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14/03/2022 às 6:00 - há XX semanas | Autor: Gilson Jorge

NA AVENIDA SETE

Núcleo de Ópera da Bahia estreia espetáculo em colégio

A ópera 'A Flauta Mágica' acontece em julho deste ano, em auditório para 500 pessoas

A diretora artística do NOB, Graça Reis
A diretora artística do NOB, Graça Reis -

Pontual como as badaladas do sino de uma igreja católica, a pequena algazarra de crianças e adolescentes às 11h30 de uma quinta-feira marca o fim do turno da manhã no Colégio Nossa Senhora das Mercês, na Avenida Sete, e empresta momentaneamente um colorido aos altos muros cinzentos do prédio que começou a ser construído em 1735, como sede de um convento.

No primeiro portão da esquerda para a direita, meninas e meninos com uniformes alviverdes se dirigem para a rua, os mais novos recebidos por parentes. No segundo portão, as crianças usam azul e branco e são alunas de da Escola Municipal Santa Ângela das Mercês, que usa parte da vasta estrutura do prédio quase tricentenário, de 14.293,84 metros quadrados.

No terceiro portão, o menor de todos, que fica depois de uma banca de revistas, a diretora artística do Núcleo de Ópera da Bahia (NOB), Graça Reis, aguarda sozinha a equipe de reportagem para mostrar uma outra parte do colégio: o auditório, com capacidade para 500 pessoas, onde vai estrear em julho deste ano o novo espetáculo do núcleo, a ópera A Flauta Mágica, do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, o gênio da música nascido 21 anos depois da fundação do convento baiano.

Graça está exultante. Moradora do Centro, nunca tinha pensado que as soluções para as demandas do NOB pudessem estar tão perto de sua residência, do outro lado das paredes de uma instituição religiosa. A ideia de usar as dependências do colégio para ensaiar surgiu em janeiro deste ano, quando o núcleo se preparava para viajar a Belém, onde apresentaria o espetáculo A Ópera dos Terreiros, na abertura do XXI Festival de Ópera do tradicional Theatro da Paz. Quando surgiu a necessidade de um lugar para ensaiar, uma integrante do coral que tinha estudado no colégio lembrou das instalações.

A conversa com a direção da escola evoluiu e o que era para ser um local de ensaio temporário passa a abrigar a partir deste ano as montagens produzidas pela companhia fundada, em 2016, por Graça e pelo regente Aldo Brizzi.

Chaves

Esta semana, Graça recebeu A TARDE para mostrar o projeto. Após uma caminhada por longos corredores escuros e silenciosos, e uma breve espera na recepção, que fica ao lado de um pátio com um jardim, Irmã Catarina, da congregação religiosa, chega com uma penca de chaves na mão direita para iniciar o breve tour.

Primeiro, a capela de dois andares com um órgão, onde desde o início da pandemia rezam-se missas para as dez integrantes da congregação, e mais adiante o auditório. Antes da entrada, quem conhece a vizinhança avista no alto um prédio residencial do Politeama, vizinho ao Túnel das Mercês. A proximidade do tráfego de automóveis não incomoda Graça: “Já fizemos o teste e o barulho não chega até aqui “.

Graça prevê intervenções pontuais, como mudança da iluminação, alterações na decoração e a instalação de equipamentos cênicos. A placa eletrônica onde se mostra ao público a letra da ópera nem seria necessária em um primeiro momento, por se tratar de uma montagem em português, mas vai estar lá. "É uma exigência da Lei Rouanet", explica Graça.

Agregar valores

A diretora do Colégio Nossa Senhora das Mercês, Irmã Elza, afirma que a parceria com o Núcleo de Ópera da Bahia é um diferencial na história da Instituição. "A comunidade educativa do Colégio Mercês acredita que a arte e, neste caso específico, a música, poderá agregar diversos valores na formação cultural dos alunos, bem como a todos envolvidos no projeto do núcleo de Ópera", diz a religiosa.

Uma das mais tradicionais instituições de ensino de Salvador, o Colégio das Mercês passou a existir como escola aberta à população em 1897. Três anos depois, o colégio integraria a recém-fundada União Romana da Ordem de Santa Úrsula, com sede na capital italiana, que reúne as comunidades ursulinas em todo o mundo.

O histórico da instituição explica as nomenclaturas que envolvem o colégio. Foi em homenagem à padroeira da congregação que a noviça soteropolitana que fundou o convento, nascida em 1700, foi batizada de Úrsula Luíza. A Companhia de Santa Úrsula, por sua vez, foi fundada em 1535 por Santa Ângela Méreci, que dá nome à escola municipal que funciona no mesmo prédio.

Um dado importante é que, em 1913, o portal do convento das Mercês foi destruído para a construção da Avenida Sete, inaugurada em 1916 para conectar o Distrito da Vitória com o Centro Histórico de Salvador, onde se construiu em 1812 o Teatro de São João, na atual Praça Castro Alves, a primeira casa de ópera do Brasil, que foi demolido em 1923 após um incêndio.

Agora, o colégio busca, por vontade própria, tornar-se um fator de conexão com a vida cultural da cidade. O processo para que, eventualmente, o auditório das Mercês no futuro se transforme, de fato, em um teatro aberto ao público, depende da aprovação de um plano de emergência de incêndio e pânico pelo Corpo de bombeiros.

A aposta de ambos lados, NOB e direção da escola, é aproveitar o espaço que nos últimos anos vem sendo utilizado para formaturas e outros eventos sociais da comunidade em um novo centro cultural, inicialmente exclusivo para a ópera. A partir de julho, o colégio passa a receber adultos no período da noite não para recolher alunos ou fazer cursos supletivos. Mas para ajudar a transformar um tradicional endereço de ensino em uma referência para a ópera. Tem muita gente rezando para dar certo.

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