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Em casa e no estúdio: pilates online é uma prática que deve permanecer
Por Maria Clara Andrade

Idealizado pelo alemão Joseph Pilates, o exercício que hoje leva o nome do seu criador nasceu pelo desejo do jovem em melhorar por completo o seu próprio condicionamento físico. Aliando estudos em anatomia com os conhecimentos em musculação, yoga, artes marciais e ginástica, o método pilates surgiu durante a primeira década do século 20.
Quem ensina está sempre reafirmando a multiplicidade de benefícios que o pilates tem. Para os que sonham com o corpo definido, mas preferem passar longe das academias de ginásticas, a atividade se torna uma boa opção, apesar de a prática não gerar hipertrofia dos músculos.
“O nosso foco é a força muscular, e isso gera definição. Então, você tem um corpo bem definido, tonificado e geralmente flexível porque o pilates dá a possibilidade de trabalhar com as duas coisas”, explica Joana Cardoso, sócia, junto com Milene Pimentel, da Clínica Levitare, localizada no Imbuí.
Sem restrições
Seja criança, jovem, idoso ou até mesmo gestante, existe um espaço para todos os grupos dentro do pilates. “Por ser uma atividade que não tem impacto articular, ela não restringe idades. Para mim, o principal benefício do pilates é que ele consegue atingir todos os públicos”, afirma Pedro Baqueiro, fisioterapeuta e professor de pilates na Clínica Crescer, no Stiep.
Em sua clínica, uma das alunas mais antigas e queridas tem 92 anos. Nessa história, os papéis se invertem. O professor diz considerá-la uma grande inspiração. “Ela funciona como uma referência de como eu quero chegar na minha vida”, conta Pedro. “O pilates foi muito importante para a minha qualidade de vida e eu digo, por experiência própria, a todos que façam”, afirma dona Clemildes.
Em uma outra clínica de Salvador, a La Vitta Pilates, a maioria dos alunos são jovens. Segundo a fundadora Jéssyka Reis, isso ocorre
pelo estilo de trabalho focado nessa faixa de idade, que ela desenvolve. “Eu consigo chegar a um avanço dos meus alunos que eles não conseguem com outras atividades ou em outros lugares”, afirma.
Aluna em seu estúdio há oito anos, a médica Nayara Galvão manteve-se na ativa até mesmo durante a gravidez. A paixão pelo método é tão grande que Nayara considera o pilates como, além de uma atividade física, uma terapia.
“Antes eu chegava com os ombros caídos, o olhar voltado para baixo, o pilates me fez olhar para cima, eu chego agora com os ombros erguidos. É um método que vai muito além da aparência física, ele trata a gente como um todo, o lado emocional também”, conta. Hoje, Nayara pratica pilates junto com o marido e a mãe. Ainda em isolamento, a família mantém-se ativa através das aulas online.
Quarentena
Estresse, tédio, inquietação, ansiedade. Muitos foram os sentimentos que marcaram, e continuam marcando, o período de isolamento social. Com os estúdios e academias fechados, os amantes de pilates passaram ainda por um longo mês de readaptação até que, enfim, as aulas online tornaram-se parte de suas quarentenas.
Agora, com a reabertura quase total do comércio e dos serviços, alguns estúdios não estão abrindo mão das aulas a distância, opção considerada por muitos alunos que ainda não se sentem seguros para retomar as atividades presenciais.
As diversas possibilidades da atividade e o uso do próprio corpo como instrumento durante o exercício possibilitaram a migração para o espaço doméstico sem grandes dificuldades, como explica Rafaela Santos, 28, instrutora de pilates em seis estúdios. “Em relação ao exercício, é praticamente a mesma coisa. Conseguimos adaptar bem, a gente usa cadeira, coloca o quilo de alimento para ser usado no lugar, vai adaptando com o que tem em casa”, afirma.
“Começamos a oferecer aula online com acompanhamento. Deu supercerto, é um pouco diferente, mas é o ‘novo normal’, a gente teve que se adaptar e os alunos também”, conta a fisioterapeuta Joana Cardoso. O espaço ainda não voltou ao funcionamento por conta de obras internas, mas as aulas remotas devem se manter mesmo depois da reabertura, contam.
Para Suéli Dias, 35, o pilates faz parte da rotina. A saudade da prática foi tão grande que, antes mesmo de as aulas online começarem, Suéli, que também é fisioterapeuta, já se aventurava em fazer uns movimentos em casa. “Eu sou uma pessoa muito ativa e não conseguia ficar em casa, olhando para o nada, esperando o tempo passar. Então, eu ficava inventando arte, fazendo exercícios de uma forma diferente, tentava fazer algum aeróbico, associando sempre aos exercícios de pilates”, explica.
Suéli voltou às aulas presenciais, que ocorrem duas vezes na semana, com a professora e amiga Fabiana Luz, na Clínica Speciale. Na clínica de Fabiana, muitas readaptações foram feitas por conta da pandemia, as turmas foram reduzidas e a higienização do estúdio se tornou ainda mais constante e intensificada. Ainda assim, quem não se sentiu confortável para o retorno pôde continuar fazendo as aulas via internet.
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