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MUITO

Escrevem-se cartas de amor

Por Fabiana Mascarenhas

13/06/2016 - 11:31 h | Atualizada em 21/01/2021 - 0:00
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Há quem diga que as cartas de amor escritas à mão estão fora de moda, um tanto ultrapassadas nesta era demasiadamente tecnológica. Elas, que já foram um dos maiores símbolos do romantismo e instrumento de conquista de muitos casais, hoje são raras. Relíquias encontradas apenas em velhas caixas de papelão e baús de recordação esquecidos em algum lugar no fundo do armário.

Seduzidos pelo correio instantâneo, os apaixonados modernos não querem perder tempo com o ato de escrever, tampouco com a forma de envio. Preferem o computador e o smartphone ao papel, o mouse e o teclado à caneta, as mensagens e o e-mail à carta. Novos tempos. Novas formas de se relacionar e, também, de se declarar, mas ainda há quem prefira dar e receber cartas escritas à mão. Essas que, de letra em letra e de rabisco em rabisco, dão forma às palavras e expressam os sentimentos.

Muito esteve em três espaços da cidade - Praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba; Praça da Piedade, no Centro; e orla de Tubarão, no subúrbio ferroviário - e convidou as pessoas para presentearem seus respectivos amores hoje, Dia dos Namorados, com uma carta. As reações foram diversas. Alguns ficaram com vergonha de se declarar publicamente, outros lamentaram o fato de não ter um amor para enviar uma carta, e teve até quem afirmasse não acreditar mais no amor.

Boa parte, no entanto, ainda acredita que as cartas escritas à mão continuam sendo símbolo de romantismo e uma forma delicada de fazer uma declaração. Não à toa, houve quem não hesitasse em dar uma pausa na loucura cotidiana para transferir para o papel as próprias emoções. Algumas delas poderão ser conferidas nesta reportagem. A experiência revelou que, apesar de todas as mudanças, as cartas continuam provocando encantamento. E, há que se dizer, permanecem ridículas. Afinal, não seriam cartas de amor se assim não fossem. Já dizia o poeta português Fernando Pessoa.

Do virtual para o real

Patrícia Sobral , 25, anda apressadamente pela Praça da Piedade, no centro da cidade. Ao avistar o banner da reportagem da Muito, no qual está escrito "Escrevem-se cartas de amor", para subitamente. Começa a circular pelo local como quem não sabe se vai ou fica. Decide ir. Alguns minutos depois, volta e pede informações. Não precisou de muito tempo para que começasse a recitar o que gostaria de ter escrito na sua carta. Antes, faz um pedido: que a repórter não inclua o nome do seu amor. "Chamo de Orquídea. Pode ser apenas assim?", pergunta. Diante da resposta positiva, abre um sorriso largo. Sobre a relação, limita-se a dizer que a história de amor começou na internet e imaginava que seria algo passageiro. Não foi. A relação já dura um ano e oito meses, completados exatamente hoje, Dia dos Namorados. Desde então, uma orquídea reina em seu jardim.

Imagem ilustrativa da imagem Escrevem-se cartas de amor
| Foto: Bruno Aziz | Ag. A TARDE

Bebê a bordo

É com um sorriso tímido que o lixador Erlan de Jesus, 22, aproxima-se do estande da Muito, na manhã em que a reportagem esteve em um trecho da orla de Tubarão, no subúrbio ferroviário. Próximo dali, dois amigos do rapaz fazem galhofas e riem da situação. "Esses caras são fogo, desculpa, moça", comenta, emendando em seguida: "Não sei muito bem como fazer isso. Sabe como é homem, né? Você pode me ajudar?". As informações são reveladas aos poucos e em voz baixa, quase em tom de confissão. Há um ano e oito meses Erlan vive uma relação com a manicure Vanessa Freitas, 21. Mulher brava, de personalidade forte. "Mas eu gosto, admiro o jeito dela". Ele conta que a namorada está grávida de sete semanas e que está feliz com a chegada do bebê. "Pode botar aí na carta que acho que essa criança vai trazer felicidade. Isso é importante".

Imagem ilustrativa da imagem Escrevem-se cartas de amor
| Foto: Bruno Aziz | Ag. A TARDE

Gratidão e afeto

A carta da dona de casa Melrie Rose Bispo, 31, é mais do que uma declaração de amor. É, sobretudo, uma oportunidade de agradecer. Não fosse pela persistência do marido, o caminhoneiro Wilson Carvalho, 32, talvez não estivesse ali, na orla de Tubarão, a escrever tal carta. "São dois anos juntos, mas ele teve que lutar muito por mim. É uma pessoa especial, que fui aprendendo a amar aos poucos", diz, emocionada. A gratidão não é apenas por Wilson, de forma apaixonada e resignada, ter tido a sensibilidade de esperar o tempo dela, mas pelo cuidado com seus filhos, fruto de uma relação anterior com outro homem. "Ele trata meus filhos como se fossem dele. Um homem desses é muito raro de se ver", conta, fazendo questão de esclarecer que nem tudo são flores. "Ele não é nenhum santo. Tem muitos defeitos, mas é um homem bom. Precisa ver".

Imagem ilustrativa da imagem Escrevem-se cartas de amor
| Foto: Bruno Aziz | Ag. A TARDE

Sonho realizado

Quando a fisioterapeuta Iris Almeida, 34, começou a discorrer sobre a sua história de amor, havia um frescor em seu olhar. Iniciou a conversa falando sobre quanto a encantavam a boca, o sorriso, os olhos azuis do amado. "Eu me derreto toda", disse, rindo. Oito anos de relacionamento com o analista de sistemas Ronaldo Ribeiro, 39, e ainda é assim. Quando achou que já tinha muito na vida, veio a pequena Maria Fernanda. A chegada do primeiro filho consolidou ainda mais a relação, apesar das noites perdidas e da falta de tempo para namorar. "Tudo isso vale a pena quando olhamos para ela. Ronaldo foi a pessoa que realizou o maior sonho da minha vida, que era ser mãe". Uma semana depois de escrever a carta, Iris fez um pedido, por telefone, à reportagem: "Em vez de amor, pode colocar aí na carta 'amor lindo'? É assim que eu o chamo". Ê, paixão!

Imagem ilustrativa da imagem Escrevem-se cartas de amor
| Foto: Bruno Aziz | Ag. A TARDE

Amor clichê

A estudante Maria Mariana de Oliveira, 18, aprendeu cedo que o amor pode ser brega e clichê. E não tem medo algum de assim parecer aos olhos alheios. Tem sido dessa forma desde que começou a namorar o estudante Luís Guilherme Santana, 23. Fez questão de escrever, de próprio punho, a carta de amor destinada ao seu amado, a primeira do Dia dos Namorados. Como toda adolescente no início da vida amorosa, Mariana exagera. Tudo é muito, tudo é único e para sempre. "Ele mudou a minha vida. Poderia passar uma vida inteira e não conseguiria expressar o que sinto". Ela tenta. Caneta e papel nas mãos, vai palavreando as emoções. Escolhe cuidadosamente cada frase, recorre à música, mas nada lhe parece ser suficiente. Não será. O amor tem dessas coisas.

Imagem ilustrativa da imagem Escrevem-se cartas de amor
| Foto: Bruno Aziz | Ag. A TARDE

Pedido de namoro

A modelo Estella Withofs, 18, economiza nas palavras. Não revela o nome e parece não querer dar detalhes sobre a pessoa a quem destinará sua carta de amor. Tal qual o compositor alemão Beethoven, em sua famosa Carta à amada imortal, o amor de Estella permanecerá desconhecido. Pelo menos até que leia a carta que ela escreveu. Apaixonada ela está, isso confessa. Quanto aos sentimentos dele, tem dúvida, mas acredita ser recíproco. O relacionamento, que já dura dois anos, não tem rótulo. Ficam sempre que se encontram e têm vontade, mas a dela cresceu. Cresce a cada dia. Estella quer algo sério, mas tem medo de estragar tudo. Em dúvida sobre a carta, respira fundo. Uma, duas, três vezes. Decide, enfim, escrever e correr o risco. E, assim, o amor vence o medo. Mais uma vez.

Imagem ilustrativa da imagem Escrevem-se cartas de amor
| Foto: Bruno Aziz | Ag. A TARDE

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