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04/09/2022 às 6:00 • Atualizada em 04/09/2022 às 11:21 - há XX semanas | Autor: Vinícius Marques

MUITO

Neojiba celebra Bicentenário da Independência do Brasil com turnê

Estreia acontece no dia 7 de setembro, no Teatro Castro Alves

O flautista Lucas Caetano integra o Neojiba desde a fundação;   Mariana Herwans toca oboé: juntos na Orquestra
O flautista Lucas Caetano integra o Neojiba desde a fundação; Mariana Herwans toca oboé: juntos na Orquestra -

Quando era criança, Raysson Lima lembra que não tinha muitos brinquedos infantis. Seus brinquedos, na verdade, eram os instrumentos que o pai – o músico, cantor, capoeirista e compositor Tonho Matéria – tinha em casa. Inclusive, a primeira memória de um brinquedo infantil que ganhou é a de um dinossauro com teclado musical. O caminho para a música era, portanto, óbvio. Hoje, percussionista e capoeirista, Raysson é um dos solistas da oitava turnê internacional do Neojiba, que comemora o Bicentenário da Independência do Brasil.

Chamada de Turnê da Independência, a estreia será em Salvador, no próximo dia 7, às 19h, no Teatro Castro Alves (TCA), com ingressos custando R$ 4 (inteira) e 2 (meia), e segue viagem para seis países europeus: Itália, Dinamarca, Bélgica, Holanda, França e Portugal, – o último, inclusive, já com ingressos esgotados. No total, serão nove apresentações realizadas.

O papel de Raysson nessa turnê é importante não só para ele, mas para o próprio Neojiba e, possivelmente, para a música de concerto em geral. Isso porque o destaque será dado para uma peça concertante para berimbau, percussão e orquestra, encomendada pelo Neojiba com o objetivo de fazer com que o berimbau seja o instrumento principal da apresentação.

“Você nunca vê um percussionista sendo solista, sempre é uma pessoa que toca violino, uma pessoa que toca piano. Não sei explicar, é fantástico”, conta Raysson, tentando compreender a dimensão desse acontecimento. O jovem de 18 anos acompanha o Neojiba desde os 9, quando entrou para a Orquestra Pedagógica Experimental, um dos vários núcleos da orquestra.

Para ele, uma criança que já se movia através de tambor e da música popular, conhecer a música de concerto foi uma verdadeira revolução. “É uma orquestra de jovens, quase adultos, que tocam músicas eruditas, clássicas, mas que também tocam músicas populares. Tudo isso, para o público de Salvador, é fantástico, e foi o que me chamou atenção”, lembra.

Da Orquestra Pedagógica Experimental, Raysson migrou para a Orquestra Castro Alves, em 2017, e no ano seguinte já estava na Orquestra 2 de Julho, a principal do Neojiba. “Esse é o sonho de toda criança dos outros núcleos”, diz Raysson.

A primeira apresentação dele ao lado da Orquestra 2 de Julho foi no aniversário de 10 anos do Neojiba. “Fiz dois concertos, um no TCA e outro na Concha Acústica, que estava extremamente lotada. Não dava para diferenciar quem era público e músicos, porque também tinha muito músico. Foi uma experiência linda. Chorei muito porque ali foi, para mim, como se fosse a vitória de um tempo”, afirma.

Em 2018, ele esteve na sétima turnê internacional do Neojiba, viajando para Suíça, Itália e França. Depois, Raysson integrou o grupo Timbalada e atualmente faz parte da banda de Ivete Sangalo e Carlinhos Brown, onde acompanha o músico pelo Brasil e mundo, além de estar se preparando para a nova turnê com a Orquestra 2 de Julho, claro.

A peça concertante Kamarámusik, que será apresentada por Raysson na Turnê da Independência, foi composta pelo baiano Jamberê Cerqueira, vencedor do concurso promovido pelo Neojiba, que convocou compositores baianos para a criação de repertório para o berimbau. Esta peça, inclusive, só existe por conta de Raysson.

Segundo o diretor musical do Neojiba, Eduardo Torres, após o percussionista fazer uma apresentação em um grupo pequeno de câmara, o diretor geral do Neojiba, Ricardo Castro, pediu para ouvir o que já tinha sido escrito em formação de berimbau solo em orquestra, mas nada encontraram. Diante disso, montaram este concurso que ficou aberto por cinco meses.

No final, convidaram LL Moura, professor de composição na Universidade Federal da Paraíba; Wellington Gomes, professor de composição da Universidade Federal da Bahia (Ufba); e o próprio Ricardo Castro, para formarem a banca julgadora. Terminou com Jamberê ganhando.

“Jamberê é daqui do Neojiba. Além de ser compositor e arranjador, ele é tubista. Ele está conosco há muito tempo e foi ele o autor do arranjo de Tico-Tico no Fubá, uma coisa extraordinária que, em pouquíssimo tempo, em 2020, durante a pandemia, teve milhões e milhões de visualizações no mundo inteiro”, conta Torres.

Jamberê é bacharel em Composição pela Escola de Música da Ufba e, atualmente, é um dos coordenadores pedagógicos do Neojiba, onde é membro desde a sua fundação, em 2007. Lá, atua como compositor, arranjador e professor de tuba, bombardino e teoria musical. Para o Neojiba, Jamberê já produziu outras composições, a exemplo de Mestre das Filarmônicas, em 2015, e Festa do Largo, em 2017.

Kamarámusik se junta a essas outras duas obras formando uma trilogia, que segundo Jamberê seria a Trilogia Espiritual do Recôncavo Baiano. “Essa temática da Bahia, de música brasileira, sempre me atraiu. Kamarámusik linka com essas duas obras para orquestra, uma que trata do interior da Bahia, da realidade das filarmônicas da Bahia, e a outra que tem essa visão mais das festas populares, as festas de largo, que têm essa mistura do que seria o profano, sagrado e o erudito”, explica.

Desafio

Para o compositor, escrever essa peça concertante foi um verdadeiro desafio. Primeiro, por ele não ser percussionista, já que geralmente os compositores têm uma facilidade com seus instrumentos de origem. Então, o primeiro passo foi comprar um berimbau. “Pedi para o pai de um aluno fabricar para mim, ele é mestre de capoeira da cidade de Serrinha, Mestre Gival. Ele fabricou e foi essencial para poder experimentar porque compor às cegas é muito difícil”, conta Jamberê.

De acordo com Torres, essa peça fala um pouco da história do berimbau, mas também de uma maneira amalgamada com a própria história do Neojiba e a história de Raysson enquanto integrante do núcleo, reforçando o principal lema da instituição: Aprende quem ensina.

“Tem uma determinada hora que o solista principal canta uma ladainha, típica de roda de capoeira. Nessa ladainha, ele vai explicando a história da capoeira, do berimbau, e se for ver bem essa história também é, digamos assim, a história do Neojiba e a história de Raysson também”, detalha.

O regente Ricardo Castro, diretor geral do Neojiba, afirma que essa turnê estava programada para acontecer em 2020, mas por conta da pandemia da Covid-19, os planos foram adiados. E agora que as salas de concerto estão abertas novamente, aproveitaram justamente os 200 anos da Independência do Brasil para fazer essa turnê temática.

“Levaremos 120 pessoas de Salvador, integrantes do Neojiba, para realizar esses concertos em algumas das melhores salas do mundo. Com certeza, de longe, é o evento mais importante de um grupo de música erudita brasileiro no exterior neste ano do Bicentenário”, afirma Ricardo Castro.

Para o regente, é de suma importância mostrar o potencial do músico baiano, da cultura local, e, nesta ocasião, mostrar também a força de um instrumento emblemático para nossa história. “Estamos, inclusive, convidando todos os mestres de capoeira da Bahia para assistir o concerto aqui em Salvador, e com certeza teremos a presença de mestres de capoeira no exterior também, porque sabemos que é uma arte que é bem difundida no exterior, tem muito brasileiro ensinando capoeira, e esperamos a presença deles nas salas da Europa”, deseja.

Já Eduardo Torres destaca a importância de levar esses jovens para tocar no exterior, que, em muitos casos, têm na ocasião a primeira oportunidade de uma viagem internacional. Para ele, isso é um grande estímulo para todos. Para os jovens saírem multiplicadores, incentivando a disciplina, constância, organização, bons hábitos, e também, claro, representar o Brasil e a Bahia.

Primeira vez

Entre esses jovens que saem do país pela primeira vez, está Esdras Salatiel, de 14 anos. Estudante do primeiro ano do ensino médio, ele toca contrabaixo há oito anos no Neojiba. Para ele, a ficha ainda está caindo. “Espero que seja bem legal e que dê para curtir bastante”, diz o jovem. “Eu não estava acreditando muito que iria passar na audição, mas quando vi meu nome na lista foi bastante alegria”.

Ele revela que, nos últimos dias, os ensaios foram intensificados e agora estão tendo aulas com professores que vieram de Genebra, dando destaque para o aprendizado sobre musicalidade, que segundo ele não é só aprender a tocar música, mas também sentir a música: "Estamos colocando isso em prática, para que a gente possa levar o melhor do Brasil para outros países”.

A violinista Emily Bispo, de 19 anos, também destaca a ansiedade para a primeira apresentação com o aumento dos ensaios. De acordo com ela, aumentaram uma hora de ensaio, indo de três para quatro horas diárias. “A gente precisa se esforçar. Está sendo puxado, bem puxado. Para nós, músicos, é estressante, porém a gente sabe que é necessário. Acho que só vai cair a ficha quando estivermos lá”, conta.

Ela viaja ao lado do irmão, Isaque Bispo, de 17 anos, que também toca violino. Eles entraram no Neojiba em 2017 e estiveram juntos na turnê de 2018. “A expectativa é que agora seja bom ao nível de podermos voltar outra vez, é o que a gente sempre espera”, deseja Emily.

Palcos

A graduanda em Música pela Ufba, Mariana Herwans, de 24 anos, também integrante da Orquestra 2 de Julho, está no núcleo há mais tempo, desde 2011. Assim como Emily e Isaque, ela também integrou o grupo que participou da turnê de 2018 e que se prepara para viajar novamente neste ano.

“Vamos tocar nos melhores e maiores palcos de concerto de orquestra, onde as melhores orquestras do mundo já pisaram. Somos a única orquestra jovem que vai estar representando o Brasil nesse período”, elenca Mariana. “É uma experiência e emoção muito grande”.

Mariana estará acompanhada do namorado, Lucas Caetano, que é membro do Neojiba desde a fundação. Ela tocando oboé e ele flauta. O casal se conheceu primeiro na orquestra, mas só começaram a namorar mesmo quando se aproximaram na faculdade de Música.

“A gente pegou uma matéria juntos e aí tivemos que nos falar para organizar as coisas, então percebemos que temos muito em comum e aqui estamos”, conta Mariana, lembrando que só demoraram a se aproximar por conta da timidez de ambos.

Ela destaca que agora se passaram quatro anos desde a última turnê e da primeira experiência fora do país, assim, acredita estar ainda mais madura e acha que vão representar o que têm estudado em todos esses anos de música. Lucas também, ela ressalta. “Ele é bem parecido comigo nesse aspecto de trabalho, responsabilidade e estaremos lá exatamente para isso”, afirma.

No repertório da turnê, estão presentes várias facetas da música brasileira. Será apresentado o hino da independência de Dom Pedro I, passando pelo romantismo, com Carlos Gomes, Villa Lobos e chegando a Jamberê. Há ainda uma peça de Beethoven, conversando com essa temática da independência, se referindo a Imperatriz Leopoldina, que era austríaca, viveu em Viena na mesma época que Beethoven, assistiu as apresentações do músico e chegaram até a ser apresentados um ao outro, como destaca o diretor musical do Neojiba.

“Como parte temática, tem a questão que a gente está iniciando em Salvador e terminando em Lisboa, dois pontos, Salvador-Lisboa. Tudo é temático, o programa todo foi pensado nisso, sempre há uma referência ao tema do Brasil e a única exceção estamos nos referindo a Imperatriz Leopoldina”, pontua Eduardo Torres.

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