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07/09/2020 às 9:37 - há XX semanas | Autor: Adriano Motta

MUITO

Novos contornos no trap com artistas e produtores baianos

Alexandre Guyana e Luis Gabriel, do perfil Trap Baiano | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
Alexandre Guyana e Luis Gabriel, do perfil Trap Baiano | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE -

Nos dias de hoje, o rap já é um gênero amplamente estabelecido. Diante dos muitos artistas que surgiram desde sua criação, nas ruas de Kingston, capital da Jamaica, nos anos 1960, o gênero conseguiu fazer o caminho para a glória. Sua explosão no fim dos anos 1990 também deu margem a diversos subgêneros. Um deles conseguiu se encaixar incrivelmente bem nesses tempos de redes sociais, emplacando muitos sucessos mundo afora: o trap.

Nascido nos subúrbios de Atlanta (EUA), surge num contexto de repressão policial e remoção de parte da população de suas casas devido aos jogos olímpicos de 1996, que ocorreram na cidade.

Expulsas dos seus lares, essas pessoas formaram as Trap Houses, lugares que serviam como ponto de venda e uso de drogas e também espaços onde artistas iam para experimentar sons novos. É desse caldeirão de desigualdades e opressões que surge o trap.

Entre as características principais da música é possível destacar beats mais agressivos, camadas instrumentais e, além da influência embrionária do rap, a ascendência da música eletrônica.

Começou a ganhar mais visibilidade a partir de 2011 e hoje faz sucesso especialmente entre o público mais jovem. Talvez pelo som mais dançante e menos comprometido com suas mensagens que o rap. E houve um aumento de 61% no número de ouvintes do trap no Spotify nos últimos quatro anos.

Beats

No Brasil, o trap chegou aproximadamente em 2013, a partir de São Paulo, e foi se espalhando pelo país. Um ano depois, os beats do trap chegaram à Bahia. Felipe Santos, conhecido como Pivete Nobre, hoje com 26 anos, foi um dos primeiros a apostar no trap. Ele fazia parte do Saca Só, um grupo de rappers, quando acabou conhecendo o trap pela internet.

“Comecei a me ver naquilo que eles estavam falando porque eu tava vivendo aquilo. Passei praticamente 2014 só ouvindo trap”, lembra. Migrou do rap para o trap junto com o próprio Saca Só. “Foi a melhor decisão que tomei. Pra mim, o trap não é só música, é uma filosofia de vida, ser direto e verdadeiro sempre”, afirma.

A partir daí, foi lançando seu som. Sua primeira produção, Família, fez sucesso. Conta com mais de 200 mil visualizações no YouTube e contém os elementos que Felipe coloca como fundamentais no gênero. “É muito sobre a agressividade, o trap é algo direto e reto. É um som mais agressivo, assim como a letra, diferente do rap”.

Assim que chegou ao país, o trap absorveu partes dos ritmos nacionais. É bem comum ouvir traps misturados com o funk, até mesmo com o pagode, e há várias semelhanças entre eles.

Além de virem dos guetos, com batidas fortes e marcantes, podem ser produzidos por qualquer um. Há diversos aplicativos e sites que permitem montar seu próprio trap, tal qual o funk. Essa mistura também marca presença por aqui.

Um dos principais nomes nessa vertente é Anderson Dantas, conhecido como MC Zidane, de 24 anos. Ele também apostou cedo no trap. Começou a ouvir ainda em 2012 e, poucos anos depois, lançou sua primeira música no estilo. De acordo com ele, as pessoas não acreditavam muito naquele som.

“O pessoal pensava que tava fazendo rap ostentação, achava que não ia dar em nada, mas eu sentia que seria o som do futuro”, afirma. Sua aposta foi bastante certeira. Apesar da pouca idade, já lançou mais de 10 álbuns, além de ter gravado Rrari, em novembro passado, com Raffa Moreira, um dos nomes mais famosos do trap nacional.

Deu tão certo que, para ele, as diferenças entre rap e trap estão cada vez menos presentes. “Hoje a principal diferença entre eles é ideológica. Embora ainda tenha, o trap perdeu parte da aura antissistema existente no rap. O trap dá mais liberdade pra fugir disso. E praticamente todo mundo que fazia rap hoje está no trap”, conta.

A seu ver, uma das coisas mais importantes do trap vem desse poder de mistura que o gênero permite. Já lançou pagotrap, afrotrap, funktrap. E vê com otimismo o cenário do trap por aqui.

Autenticidade

As festas de trap estão mais na região do Rio Vermelho e do centro da cidade. Bairros mais periféricos, como Cajazeiras, São Caetano e Liberdade têm crescido como pontos do trap baiano, não só em termos de festas mas também de artistas surgidos dessas regiões. Caso do próprio Pivete Nobre, vindo de Cajazeiras. “O som aqui tem muita autenticidade, é algo bastante efervescente”, afirma.

Uma das provas de crescimento do trap pode ser vista pelo perfil Trap Baiano, que conta com mais de 100 mil seguidores no Instagram. Criado em 2018, é um dos principais canais do subgênero aqui na Bahia e acompanhou a ascensão no estado.

Um dos administradores, Alexandre Guyana, viu de perto isso e lembra que a própria página é exemplo do bom momento do trap no estado. “A galera respeita muito nosso corre. A gente coloca as vigas para ajudar o trap”, afirma.

Uma das coisas em que bate na tecla é o poder que o trap tem em representar as favelas. “É o que vejo como diferencial no trap daqui em relação aos outros. Colocamos a nossa vivência, o nosso jeito nas músicas. Em outros estados é mais nítida uma americanização”, diz.

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