), de Jorge Amado.
Com foco nas festas populares de Salvador, as atividades foram iniciadas no dia da Lavagem do Bonfim e continua até pouco depois da festa de Iemanjá.
O equipamento apresentou shows e aulas de dança, e no dia 1º de fevereiro vai abrigar uma ocupação do coletivo Batekoo que vai produzir festas e atividades formativas por lá. “Vamos fazer um pré-Iemanjá numa parceria com a festa Batekoo no dia 1º de fevereiro para respeitar o lugar do Rio Vermelho no dia 2”, brinca Will.
Ocupação
Will diz que após o equipamento estiver 100% montado, vai ser aberto para todas as pessoas, como uma nova praça da cidade, com estúdios para atender diversas vertentes da economia criativa, desde o audiovisual, a música, os artistas visuais e a gastronomia.
O Doca1 contará com espaço para eventos com auditório e a praça central para eventos musicais, além de uma cozinha comunitária.
“Essa ocupação está sendo um processo de work in progress. Enquanto a gente ainda está equipando os espaços, finalizando as obras internas, finalizando os estúdios, restaurantes e tudo mais, o Doca1 está abrindo especialmente para esses eventos”, pontua Will.
No entanto, ele garante que num futuro próximo, ainda neste primeiro semestre, o equipamento vai ficar aberto o dia inteiro, com opção de restaurantes e coworking para empresas e produtores que trabalham com economia criativa.
Será um espaço comercial, mas também com uma cota de cessão de pauta gratuita para projetos que tenham o mérito avaliado pelo núcleo curatorial do Doca1.
“Algumas atividades gratuitas vão sempre acontecer, sem contar que é um pôr do sol belíssimo, já que vai atuar como praça pública, com as portas abertas também dentro do Comércio. Vai ser mais um espaço abraçado pela população da cidade para ver um pôr do sol no final da tarde e tomar um chope num restaurante. Vai ser mais uma praça para a cidade de Salvador”, acrescenta Will.
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