PRIMAVERA
Empresárias dinamizam mercado de flores em Salvador
Empresárias do ramo em Salvador têm se reinventado
Por Pedro Hijo
Nas redes sociais, um emoji de flor ou uma figurinha de um jardim florido podem ser usados para desejar bom dia a um filho, parabenizar um amigo ou até para demonstrar afeição a um namorado. Com a chegada da Primavera, neste domingo, A TARDE lança a questão: que espaço as flores reais ocupam no mundo digitalizado?
Empresárias do ramo em Salvador têm se reinventado, com delivery de arranjos e clubes de assinatura de flores, e têm resistido com o serviço de decoração floral de casamentos cada vez mais personalizado. Dona da empresa Tables and Flowers, que oferece entregas de buquês e arranjos a residências, clínicas e escritórios, Fabiana Duran diz que a ideia surgiu na pandemia.
No entanto, o interesse pelo trabalho com flores começou há mais de 10 anos, dando continuidade a um hobby familiar. "Meus pais sempre gostaram de mesa posta, de ter uma casa florida, e eu comecei a fazer cursos e a mexer com isso", conta Fabiana, que passou a conciliar o passatempo com o ofício principal, de executiva.
Os cursos deram segurança para que, em 2017, ela começasse a ministrar aulas de customização de arranjos florais aos fins de semana. "Esses workshops que eu dava eram uma forma de compartilhar meu conhecimento e desestressar". No início da pandemia de Covid-19, em 2020, Fabiana passou a vender kits personalizados, unindo flores e comidas.
A empresária diz que durante o isolamento social as pessoas trocaram a presença em celebrações por presentes mais afetivos. A ideia dos kits funcionou e Fabiana abriu mão da carreira como executiva para fundar o próprio negócio, a Tables and Flowers, naquele mesmo ano. Quatro anos depois, com seis funcionários a mais, ela define a empresa como um estúdio de flores especializado em entrega de arranjos e cestas de café da manhã.
"Conseguimos abarcar uma série de experiências diferentes", afirma a empresária, que também oferece cursos no estúdio, no bairro do Rio Vermelho. Ela criou ainda um clube de assinaturas para quem quer receber arranjos com frequência em casa ou no escritório.
A empresa cria buquês em diversos tamanhos com base em tendências de moda, arquitetura, artes e no gosto pessoal do cliente. Os arranjos variam entre pequenos, médios e grandes e podem ser entregues uma vez por semana ou a cada 15 dias. Fabiana conta que a relação da empresa com o freguês começa com um questionário sobre alergias e preferência de cores e tipos de flores.
"O autocuidado de enviar flores para si mesmo diz respeito a um movimento atual de se cuidar e de se presentear", opina a empresária, que também oferece o serviço para clínicas e escritórios. Com a chegada da Primavera, Fabiana vai lançar um novo formato de assinatura. Desta vez, os clientes receberão caixas com ramos soltos para que eles mesmos montem os arranjos em casa. A ideia surgiu depois de notar que os alunos dos workshops estavam saindo cada vez mais afeitos ao "faça você mesmo".
A dermatologista baiana Marilu Tiuba é uma aluna cativa dos workshops da Tables and Flowers e já esteve presente em três cursos. Ela conta que passou a frequentar as aulas depois de tentar arrumar a casa com flores para um aniversário e se frustrar por não conseguir montar arranjos sozinha. "Gastei uma fortuna comprando flores e quando eu fui fazer em casa fiquei triste porque não conseguia combinar as flores", conta.
Desde então, a dermatologista buscou mais informação sobre o assunto e comprou um kit de jardinagem, um fiel escudeiro que a ajuda a montar arranjos em datas festivas. "Mas também faço a assinatura e a minha clínica recebe flores semanalmente, fica com um visual diferente, leve e elegante", descreve Marilu.
Casamento
Enquanto Fabiana propôs um novo contato das pessoas com as flores, sem a tradicional ida às lojas físicas, outro segmento que comercializa o produto resiste justamente na tradição: a decoração de casamentos. Matrimônios representam a maior parte dos eventos feitos pela designer floral baiana Laís Weber. “São 90% dos eventos que eu faço”, diz.
O investimento nas flores na decoração de um casamento representa uma fatia considerável no orçamento do casal, de acordo com a profissional, acrescentando que esse percentual varia. “Depende das necessidades do evento e do perfil dos noivos”, diz. “O cliente que busca status e ostentação, está à procura de volume e preenchimento, então, se ele pretende preencher com móveis, essa parte será mais cara do que as flores”, exemplifica.
A advogada baiana Vivian Fernandes optou por orquídeas brancas na decoração da cerimônia de celebração do casamento, em 2007. A Igreja do Museu de Arte Sacra, localizada no bairro Dois de Julho, em Salvador, foi ornamentada apenas com as flores brancas, a pedido da noiva. “Já o espaço da festa foi decorado com flores de tons que variavam do branco ao rosa, porque até hoje eu sou muito romântica”, confessa.
Segundo Laís Weber, saber quais são as flores favoritas do casal é primordial antes de montar o projeto de decoração de um casamento. “É muito importante saber quais são os gostos dos noivos, mas cabe a mim, também, apresentar novidades de espécies e de cores para agregar ao evento”.
Desafio
Para a proprietária da Tables and Flowers, o mercado das flores é desafiador. Um dos aspectos destacados pela empresária é a falta de investimento brasileiro em tecnologia para lidar com as mudanças climáticas, que afetam diretamente nas plantações e, consequentemente, o preço do produto. Há casos, diz Fabiana, de plantações perdidas por ondas de calor ou frio.
Um desafio para o mercado baiano é que a maior parte da produção de flores do país fica localizada em Holambra, no interior de São Paulo. “Há um custo com logística porque essas plantas são transportadas por caminhões refrigerados", explica. Dessa forma, o preço das flores se torna ainda mais alto para as revendedoras e para o cliente final.
A empresária destaca que a indústria das flores se baseia em leilões realizados no interior paulista. Compradores atacadistas frequentam esses eventos e repassam esse preço para empresas menores. O custo também oscila a depender do clima e do calendário, de acordo com Fabiana. “O preço fica maior quando é Dia das Mães, por exemplo”, conta.
Apesar do custo, Marilu Tiuba não abre mão das flores na decoração do apartamento onde mora e da clínica onde trabalha. “Eu não tinha esse hábito de ter arranjos de flores, mas quando você se envolve, entende mais, é inevitável”, conta. “Então, sempre tem um arranjo decorando meus aniversários, Dia das Mães, Dia dos Namorados. Fica tudo muito lindo”.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes