Estabelecimentos apostam em chocolates e menus especiais

Uma das épocas mais aguardadas do ano, a Páscoa é  muito associada ao momento de reunir familiares e amigos em um  almoço no domingo. Para as crianças – e os mais velhos também –, é dia de se lambuzar com os chocolates. Seja qual for sua preferência de pratos típicos para a ocasião, uma coisa é certa: as comidas pascalinas fazem todo mundo esperar pelo dia.

 Mesmo que em vários países as tradições se diferenciem, a data, que é inteiramente ligada à ideia de renovação da natureza e de vida nova, é o momento em comum em que todos se unem e, certamente, tem centralidade na comida. No Brasil, é comum comer receitas com bacalhau, iguaria introduzida no país pelos portugueses. E por anos seguimos assim. 

Com isso em mente, muitos estabelecimentos se preparam para oferecer menus especiais para aqueles que desejam celebrar a Páscoa fora de casa, sem ter a preocupação de montar a mesa e preparar os pratos. 

No Pasta em Casa, sob comando do chef Celso Vieira, a celebração vai ser em dobro. Isso porque o estabelecimento comemora uma década neste ano. O que começou como uma pequena loja no Rio Vermelho, com a ideia de facilitar a vida dos consumidores, oferecendo massas, molhos, antepastos prontos e pães, hoje é um grande restaurante.

Para o menu de Páscoa, o chef revela que todo ano pensa em trazer uma novidade. Para este ano, ele pensou em algo diferente. Associado aos 10 anos do restaurante, a ideia é reeditar os clássicos gastrômicos de lá. 

Serão oferecidos ao público a lasanha de bacalhau, o ravioli de espinafre com recheio de muçarela de búfala e o pernil de cordeiro com cuscuz marroquino. 

E ele já se prepara para uma segunda unidade do Pasta em Casa, a ser lançado este ano no Alphaville, e em breve um novo empreendimento está para surgir, a Casa Chalabi, também em sociedade com sua esposa, Valesca Chalabi, que atualmente funciona apenas no delivery, com pratos da cozinha líbano-mediterrânea. “Vamos reproduzir nessa nova marca clássicos da culinária da família da Valesca. Comida típica, mas com um tempero especial”. 

Para a sobremesa do menu de Páscoa, ele pensou em uma parceria destes dois empreendimentos. Será um doce de sobremesa típico da Páscoa libanesa, um biscoito à base de nozes e tâmara. “Será uma celebração especial”.

Vinícius Marques

Nascido numa família católica, o chef Celso Vieira  lembra que quando era   criança acreditava muito no coelhinho da Páscoa. “Eu morava em casa, tinha quintal, e minha melhor memória é de meu pai comprando meia dúzia de ovos e ir esconder no gramado do quintal”, recorda. 

“Eu ia achando, ele ia guardando e escondendo novamente. Então, eu passava a manhã encontrando os mesmos seis ovos. Hoje fazer uma festa para criança tem que ter um carrinho de mão de ovos”, acrescenta, rindo. Essa foi uma tradição que ele deu continuidade com suas duas filhas. 

Na parte culinária, o chef não poupa elogios à bacalhoada de dona Irameca, sua mãe. “Ela fazia bacalhau estupendamente bem”, afirma. Por ser de uma família italiana, ele conta que na mesa não faltavam opções, mas era da bacalhoada que todos queriam um pedaço. 

“Esse era o prato típico e que a gente aprendeu a comer desde cedo. Criança em geral não gosta muito de bacalhau, mas na casa da minha mãe não tinha essa onda, não. A gente caia matando. Era muito bom”, conta Celso.

No restaurante La Pasta Gialla, estabelecimento administrado por Marcelo Reis, o bacalhau é o protagonista no menu de Páscoa deste ano. De acordo com ele,  a ideia foi oferecer um prato que tivesse insumos em toda a rede, composta por 14 restaurantes espalhados pelo Brasil. No dia da Páscoa será oferecido uma massa (tagliatelle) com alho poró e bacalhau. 

A sobremesa será uma musse de chocolate, receita da mãe de Marcelo. “Ela era uma doceira de mão cheia e tinha essa musse. Pensando no que poderíamos colocar na Páscoa, surgiu a ideia da musse da nossa mãe, que comíamos quando éramos pequenos, e tem a ver com o chocolate de Páscoa”, diz.

Segundo Marcelo, o fundador da marca, Sergio Arno, que é seu cunhado, possui algumas receitas da sua mãe que ele aprova e gosta muito, e a musse de chocolate era uma dessas. Então, foi fácil fazer esse casamento do prato principal com a sobremesa.

E isso se mistura à história da franquia soteropolitana do La Pasta Gialla, isso porque antes de se tornar o que é hoje, o estabelecimento se chamava Divino Pecado e foi pensado para ser um restaurante familiar, comandado por dona Vera Lúcia, mãe de Marcelo. “O Sergio Arno fez uma visitar aqui em Salvador, veio ao nosso restaurante, gostou muito do espaço e fez a proposta de montar o La Pasta Gialla aqui”, lembra Marcelo.

O restaurante funciona há 15 anos na Pituba e, desde setembro do ano passado, possui também uma segunda unidade no andar superior do Cine Metha - Glauber Rocha. No começo, o restaurante era gerido pela irmã de Marcelo, mas desde 2013 ele é quem está à frente. 

“Sempre fui apaixonado pela gastronomia, mas depois que assumi aqui o restaurante foi que veio minha paixão toda e hoje estamos aqui todo dia”, conta.

Marcelo considera que a Páscoa é um momento muito bom para os estabelecimentos do ramo alimentício pois são nas datas especiais que muitas famílias se reúnem, fazendo com que queiram celebrar este momento num restaurante. “Isso movimenta nosso comércio. É muito esperado por todos nós”, afirma.

Brunch

Para aqueles que não se interessam inteiramente pelo almoço, mas gostam de um café da manhã com tudo que há direito, uma opção é o brunch servido pelo Wish Hotel. Essa será a primeira vez que o estabelecimento oferece esse serviço, e segundo Eduarda Ketzer, gerente de alimentos e bebidas do hotel, a ideia de lançar os brunchs do Wish no domingo de Páscoa surgiu justamente por essa ser uma data em que eles acreditam que deva ser celebrada em família.

“Acho que as pessoas já ficaram muito tempo dentro de casa, hoje elas também moram em lugares menores e querem se reunir, ter um espaço como o nosso para  poder se reunir, celebrar uma data e poder passar uma tarde diferente, proporcionar um entretenimento diferente, essa é a ideia”, afirma Eduarda.

Para a gerente, o brunch acaba atendendo a todos os gostos, desde aqueles que têm um paladar mais voltado para o café da manhã, até para quem já tem aquela vontade de comer algo mais salgado, característico do almoço. “A gente vai tentar atender todos os gostos dos membros da mesma família”, conta. O carro chefe, é claro, fica por conta do bacalhau à nata. O valor do brunch é de R$ 110 por pessoa, com uma taça de espumante de boas-vidas, e acontece das 12h30 às 15h30, com música ao vivo.

Ela  está nesta função de gerente de alimentos e bebidas há 10 meses. Veio do Rio de Janeiro e conta que tem um sentimento especial pela Páscoa justamente por ser esse momento de encontros familiares. “A gente que é hoteleiro, que vive tanto tempo fora, valoriza mais ainda os encontros de família. Páscoa, para mim, sempre foi em casa, com meus pais, meus irmãos e aquela coisa de caça aos ovos”.

Neste ano, ela compartilha do mesmo sentimento de Marcelo Reis: que haja uma retomada em que as pessoas queiram estar juntas nessas celebrações depois de tanto tempo com todo mundo em casa. “Acho que há datas, como o caso da Páscoa, que as pessoas arranjam desculpa para se encontrar. Quero acreditar que  a gente vai retomar isso”, afirma.

Almoço

Oferecendo um cardápio completo com almoço e doces, a Tortarelli é uma das opções mais completas para esta Páscoa. Este é o segundo ano em que o café e confeitaria realiza um menu de almoço, iniciado no ano passado por conta da pandemia. Segundo Rose Pires, uma das sócias do local, essa foi uma forma de “se reinventar e buscar novos produtos e estar de outra forma com o nosso cliente”.

Há 20 anos no mercado, hoje a Tortarelli já possui quatro lojas, tendo sua loja principal localizada na Praça Ana Lúcia Magalhães, onde também funciona a produção das tortas. A intenção de Rose e sua sócia, Patrícia Maia, era de que criar “uma empresa de vanguarda”, focada nos doces e tortas para os momentos especiais em família e amigos.

“A gente queria transformar o hábito das pessoas. E, realmente, transformamos. Hoje nos vemos muito nisso, nas casas das pessoas, nos eventos, nos finais de semana, aniversários, Natal, dia das mães, dia dos pais, Páscoa”, enumera Rose.

Para o menu de Páscoa deste ano, elas decidiram incluir tanto o clássico bacalhau, como outros pratos locais, como o bobó de camarão, moqueca de camarão, caruru e vatapá. Os itens para almoço serão vendidos somente por delivery, enviados em vasilhas plásticas e resfriados – já no domingo serão enviados em refratários de vidro, que será o presente de Páscoa do estabelecimento para o cliente.

E como não poderia faltar, eles também oferecem uma variedade imensa de doces. Vão desde os ovos pintados aos ovos de corte (diferentes dos ovos de colher, pois aqui são côncavos ao invés do tradicional convexo e devem ser cortados e comidos em fatias), passando pela caixinha de coelhos de chocolates até as latinhas de bolos cobertos em chocolate. O objetivo de trazer produtos diferentes é que sejam opções para quem deseja presentear.

“Essa é nossa terceira páscoa e nosso objetivo é transformar também, além de todos os produtos na qualidade que oferecemos, numa marca com a linha de presentes. Sejam os formatos dos chocolates, as latinhas, as caixinhas especiais”, explica.

Especial

Quem também decidiu produzir produtos diferentes foi a Coffetown, que desde a Páscoa do ano passado se prepara para essa edição. Tiago Menezes, confeiteiro do empreendimento, conta que realizou um curso em São Paulo, na Chocolatria, ministrado pela chef Simone Izumi, para aprender a criar uma variedade de ovos e montar um cardápio especial em 2022.

No cardápio, são oferecidos ovos artísticos trufados e recheados (brigadeiro de pistache, brigadeiro de limão siciliano ou caramelo salgado com amêndoas), ovos de casca lisa, ovo ouriço (com casca crocante, recheado com bombons de ganache) e opções de caixinhas com ovos sortidos.

“Além de serem ovos artísticos, são ovos exclusivos, todos com sua própria identidade. Além de ovos que parecem joias, temos também os tradicionais, além de outros produtos como os bombons de ganache de café”, detalha Tiago.

Segundo Tiago, o público tem valorizado mais o trabalho artesanal que, para ele, é uma mudança positiva. Ele percebeu também que este ano, com a volta do presencial, as encomendas estão maiores, principalmente vindo de empresas. “Com a volta do presencial, é sempre mais fácil cativar o cliente. Apesar de que as vendas online vieram para ficar, acredito que elas vão até superar os presenciais. A pandemia fortaleceu muito esse tipo de comércio. Eu mesmo adoro uma comprinha online”, brinca o confeiteiro.

Para quem gosta de doce, mas quer manter algo mais saudável na dieta, a opção é a Intégré Confeitaria Saudável, que com o tema Lembranças de Ouro traz uma linha especial com Ovos Cravejados, Ovos de Colher, Barras de Chocolate e Ovos sem Recheio, com opções sem lácteos, low carb e zero açúcar. Os valores vão de R$ 60 a R$ 150 e os pedidos podem ser feitos por delivery.

“O Intégré significa integrado, que significa unir. A intenção é unir pessoas cada vez mais através da alimentação. Às vezes, a gente não consegue criar essa união porque a pessoa pode ter alguma intolerância, o diabético não pode comer açúcar. Queremos transformar esses momentos com o doce em momentos saudáveis”, explica Tâmara Mota, nutricionista e uma das sócias da Intégré.

O cardápio também foi pensado para que os produtos fossem presenteáveis. O nome do menu, Lembranças de Ouro, é para fazer uma alusão dos doces tradicionais para os doces saudáveis, trocando apenas alguns ingredientes, incluindo outros como a farinha de amêndoa, o leite de amêndoa, chocolates com cacau acima de 50%. “Prezamos em utilizar chocolates 100% saudáveis, que sigam a mesma linha do que acreditamos. Chocolate sem açúcares, sem lácteos ou sem leite e que sejam nutritivos”, finaliza.

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