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SARAU

Jackson Costa apresenta o Sarau do Poeta na Caixa Cultural

A CAIXA Cultural Salvador recebe em abril o espetáculo Sarau do Poeta

Por Gilson Jorge

20/04/2025 - 8:30 h
Imagem ilustrativa da imagem Jackson Costa apresenta o Sarau do Poeta na Caixa Cultural
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Quando subiu ao palco em Itabuna para declamar pela primeira vez em público um poema, Jackson Costa resolveu duas questões ao mesmo tempo. A primeira foi vencer a timidez que o impedia de fazer perguntas durante as aulas na escola. A segunda foi a certeza de que queria ser artista. "A primeira coisa que eu fiz como ator foi interpretar o Poema Negro, de Augusto dos Anjos", lembra Jackson.

A paixão pela arte começou na infância, quando via os circos montarem seus picadeiros num terreno às margens do Rio Cachoeira, na região em que sua família morava. O pequeno Jackson se encantou ao descobrir que os homens de cara fechada, meio rudes, que fincavam as estacas para erguer a lona se transformavam em amorosos palhaços.

O jovem itabunense às vezes passava quinze dias sem ver o pai, o caminhoneiro

Luiz Costa, que viajava constantemente pelas estradas brasileiras. A volta para casa sempre era festejada por dois motivos. Além de matar a saudade, Jackson aproveitava a presença do veículo de seu pai por uns dias para pegar a lona da carroceria e improvisar um circo no quintal de sua residência.

Com a benção de sua mãe, Elza Costa, uma descendente de ciganos que fugiu da casa na juventude para estudar enfermagem, a empregada doméstica da família fazia sucos e bolos para servir às crianças da vizinhança que apareciam para prestigiar o espetáculo produzido pelo artista-mirim.

Itabuna está tatuada no coração e na alma de Jackson, que abriu um intervalo em suas apresentações com o grupo Los Catedrásticos, nesse mês de abril, para visitar a sua cidade natal, rever a família e dirigir quatro shows de seu irmão, o cantor Jean Costa e convidados, incluindo o próprio Jackson e o ator e poeta Luiz Delmo. Nesse período, a comédia Macetando conta com um ator substituto. "Eu estou abrindo mão de um espetáculo que eu adoro e de um cachê considerável para conviver com pessoas de quem eu nunca quis estar longe", afirma o ator.

Jackson carrega em sua carreira o legado de poetas de rua itabunenses. "É uma característica bem marcante aqui da região grapiúna atores recitarem poemas e também poetas que recitam suas obras", declara o ator, que aponta a influência de poetas locais sobre atores grapiúnas que são referências para a sua carreira.

Ele considera que artistas da região grapiúna tem um modo particular de recitar poemas. "Não há um modo único de declamar, mas aqui tem menos aquela cantilena, o poema é mais falado mesmo", diz ele, que apresenta em Salvador, de 25 a 27 de abril, o Sarau do Poeta.

No espetáculo de uma hora e meio, na Caixa Cultural (Rua Carlos Gomes), Jackson recita poemas de Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e João Cabral de Melo Neto, além dos baianos Castro Alves e Gregório de Mattos, incluindo poetas da região de Itabuna. "O sarau não deixa de ser uma homenagem aos artistas daqui, como José Delmo, Ramón Vane (ator e poeta morto em 2017) e Firmino Rocha, que eu não conheci pessoalmente", conta.

Jackson, inclusive, musicou com Carlinhos Brown e Thiago Nogueira o poema Prosoema pra ocê ará, de Ramón Vane, que virou uma canção gravada pela Timbalada. Já Firmino Rocha, morto em 1971, entrou para o imaginário itabunense como o poeta que andava pelas ruas da cidade vestido de preto, com cravo na lapela, declamando. "Tem um poema dele chamado Deram um fuzil ao menino que está numa placa de bronze na sede da ONU. É um poema contra todo tipo de guerra", diz Jackson.

Foi a partir dos poetas locais que Jackson se aproximou de artistas de fora da região, como o ator Mário Gusmão, primeiro negro a se formar na Escola de Teatro da Ufba e um dos propulsores do movimento negro em Ihéus e Itabuna, quando morou por lá na década de 80. "Foi com Mário Gusmão que eu comecei a fazer teatro. Ele despertou vários movimentos por aqui, no teatro, na dança e na música", conta o ator.

Uma curiosidade engraçada sobre o Sarau do Poeta é que ao ver o espetáculo em Salvador, o dramaturgo paulistano Celso Nunes, pai do ator Gabriel Braga Nunes, foi ao camarim conversar com Jackson e pontuou que o espetáculo vai de Elomar a Dorival Caymmi, em alusão aos universos sertanejo e praieiro do sarau. A expressão acabou sendo usada no material de divulgação do sarau e provocou uma confusão. "Quando a gente foi fazer em Brasília, o Ecade quis cobrar R$ 9 mil em direitos autorais porque, na visão deles, a gente cantava Elomar e Caymmi. Tivemos que enviar uma carta explicando", conta Jackson.

Uma das referências de Jackson Costa é o ator, poeta e artista plástico grapiúna José Delmo, cofundador do grupo cultural Macuco, formado em Buerarema no final da década de 1970, do qual Costa fez parte. O nome do grupo era uma referência a uma ave que habita boa parte da Mata Atlântica, incluindo a região cacaueira. "Nós fazíamos performances e teatro de rua. Jackson se encaixou bem no formato, adorou e foi contaminado para sempre", conta Delmo.

Até hoje, durante suas estadias em Itabuna, Costa frequentemente atua no palco com o amigo. O ator, que na TV ficou famoso nacionalmente como o Padre Lívio, na versão original de Renascer, em 1993, também costuma recitar trabalhos de Delmo em suas apresentações. "Eu fico muito feliz quando me contam que ele leu um poema meu, no palco ou em um bar. Ele é um dos nossos grandes divulgadores", declara Delmo.

O amigo grapiúna, aliás, cobre o ator de elogios. "Jackson é uma graça divina, uma graça intelectual. Um grande ator, que adora poesia", afirma Delmo.

Jackson está em diversas frentes. Além de Los Catredásticos, o ator tem viajado pelo país no elenco do musical Viva o Povo Brasileiro, dirigiu na semana passada em Salvador o show da cantora Raquel Lessa. Amanhã, ele está de volta à capital para retomar sua agenda de trabalho por aqui.

SERVIÇO:

[Espetáculo] “Sarau do Poeta”

Local: CAIXA Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, nº 57, Centro - Salvador)

Data: Sexta-feira (25) e sábado (26), às 20h | Domingo (27), às 19h

Ingressos: Gratuitos, com retirada no site da CAIXA Cultural, a partir de 12h do dia 22/04.

Classificação: Livre

Informações: Site Caixa Cultural | Instagram: @caixaculturalsalvador | (71) 3421-4200

Acesso para pessoas com deficiência

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