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13/10/2024 às 5:00 | Autor: Pedro Hijo

MUITO

Hobbies beneficiam a saúde mental e aliviam o estresse

Segundo psicóloga, muitas pessoas esperam a aposentadoria chegar para se dedicar ao lazer

Fisioterapeuta aposentada coleciona quebra-cabeças e dedica bom tempo para este passatempo
Fisioterapeuta aposentada coleciona quebra-cabeças e dedica bom tempo para este passatempo -

O cenário se repete quase todas as noites na casa da fisioterapeuta aposentada Nadja Queiroz, de 61 anos. Um feixe de luz que vem da luminária, uma música baixinha e uma mesa repleta de quebra-cabeças. O marido dela já está acostumado a acompanhar de longe. "Antigamente, ele sentava para me ajudar, hoje ele não tem mais paciência. Então, monto o quebra-cabeça sozinha, é o meu hobby", conta.

Nadja faz parte de um grupo de pessoas que dedica concentração e tempo a atividades manuais desafiadoras, mas que ajudam a sair da correria do dia a dia.

Ter um passatempo pode ser uma ótima forma de regular as emoções. É o que explica a psicóloga Ana Martha Lima, que se diz uma defensora do "hobby mal feito", aquele que é realizado sem prezar pela excelência e sem prazos. "Se a gente vive uma vida tão corrida, cheia de incômodos, incluir uma atividade que alivia o estresse pode ser uma ótima forma de ativar áreas do nosso organismo que não estão ligadas à importância do desempenho", pontua.

Foi sem compromisso de se tornar um profissional das esculturas de Lego, que o engenheiro eletrônico Rafael Brito, 35, começou a colecionar os brinquedos de montar. Em 2020, um pouco antes do isolamento causado pela Covid-19, ele e a esposa compraram uma caixa de Lego para presentear o afilhado dela, hoje com 9 anos.

Rafael percebeu, então, que, todas as vezes que se sentava para brincar com o menino, a vontade de montar Lego aumentava. "Então, eu passei a ficar de olho em promoções para comprar uma caixa para ele e outra para mim", diz Rafael. Hoje, o casal tem mais de 60 Legos, metade ainda nas caixas, esperando uma oportunidade para serem montados.

"É um tipo de atividade que me relaxa, demanda foco, mas consigo fazer de forma mecânica, seguindo o manual", diz o engenheiro. Além de ajudarem no alivio do estresse, atividades manuais como montar quebra-cabeças e Lego estimulam a coordenação motora, especialmente entre crianças e idosos.

Foco no hobby

Contadora de histórias, Zezé Bello, 65, monta origamis há 25 anos e, atualmente, ensina a prática japonesa para outras pessoas, incluindo o público infantil. "O origami tem uma didática própria, é também uma brincadeira, um entretenimento. Para mim, que sou ariana, regida pelo fogo, com uma mente inquieta, o origami acalma, abaixa a correria do dia a dia", explica.

Os primeiros alunos de Zezé foram crianças com câncer em um hospital de Itabuna, no interior do estado. O origami surgiu como um complemento ao trabalho de contação de histórias. "Eu precisava entreter aquelas crianças com um material limpo, que não contaminasse o hospital, então, comecei a pesquisar sobre o que era possível fazer com um papel ofício".

O que surgiu a partir de uma atividade complementar virou paixão. E a paixão pelos origamis resultou em diversas exposições, a mais recente está em exibição na Biblioteca Juracy Magalhães Júnior, no bairro do Rio Vermelho, até o dia 31 deste mês.

Enquanto Zezé recorreu às dobraduras de papel por uma restrição do hospital, Nadja Queiroz retomou o hábito de montar quebra-cabeças por outra limitação: o isolamento social causado pela pandemia.

Imagem ilustrativa da imagem Hobbies beneficiam a saúde mental e aliviam o estresse
| Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE

No período, a soteropolitana se dedicou à montagem das peças depois que se percebeu em uma nova realidade. Acostumada a dedicar todo o tempo que tinha ao trabalho, Nadja se aposentou e precisou se isolar para atender às normas da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Comprei logo cinco quebra-cabeças pela internet", lembra.

Estar em ambientes com muita pressão e estresse era uma rotina comum para Nadja. A jornada de trabalho como professora e fisioterapeuta em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de hospitais adormeceu o apreço que ela tinha pelos quebra-cabeças na infância. "Eu sempre trabalhei muito, era de 7 da manhã até às 10 da noite, não tinha tempo de fazer nada".

Saudável

Segundo a psicóloga Ana Martha Lima, assim como Nadja, muitas pessoas esperam a aposentadoria chegar para se dedicar ao lazer. "É como tantas outras que contam exclusivamente com as férias ou com o fim de semana para relaxar", afirma.

A profissional explica que preencher o tempo dos dias úteis da semana com atividades leves e que não exijam tanto pode ser uma alternativa mais saudável. "Assim, a gente tem mais familiaridade com o nosso prazer e com o lazer".

Nadja conta que montar um quebra-cabeças é um momento de "não pensar em nada". "Quando começo, é a hora de pensar em mim", diz a fisioterapeuta. Depois de anos dedicados a pacientes e alunos, ela encontrou no hobby um espaço só dela: "Eu não penso em mais nada, nada de problema, nada de ruim. É um momento de lavar a alma, de relaxamento, de satisfação".

Com a prática, Nadja se aperfeiçoou na montagem. Demora menos de um dia para terminar um quebra-cabeça de 500 peças. "Em três dias eu faço um de mil", conta. Para não atrapalhar a dinâmica da casa com as peças, ela comprou uma mesa de montar só para a atividade.

Rafael e a esposa também investiram em mobiliário próprio para dar espaço a um hobby. Ele utilizou os conhecimentos de engenharia para confeccionar duas mesas para montagem de Lego e um guarda-roupas para guardar caixas com peças.

"Agora, quero fazer uma estante para expor o que montamos", diz Rafael, que reservou um cômodo da casa só para a coleção de Lego.

Opções

Para o engenheiro, o que mais atrai no brinquedo é a versatilidade das opções de montagem. Ele compra muitos “sets”, que são as versões de Lego com uma figura de referência, mas, os xodós são as peças soltas que podem gerar uma infinidade de criações.

Rafael conta que o item que mais gosta na coleção é um Lego em formato de “estrela da morte”, estação espacial bélica criada pelo Império Galáctico na série cinematográfica de ficção científica Star Wars. “Tem só 300 peças, mas é um item exclusivo”, conta.

Na casa de Rafael, montar Lego é um hobby compartilhado. A empresa dinamarquesa estimula que o hábito seja feito em grupo, inclusive. “Temos um set de Lego com quatro flores, em que cada pessoa monta uma e depois juntamos num só vaso”, explica Rafael. “É uma atividade que possibilita essa interação, fora do celular”.

Engenheiro eletricista é colecionador de LEGO
Engenheiro eletricista é colecionador de LEGO | Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE

Para Ana Martha Lima, ter um hobby que envolva foco permite que a pessoa tenha mais consciência sobre onde dispende a atenção. “O tempo inteiro somos bombardeados com estímulos que sequestram a nossa atenção enquanto a gente interage com o mundo”, diz a psicóloga.

Além de um hobby que demanda concentração como dobrar origamis ou montar quebra-cabeças e brincar de Lego, Ana Martha sugere práticas contemplativas como meditação e leitura para fomentar a consciência do foco intencional. “Isso nos ajuda a escolher para onde a gente quer levar a nossa atenção, em vez de sermos levados por aquilo que nos captura”.

COMO SURGIRAM?

ORIGAMI

Os primeiros registros de origami são do século seis, quando o papel chegou ao Japão, vindo da China. Nesse período, a arte da dobradura japonesa era usada em cerimônias religiosas e rituais. Com o tempo, a prática ganhou popularidade no Japão e no mundo. A partir do século 17, o origami passou a ser difundido como atividade recreativa e educativa. A dobradura mais famosa do mundo é o tsuru, que tem o formato de uma cegonha, pássaro que simboliza longevidade e felicidade na cultura japonesa. Acredita-se que quem dobra mil tsurus terá sorte e desejos realizados.

QUEBRA-CABEÇA

Há muitas versões para o surgimento do quebra-cabeça. Uma delas atribui ao cartógrafo britânico John Spilsbury a criação do jogo. John fez um mapa de madeira e o cortou em peças. A ideia era desenvolver uma ferramenta educacional para ensinar geografia a crianças. Com a introdução do papelão, nos séculos 19 e 20, os quebra-cabeças, que já vinham ganhando popularidade, se tornaram mais acessíveis. De acordo com o Guinness World Records, o livro dos recordes, o maior quebra-cabeça já criado tem 6,3 metros e mais de 40 mil peças e tem como tema personagens da Disney.

LEGO

As peças de Lego foram inventadas pelo carpinteiro Ole Kirk Christiansen, na Dinamarca em 1932. Inicialmente, eram de madeira e a marca ganhou esse nome como uma derivação da expressão dinamarquesa "leg godt", que significa "brincar bem". Apenas 17 anos depois, as peças passaram a ser produzidas com plástico. E, em 1958, a marca patenteou o sistema de encaixe dos blocos pinos. Cinco décadas mais tarde, a empresa perdeu a patente e, atualmente, várias marcas produzem peças de montar similares. Segundo o Guinness World Records, o Lego com mais peças já vendido tem 11 mil blocos, e é um mapa-múndi. O maior em tamanho tem 6,1 metros e o formato da Estátua da Liberdade.

Serviços

10ª exposição Origami

A artista Zezé Bello reúne peças de origami, kirigami e quilling na exposição Dobrar e enrolar é arte. Entre as obras, uma imagem de Santo Antônio, uma árvore de cerejeira e um barquinho em homenagem a Iemanjá.

Data: Até 31 de outubro

Local: Biblioteca Juracy Magalhães Júnior, Rua Borges dos Reis, S/N – Rio Vermelho, Salvador

Horário: Segunda a sexta, das 8h às 17h, sábados das 8h às 12h

Oficinas de origami: 17/10 (15h) e 31/10 (15h30)

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