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PLURAL

Ecos de uma pandemia silenciosa

Confira a coluna Plural

Por Daniela Castro*

29/12/2024 - 4:00 h
Imagem ilustrativa da imagem Ecos de uma pandemia silenciosa
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O último mês do ano é o período em que Ítalo da Costa tem mais dificuldade de encaixar novos compromissos na agenda. O motivo é o Dezembro Vermelho, mas isso nada tem a ver com a cor que predomina nos símbolos natalinos.

Estamos falando da maratona de atividades que começa com o Dia Mundial de Luta Contra a Aids e se estende com o habitual bombardeio de pesquisas, notícias e campanhas sobre o tema. Você deve ter visto por aí.

O biotecnologista de 37 anos não reclama da demanda. Afinal, contribuir para o aumento da prevenção e a desconstrução do estigma que ronda a doença foi a missão que ele assumiu desde que conseguiu reorganizar sua rota depois de receber o próprio diagnóstico de HIV positivo, cerca de seis anos atrás. Pense no baque. Agora pense em quantas pessoas podem estar infectadas e nem sequer sabem disso.

Mostrando que o papo reto é sua marca, meu interlocutor diz uma verdade inconveniente, mas inescapável: “A pandemia de Aids não acabou”. O Boletim Epidemiológico de HIV e Aids 2024, do Ministério da Saúde, celebra a menor taxa de mortalidade da série histórica, mas também aponta o acréscimo do número de casos e traz dados pouco discutidos, como o aumento de 441% de incidência na população idosa, em dez anos.

Mas a estratégia dele não é apertar o botão do pânico. Pelo contrário, no perfil @bixcoitandopod, que reúne mais de 28 mil seguidores no Instagram, ele recorre à leveza e ao humor para compartilhar sem melindres conteúdos sobre saúde e sexualidade, incluindo testemunhos de sua experiência pessoal e recortes de sua rotina de tratamento como soropositivo indetectável.

E ele pode fazer isso usando uma camisa de botão no ambiente de um escritório ou uma sunga vermelha, exibindo o corpo sarado no Porto da Barra. “O engajamento do público funciona como um funil. O conteúdo descontraído é o que atrai todo mundo, mas no meio de um papo sobre sexo eu posso falar de prevenção e a discussão se aprofunda. E esse assunto nunca acaba, então a repetição acaba gerando uma relação de confiança”, avalia.

A combinação de uma persona simpática com um repertório consistente é a fórmula na qual Ítalo da Costa aposta para driblar o preconceito, que ele enfrenta em dobro por ser bissexual. “Lembra o que muita gente dizia quando surgiu a Covid? Que era um vírus criado pela China. Havia um cenário em que era necessário criar inimigos e apontar culpados. A população homoafetiva não foi a única a ser afetada pela pandemia de Aids. Mas por ser um grupo minoritário, foi mais fácil de observar e ganhou visibilidade por conta dos estereótipos associados à comunidade LGBTQIAPN+”, compara.

Mas veja só que dado interessante que ele traz. “Segundo a própria OMS (Organização Mundial da Saúde), três eventos sexuais com parceiros diferentes já definem promiscuidade. Mas a maioria das pessoas não vê seu próprio comportamento dessa forma. Então, o que é preciso para ser considerado promíscuo? É ser viado?”, provoca. “Muita gente pensa que por estar em um relacionamento heterossexual e monogâmico não está vulnerável. Isso é falso”, emenda.

Não importa a orientação sexual ou o tipo de relacionamento afetivo, os conselhos de Ítalo da Costa seguem o mesmo caminho: estabelecer uma rotina de testagem e, em caso de infecção, jamais deixar de fazer o tratamento, que é disponibilizado gratuitamente pelo SUS. Em breve, ele espera ampliar o alcance de sua contribuição por meio do aplicativo Sex Tech, já em fase de desenvolvimento, que pretende incluir recursos como telemedicina para encurtar os caminhos para o diagnóstico e o tratamento.

*Daniela Castro é jornalista, mestra em Cultura e Sociedade e criadora da Inclusive Comunicação. Ela assina a coluna Plural sempre no último domingo do mês.

Dicas plurais

Livro

Sob o pseudônimo Gabriel de Souza Abreu, o psicólogo Salvador Campos Corrêa reflete sobre o papel da arte no enfrentamento aos estigmas que cercam o HIV em Arte: um antirretroviral social. Fruto da tese de doutorado defendida na Fiocruz, o livro pode ser baixado gratuitamente no site da editora Encontrografia (encontrografia.com). A obra ainda inclui uma trilha sonora que pode ser acessada via código QR.

Série

Betinho – No Fio da Navalha é um retrato comovente da trajetória do ativista dos direitos humanos que virou símbolo da luta contra a fome no Brasil. O sociólogo, vivido de forma irretocável pelo ator Júlio Andrade, teve a vida marcada também pelo enfrentamento à Aids, cujo vírus contraiu em umas das transfusões de sangue que faziam parte de sua rotina devido à hemofilia. Disponível na Globoplay.

Podcast

Apresentado por Emer Conatus e Raul Nunnes, Preto Positivo conta com apoio da ONU e Unaids para falar sobre a convivência com o HIV, com foco principalmente na comunidade negra. A dupla percorre o Brasil para produzir os episódios, que contam com participação de especialistas e depoimentos de pessoas anônimas que vivem com o vírus.

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